por Victor Moura
No final de maio, quando as chuvas mataram 130 pessoas em Pernambuco, o repórter Victor Moura pegou a bicicleta e uma capa azul e começou a percorrer o litoral da Região Metropolitana do Recife.
Imagem: Inês Campleo/MZ
Enquanto portais, rádios e TVs enviavam equipes para cobrir deslizamentos de barreiras e enchentes, Moura queria saber a situação das praias mais atingidas pela erosão costeira pelo avanço do mar.
Imagem: Victor Moura
A curiosidade do repórter é justificada: Recife é a cidade mais vulnerável do Brasil ao aumento do nível do mar. A 16° do mundo.
Imagem: Dating Jungle/Unsplash
Ao todo, Moura percorreu mais de 190 quilômetros pelo litoral pernambucano. Em todas as praias visitadas foi possível perceber o impacto das mudanças climáticas aceleradas pela ação humana.
Na Ilha de Itamaracá, ele encontrou o casal de proprietários do que restou de um dos mais badalados bares da praia do Sossego: o “Bar do Mozão”, hoje reduzido a ruínas.
Imagem: Victor Moura
Praia do Sossego
“Tiramos tudo de última hora, com risco do bar cair por cima da gente”, diz Maria Bethânia, de 52 anos, ao recordar a madrugada chuvosa em que ninguém dormiu.
Imagem: Victor Moura
Em Barra de Jangada, Jaboatão dos Guararapes, 73 quilômetros ao sul, o pescador Ageu mostrou as rachaduras nas construções à beira-rio e restos de muros de antigos imóveis arrasados pelas ondas.
Barra de Jangada
Imagem: Victor Moura
Em Jaboatão, uma obra da prefeitura projeta um futuro sombrio: um calçadão foi construído sobre a faixa de areia retirada do fundo do mar e usada na engorda da praia destruída pela erosão.
Jaboatão dos Guararapes
A estrutura fixa de concreto sobre a areia ainda não estabilizada, onde R$ 41 milhões em recursos federais foram usados na engorda, também pode virar ruínas em poucos anos.
Foto: Prefeitura de Jaboatão de Guararapes
Em Olinda, a Ilha do Maruim é uma rara favela à beira-mar. Lá, já não há palafitas, mas dezenas de famílias vivem em barracos de madeira erguidos junto ao muro de contenção do mar, chamado de paredão.
Imagem: Victor Moura
Ilha do Maruim
“Aqui, a área é dele, do mar. A gente está aqui porque não tem para onde ir. E se o mar vier de uma vez tomar o que é dele?”, questiona Manoel, de 70 anos, que vive há mais de 50 na ilha.
Imagem: Victor Moura
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