Por Géssica Amorim
O aboio é um canto melancólico, típico do interior do Nordeste. Com suas roupas de couro, os vaqueiros “aboiam” para conduzir o gado, criado na caatinga, sem confinamento em currais.
Foto: Flávio Eiró/Flickr
Até há pouco tempo, o aboio era cantado apenas por vozes masculinas. Eram poucas as mulheres no pastoreio ou participando de vaquejadas, onde versos de improviso são introduzidos no canto tradicional.
Foto: Géssica Amorim/MZ
Lucivânia Aparecida Lopes Porfírio da Silva é uma raridade, uma exceção no sertão nordestino. Filha e neta de vaqueiros, desde os oito anos ela já se interessava por vaquejada e pegas de boi.
Foto: Géssica Amorim/MZ
Aos 12 anos, a menina é convidada para cantar aboio, improvisando versos, nas vaquejadas e festas populares da região. Aluna do ensino fundamental, ela sonha em aboiar para públicos maiores.
Vídeo: Géssica Amorim/MZ
“Eu fico meio tímida. Na primeira vez que eu fui cantar pra mais gente, eu entrei tremendo. É difícil, mas vai ficando tranquilo. Depois, é uma sensação que eu não consigo explicar. É muito bom”.
Foto: Géssica Amorim/MZ
As dificuldades para lidar com a terra em tempos de estiagem, a devoção aos santos protetores do lugar, e o trato com o gado teimoso e bravo são temas frequentes na poesia de Lucivânia Aparecida.
Vídeo: Géssica Amorim/MZ
O machismo do ambiente da pecuária extensiva do sertão e de eventos como as vaquejadas não assusta a menina nem seu pai e sua mãe, que estão sempre apoiando o interesse da filha.
Foto: Géssica Amorim/MZ
A mãe da menina, a agricultora Luzia Edivânia, diz que “a gente a incentiva muito. Às vezes, ela quer desistir, mas a gente sempre dá um jeito de animá-la. Ela gosta e tem talento para aboiar”.
Foto: Géssica Amorim/MZ
O apego à tradição não a impedem de conectar-se ao mundo digital. Além de improvisar, ela memoriza facilmente as toadas que escuta na internet. Nas redes sociais, ela grava e posta seus próprios vídeos.
Foto: Géssica Amorim/MZ
Gosta do nosso conteúdo? Fortaleça o jornalismo que te representa.