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Jornalismo digital começa a “povoar” desertos de notícias no Brasil

Marco Zero Conteúdo / 02/02/2021

Crédito: Pxhere.com

Aproximadamente 34 milhões de brasileiros não têm acesso a qualquer informação jornalística sobre o lugar onde vivem. Eles fazem parte da população de 3.280 municípios que são considerados desertos de notícias. Seis em cada dez municípios no Brasil estão nessa situação. O dado é parte dos resultados obtidos na quarta edição do Atlas da Notícia,iniciativa anual do Projor patrocinada desde 2018 pelo ​Facebook Journalism Project​ (FJP) e o maior e mais completo levantamento sobre a presença do jornalismo local no país.

Realizada em parceria institucional com a ​Abraji​ e ​Intercom​, a quarta edição contou com a colaboração de 219 voluntários de 74 organizações, como escolas de jornalismo. O relatório detalhado da pesquisa será divulgado nesta quarta-feira, 3 de fevereiro, pelo ​Observatório da Imprensa.

A nova edição inclui um pacote de dados na linguagem R que visa facilitar o acesso aos dados por parte de pesquisadores, jornalistas e programadores. O front de pesquisa, análise e mapeamento do Atlas está a cargo da agência ​Volt Data Lab​, liderada pelo jornalista Sérgio Spagnuolo. Já a coordenação da equipe de pesquisadores e da redação dos resultados da pesquisa é de responsabilidade do jornalista Sérgio Lüdtke.

O Atlas da Notícia mapeou 13.092 veículos jornalísticos em atividade em 2020. O levantamento também apontou o fechamento de 272 veículos e incorporou à base 1.170 novos veículos nativos digitais, a maior parte deles na região nordeste do país. O registro desses novos meios digitais levou à redução do número de desertos em cerca de 5,9% em relação à terceira edição da pesquisa.

Outros 113 municípios passaram a fazer parte da lista de quase desertos de notícias,municípios que contam com apenas um ou dois veículos de comunicação local. Esses quase desertos são habitados por 28,9 milhões de brasileiros. Segundo o levantamento,1.187 municípios estão nessa condição, o que representa dois em cada dez municípios do país.

Os estados do Tocantins e Rio Grande do Norte têm a maior incidência de desertos da notícia. Apenas dois em cada dez municípios contam com algum meio de comunicação com produção de notícias locais.

Censo

“O Atlas da Notícia é uma espécie de censo da imprensa local brasileira”, diz Francisco Belda, presidente do Projor. “Além do mapeamento geográfico, a pesquisa gera também dados importantes como o tipo de conteúdo publicado e o fechamento de veículos. São informações essenciais para iniciativas focadas no aprimoramento do jornalismo local brasileiro.”

“Como em qualquer ‘censo’, os dados precisam de tempo e de constante atualização para começar a refletir mudanças importantes,” diz Sérgio Spagnuolo. “Em levantamentos anteriores, os dados mostravam o impresso ainda muito presente. Agora, com a ampliação das nossas bases e aprofundamento da pesquisa,conseguimos ver a expansão do jornalismo online.”

“Nesta quarta edição, dividimos nossos esforços em duas frentes”, diz Sérgio Lüdtke,coordenador da equipe de pesquisadores. “Por um lado, procuramos qualificar a base do Atlas, atualizando e agregando mais informações aos veículos que já constavam dela. E, por outro lado, nos focamos nas áreas que apareciam como desertos nas pesquisas anteriores”. Para isso, os pesquisadores usaram softwares como CrowdTangle para identificar novos veículos e os colaboradores passaram a coletar também dados de outros estados”.

“O Facebook está comprometido em criar parcerias e investir no ecossistema de notícias locais para apoiar a imprensa em toda a região. Desde 2018, patrocinamos o Atlas da Notícia com o objetivo de colaborar com a indústria de notícias para entender suas necessidades e trazer recursos relevantes aos veículos e às suas comunidades.” afirma a gerente de Programas para Veículos de Notícias da América Latina do Facebook, Dulce Ramos. Realizada localmente nas cinco regiões brasileiras, a pesquisa do Atlas conta com os seguintes pesquisadores regionais: Angela Werdemberg (Centro-Oeste), Dubes Sônego (Sudeste), Jéssica Botelho (Norte), Marcelo Fontoura (Sul) e Mariama Correia (Nordeste), ex-repórter da Marco Zero Conteúdo.

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Marco Zero Conteúdo

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