Fraternidade, esperança e miséria debaixo da ponte

Por Inácio França

Foto: Arnaldo Sete/MZ

Carlos Antônio Bezerra dos Santos não tem endereço. Há quase 30 anos ele mora debaixo das pontes do centro do Recife e sua lista de bens se resume a alguns bens velhos ou quebrados.

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Até a rede e o barco que lhe garantem a sobrevivência são emprestados.

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Aos 62 anos, o pescador não tem sonhos de consumo ou de possuir patrimônio. Tudo o que ele quer encontrar maneiras de melhorar a vida dos quase 50 pescadores que convivem sob a ponte do Limoeiro.

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Carlos é o único pescador que realmente mora ali, numa espécie de palafita de madeira que ele mesmo construiu e cujo teto é a ponte.  “Não é questão de preferência, não, é necessidade”, ele diz.

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“Como eu vivo de pescaria, melhor ficar perto do rio, perto do mar, melhor do que uma favela longe de onde eu tiro o sustento”, explica o pescador.

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O estuário do rio Capibaribe lhe fornece alimento, mas, ao menos duas vezes por ano, o rio dá medo. As marés são tão altas que a linha d’água fica a um palmo de sua cama.

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“Eu era segurança de posto de gasolina, mas sempre gostei mesmo foi de pescar. Pedi demissão, me separei e fui pra debaixo da ponte”. É assim que Carlos resume sua vida.

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Mas o que o levou para debaixo da ponte não foi a profissão. Foi o alcoolismo: “Quando bebia era muito violento. Quando fiquei sozinho, pronto, aí eu bebia direto mesmo”.

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Ele parou de beber para “tentar conseguir alguma coisa, porque já tô na velhice”. Seus projetos são modestos e têm como único objetivo ajudar os colegas que deixam redes e motores sob seus cuidados.

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Desejo nº 1: Freezer usado - “Se conseguisse um freezer velho, usado o pessoal daqui guardar os peixes, porque sem freezer, os pescadores têm que vender o pescado no mesmo dia e por qualquer preço”.

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Desejo nº 2 – Ajuda da prefeitura do Recife: sua proposta é que a prefeitura deixe de gastar dinheiro com uma barca que recolhe lixo do rio e pague os pescadores para fazer esse serviço.

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“A gente ia tirar bem mais lixo do que a barca. Tem dia que vêm mais de 300 quilos na rede. Tem dia que a gente não pega nenhum peixe, mas pega muita porcaria”.

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Carlos acredita que, se sua ideia fosse aceita e a prefeitura ao menos os gastos com gasolina, os pescadores teriam como sobreviver durante os meses do ano em que não se pega nada do rio ou no mangue.

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