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As recomendações para mais um fim de ano de pandemia da covid-19

Maria Carolina Santos / 23/12/2021

Foto: Ricardo Wolffenbüttel / Secom

Nas festas de fim de ano de 2020 a recomendação dos especialistas era para esperar a vacinação, fazer reuniões virtuais ou uma seguir uma série de precauções que incluíam isolamento ou testagem antes dos eventos. Foi um ano duro: a variante Gama mudou os rumos da pandemia no Brasil e foi responsável pela maioria das mais de 620 mil mortes registradas no país. Mas 2021 também trouxe sopros de esperança com o avanço da vacinação e a desaceleração das mortes.

Neste finalzinho do ano, porém, mais incertezas. A variante Ômicron, identificada em novembro, se espalha pelo mundo em uma velocidade sem precedentes e surtos de gripe desafiam uma população já muito cansada da pandemia e das medidas de restrição. Para completar, os governos estaduais estão com flexibilizações já nos últimos estágios e com poucas intenções de apertar a fiscalização. Mas nesse cenário de incertezas, as precauções ainda são necessárias, principalmente com os mais vulneráveis, como doentes crônicos, idosos e imunossuprimidos, e os que ainda não podem se vacinar, como as crianças.

Uma das recomendações para um fim de ano mais seguro que o físico Vitor Mori, que estuda a transmissão do coronavírus, acha mais importante é a de evitar aglomerações de pessoas de cidades diferentes, que vão ter que passar por viagens longas antes dos encontros. “Principalmente pessoas de cidades grandes que viajam para cidades menores nessa época do ano, onde a situação epidemiológica pode ser bem mais tranquila”, disse Mori, em conversa online promovida pelo International Center for Journalists (ICJ).

O que mais preocupa nesse ano é a rápida disseminação da Ômicron. Estudos iniciais apontam que pode não infligir doença mais severa, mas já se sabe que é muito mais transmissível. “Vários aspectos podem tornar uma variante mais transmissível. Ela pode ter mais facilidade de entrar nas nossas células, ou seja, a quantidade de partículas que tem que entrar no nosso corpo para infectá-lo é menor. Uma exposição menor, mais curta, já pode causar uma infecção. Pode ser também que a pessoa infectada emita mais partículas infecciosas. Ou pode ser que a pessoa infectada consiga transmitir por um período maior de tempo”, explica.

“Para a Ômicron, temos dados iniciais que mostram uma maior transmissibilidade. Em termos práticos, o espalhamento é mais rápido. Agora, os mecanismos que levam a isso ainda está sendo estudado”, completa Mori.

Variante dominante no Brasil, a Delta, por exemplo, fica mais estável dentro de aerossóis – partículas microscópicas que ficam suspensas no ar e podem infectar as pessoas. “O vírus não viaja sozinho. Ele viaja envelopado dentro de uma partícula muito pequena de saliva, água ou outros líquidos. A Delta consegue ser mais estável nesse envelope: essa partícula fica infecciosa por mais tempo”, alerta.

A testagem em massa, que nunca foi realmente implantada no Brasil, poderia dar uma tranquilidade a mais nas festas de fim de ano, mas as dificuldades logísticas atrapalham. “Valeria a pena fazer teste, mas no Brasil não temos disponibilidade de testes para fazer em casa. Testes RT-PCR ou rápido de antígenos ainda têm preços proibitivos. O teste rápido de antígeno mais barato não sai por menos de R$ 100. Então se vai se fazer um encontro de uma família de quatro indivíduos com outra família de quatro indivíduos, cada uma vai gastar R$ 400 só nisso. Com a crise econômica, é uma recomendação distante da realidade”, lamenta.

Mori aposta em recomendações mais possíveis como fazer o encontro em lugares abertos e bem ventilados. E no uso de máscaras de boa qualidade, como as PFF2. E, claro, na vacinação de todas as pessoas do encontro, incluindo a dose de reforço, para todos que tiverem indicação.

Para 2022, Mori evita fazer projeções e acredita que muitos fatores podem influenciar o terceiro ano da pandemia. “Se acreditou que a delta poderia ser catastrófica e o Brasil segurou bem. Para a Ômicron, particularmente, acho que o Brasil é um dos países mais preparados para lidar com ela, por conta da enorme adesão da população à vacinação. E temos, infelizmente, uma quantidade muito grande de pessoas que já foram infectadas, o que diminui a quantidade de suscetíveis”, afirmou.

Recomendações práticas da Fiocruz

Na semana passada a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lançou uma cartilha com recomendações práticas para as festas de fim de ano. “Estamos num cenário mais favorável do que no ano passado, mas ainda temos que nos manter alertas, especialmente diante das incertezas relacionadas à nova variante e à intensidade de circulação de pessoas nesse período do ano”, afirmou o coordenador do Observatório Covid-19 da Fiocruz, Carlos Machado, no lançamento da cartilha.

“Reforçamos que o principal cuidado neste fim de 2021 é garantir que todos estejam vacinados com o esquema completo, incluindo a dose de reforço, caso a pessoa já tenha essa indicação. Quem ainda não está com o esquema completo, recomendamos que vá ao posto de saúde 14 dias antes do evento para que possa estar protegida e ajudar a proteger os outros também. Essa é uma mensagem que gostaríamos que fosse muito compartilhada e incentivada nos grupos de família e amigos do WhatsApp”, ressaltou Machado.

Devem evitar participar dos encontros pessoas que não se vacinaram, pessoas que estão com sintomas gripais, pessoas que tiveram contato com casos confirmados nos últimos 14 dias e quem está aguardando o resultado de exames para covid-19, mesmo que não esteja com sintomas.

Confira abaixo as principais recomendações para um encontro com todas as pessoas vacinadas. E confira aqui a cartilha completa.

Fonte: Fiocruz

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AUTOR
Foto Maria Carolina Santos
Maria Carolina Santos

Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Contato: carolsantos@marcozero.org