Hidroestesia: a tradição de achar água usando gravetos no sertão

Por Géssica Amorim

Hidroestesia é a tradição de achar água debaixo do solo usando gravetos e que segue viva no sertão.

Usando uma forquilha improvisada, em formato de “Y”, retirada de um galho de árvore qualquer, ela caminha por um algum terreno que contenha recursos hídricos.

O propósito é indicar o local exato para a perfuração de um poço artesiano onde, com certeza, há água disponível para produção de alimentos ou consumo humano.

No povoado do Caldeirão, município de Custódia, o agricultor José Armando, de 53 anos, marca poços há mais de dez anos. Descobriu que tinha boa energia para marcar poços por acaso.

“Eu fiz o teste só por brincadeira. Vi um amigo meu fazendo e fui testar também. Aí deu certo, eu fui desenvolvendo e aprimorando. Às vezes, a gente tem a energia boa e não sabe”.

Já faz 23 anos que a agricultora Maria do Socorro Teodoro, 57, é conhecida por ter boa energia para marcar poço. Ela garante nunca ter falhado numa indicação.

O método não é considerado como científico, mas sim como algo artesanal, mas que facilita a vida de agricultores por todo o planeta há milhares de anos.

A agricultora determinou um limite de apenas duas marcações por dia, pelo cansaço que a atividade traz ao corpo e à mente, como também por respeito a um dom que, ela garante, foi Deus quem lhe deu.

No sertão, Socorro Teodoro e José Armando, considerados bruxos ou não, ajudam a levar água para quem precisa. 

São conhecidos em seus povoados como “sabidos”, pessoas que são admiradas por possuírem um “dom” ou uma habilidade que pouca gente tem ou pode desenvolver.

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