Apoie o jornalismo independente de Pernambuco

Ajude a MZ com um PIX de qualquer valor para a MZ: chave CNPJ 28.660.021/0001-52

30 de outubro, dia D do antibolsonarismo

Marco Zero Conteúdo / 06/10/2022

Ato contra o presidente Jair Bolsonaro na Conde da Boa Vista. Crédito: MZ Conteúdo

Por Maria Eduarda da Mota Rocha*

Estas eleições vão ser uma disputa de aversões, o antilulismo x o antibolsonarismo. De um lado, uma construção histórica que se alimenta das antipatias de classe dirigidas ao PT desde o seu nascimento, na virada da década de 1980, depois foi cultivada dia a dia pela mídia tradicional e, mais recentemente, pelo lavajatismo.

Por fim, o PT foi colocado no lugar de inimigo imaginário do nacionalismo cristão ultraconservador que tem varrido o mundo e que, no Brasil, sustenta o projeto bolsonarista. Os vídeos disparados pelo whatsapp nas redes cristãs são reveladores: vão da expulsão de freiras da Nicarágua até discursos de Lula em prol da regulação da mídia ou em defesa dos direitos humanos.

Tantas cortinas de fumaça para um governo que como ação sistemática, pelo que lembro, só atuou no armamento da população e no desmatamento da Amazônia.

De outro lado, o antibolsonarismo se nutre do pesadelo vivido nesses quatro anos pela esmagadora maioria da população, seja devido à gestão desastrosa da pandemia, seja por causa de uma política econômica de resultados pífios que levou à queda da renda das classes baixas e médias, seja ainda pelos tantos gestos e falas indignos do presidente. O quanto essas duas repulsas vão pesar na balança? Disto depende o resultado do pleito.

Quero crer que o dia D do antilulismo foi o 2 de outubro, diante da possibilidade real de vitória de Lula no primeiro turno. Isso deu aos seus antipatizantes o senso de urgência que fez o voto em Bolsonaro mais expressivo do que o esperado. Se for assim, é de se esperar que o dia D do antibolsonarismo seja o 30 de outubro, quando o voto em Lula desponta como única barreira à reeleição do atual presidente.

A única ressalva é o efeito de onda que a votação maior de Bolsonaro no último domingo pode provocar. É crucial que os eleitores de Lula funcionem como uma barreira, evitando a naturalização de uma superioridade numérica, ética e pragmática de Bolsonaro que se quer sustentar a partir daquela votação. É Lula quem lidera, não tem comparação o seu compromisso com os valores democráticos e humanistas – inclusive o combate à corrupção, nem a sua competência para administrar o país.

Estancar essa onda é crucial para evitar que arraste os mais suscetíveis ao discurso do “ele pode não ser perfeito, mas é melhor que o PT”, que o próprio Bolsonaro insinuou quando se pronunciou no domingo à noite. Pesquisas apontam que os argumentos que mais funcionam são os de que ele não trabalha e não tem competência para gerir a economia.

Os cortes previstos em áreas como saúde e educação também devem ajudar. O mais importante é baixar a bola e perguntar o que ele fez pela vida de todos nós. Quem sabe, levantar a suspeita de que debaixo das grandes conspirações que estão veiculando não tem nada, nada mesmo, que é o que esse governo tem a apresentar.

* Maria Eduarda da Mota Rocha é jornalista, doutora em Sociologia pela USP. Professora do Departamento de Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPE.

Uma questão importante!

Colocar em prática um projeto jornalístico ousado como esse da cobertura das Eleições 2022 é caro. Precisamos do apoio das nossas leitoras e leitores para realizar tudo que planejamos com um mínimo de tranquilidade. Doe para a Marco Zero. É muito fácil. Você pode acessar nossapágina de doaçãoou, se preferir, usar nossoPIX (CNPJ: 28.660.021/0001-52).

Nessa eleição, apoie o jornalismo que está do seu lado.

AUTOR
Foto Marco Zero Conteúdo
Marco Zero Conteúdo

É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.