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Mulheres que ocupam

Marco Zero Conteúdo / 09/11/2016

Por Carol Seixas

Apesar de a ocupação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ter como objetivo combater a PEC 55 (antiga 241), muitos assuntos têm sido colocados em pauta nas discussões. Inclusive diversos temas envolvendo o universo feminino. Isso porque grande parcela dos ocupantes e organizadores do movimento é composta por mulheres.

Uma das ocupantes da universidade, que preferiu ter a identidade protegida, comenta sobre a marcante presença feminina nesse ambiente. “Tem uma interferência bem incisiva tanto em termos de organização e praticidade, quanto em termos de atuação. As mulheres do CFCH são articuladas com as mulheres do CAC, do CE e de todas as novas ocupações que se formam”.

Para a estudante, o alto número de mulheres no movimento também tem uma forte influência sobre a maneira de lidar com comportamentos opressores. “Em todo cenário vai ter inúmeras manifestações sexistas, e não se permite que passem despercebidas atitudes assim nesses espaços. Há um confronto, uma desconstrução do machismo”.

As equipes organizam formações, oficinas, debates. Inclusive reuniões só para as mulheres da ocupação (uma delas aconteceu na última segunda-feira): “coloca-se em xeque se elas estão se sentindo confortáveis. É uma reunião de conforto e proteção, de fortalecimento”.

Em alguns desses encontros, ocorrem também aulas de autodefesa. “Até porque o campus é muito aberto, a UFPE não é um lugar muito seguro. E, qualquer coisa que venha a acontecer, nós mulheres somos os primeiros alvos”.

Além dessas atividades, que são exclusivas para as ocupantes, existe também espaço na agenda para o público externo. “A gente sempre tenta formar esse diálogo com a comunidade. Tem programações feministas para a construção desses ideais e formação de identidade. É importante para as mulheres da comunidade perceber o papel da gente aqui no movimento.”

A estudante ainda afirma que esse papel é uma extensão da verdadeira função da mulher na sociedade. “Em relação à perda de direitos e às repressões, somos um dos alvos mais visados. Então temos um papel fundamental de combate. Nós estamos mostrando que estamos dispostas a enfrentar essa luta, mostrando que não há fraqueza em nós”.

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