Por Inácio França
Foto: Géssica Amorim/MZ
Durante décadas, nas semanas entre o Natal e o Carnaval, principalmente no dia 6 de janeiro, dia de Reis, os grupos de Reisado percorriam os povoados e as cidades do agreste pernambucano.
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Mas essa tradição está praticamente esquecida. Em Caruaru, por exemplo, pouco se sabe sobre os grupos que saíam da zona rural com dezenas de brincantes. Músicos da cidade querem mudar essa história.
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Os pesquisadores contam apenas com a história oral e com a memória do último mestre de Reisado conhecido na cidade: José Pereira de Lira, o Zé Pedrim, de 74 anos, morador da Serra dos Cavalos.
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Zé Pedrim lembra de três grupos de Reisado: os dos mestres Manuel Artur Rodrigues de Lima e Alberto Rodrigues, da Serra dos Cavalos, e do mestre Cícero, do Alto do Moura.
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Cada grupo era formado por 24 pessoas, com mestre, contramestre, rei, rainha, noiva, Mateus e Catirina (personagens também presentes no Boi-bumbá ou Bumba-meu-boi) e cavalo-marinho.
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No Reisado não há um padrão para a quantidade ou características dos personagens. As figuras que frequentemente se repetem entre os brincantes são o rei, o mestre e o contramestre.
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Além dos personagens fantasiados, músicos que acompanham a brincadeira com violões, violas, sanfonas, zabumbas e pandeiros. No grupo do mestre Manoel Artur, Zé Pedrim tocava violão.
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É fácil encontrar o mestre no terreiro de sua casa com o seu violão e um palito de fósforo (que ele usa como palheta). Zé Pedrim passa horas dedilhando e cantando canções que guarda na memória.
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Hoje, jovens músicos articulados por Gabriel Bezerra, de 27 anos, deixaram de lado as lamentações sobre a falta de registros do Reisado e estão coletando informações sobre essa expressão cultural.
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A pesquisa já identificou grupos que ainda estão ativos no agreste e sertão nordestinos.
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Gabriel explica que colhe informações diretamente com os mestres que vai conhecendo. “Procuro aprender as músicas e entender e como voltar a brincar. Busco aprender primeiro ouvindo quem veio antes”.
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