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Literatura ajuda a discutir impacto da maternidade na vida das mulheres

Nos meses de maio e junho, acontece oficina gratuita, remota e aberta ao público

Jeniffer Oliveira / 07/05/2024
Na foto, vemos uma pessoa lendo um livro para uma outra pessoa, que parece estar acompanhando a leitura. O foco principal está no livro aberto, com texto visível em ambas as páginas, com as mãos da pessoa que lê segurando o livro e desfocadas. A pessoa que escuta está vestindo uma camiseta branca com listras horizontais coloridas. O fundo é indistinto, mas parece ser um ambiente interno iluminado.

Crédito: Bruno Carvalho Vieira/Divulgação

As representações sobre a maternidade na literatura são o tema central do projeto “Matrilinhas: literatura e maternidades”, uma pesquisa que busca compreender, a partir da literatura, trocas, rodas de diálogos e oficinas, as vivências de mães, filhos e filhas. A iniciativa está em desenvolvimento e terá atividades realizadas nas cidades do Recife, Olinda e Caruaru. Nos meses de maio e junho, acontecerá a oficina Maternidades: literatura, escrita e potencialidades. Gratuita e remota, a oficina ocorrerá a partir de 11 de maio com encontros quinzenais, sempre aos sábados.

Nas reuniões, as facilitadoras vão discutir as obras literárias produzidas por mulheres mães, coletar relatos e elaborar textos a partir das diversas experiências relacionadas ao tema pelos participantes. As atividades são abertas para mulheres cis ou transgêneros, lésbicas, homens trans e pessoas não-binárias, que poderão compartilhar suas próprias memórias ou vivências da maternidade, seja como mãe ou como filhas, filhos ou filhes. Os interessados podem se inscrever neste formulário online.

Desenvolvido pela mãe, professora, pesquisadora e produtora cultural Karuna de Paula, o projeto é financiado pelo edital de fomento à cultura (Funcultura-PE) e promove discussões tomando como referências de autoras pernambucanas, brasileiras e estrangeiras que vivenciam o processo da maternidade e abordam a temática em suas obras, não apenas na esfera biológica, mas na psicossocial também. Estão entre os nomes regionais Odailta Alves, Suelany Ribeiro, Germana Acioly, Cida Pedrosa e Bell Puã.

“Não existe nada que mexa mais com uma mulher do que a maternidade. Ela nos atravessa de uma forma muito profunda e a literatura, como ferramenta cultural, nos ajuda a compreender melhor e lidar com esse processo, menos de uma ótica romantizada e mais de um ponto de vista social e das reais emoções. Essa é uma construção coletiva, que busca mostrar que maternidade não se trata apenas da reprodução dos corpos, mas de valores”, ressalta Karuna de Paula.

A ideia é explorar a diversidade, os desafios, as problemáticas e os afetos que a maternidade proporciona, de modo subjetivo e social. Ao final das trocas e como resultado do que foi vivenciado ao longo do processo, será lançado um e-book com a produção coletiva dos textos escritos por mães acerca de suas experiências de maternagem, com o intuito de visibilizar as múltiplas perspectivas da maternidade. O lançamento está previsto para o segundo semestre deste ano.

“O Matrilinhas é uma investigação plural, que dá oportunidade a mulheres dispostas a falar, escutar, refletir e escrever sobre maternidade. A maternidade se torna mais suave quando compartilhada, mesmo que seja o desejo, os medos, os cansaços e os desafios. Essas mulheres acabam se identificando na diferença e na semelhança. Portanto, acreditamos no poder da fala e da escuta como acolhimento”, afirma Karuna de Paula.

O projeto, que começou a ser pensado em 2021, teve as primeiras atividades realizadas no último mês de abril, com encontros em Recife e Caruaru. Agora em maio, em alusão ao mês dedicado à figura materna, estão programados novos encontros. A próxima roda de conversa acontece no dia 8 de maio, no Coletivo Espaço Mulher, localizado no bairro do Passarinho, no Recife. No dia 14 de maio é a vez das mulheres do Coletivo Sol, no Alto do Sol Nascente, em Olinda. Encerrando o calendário de maio, no dia 22, ocorre o encontro com pessoas atendidas pela Amotrans-PE (Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco), na sede da instituição, no bairro da Boa Vista, no Recife.

AUTOR
Foto Jeniffer Oliveira
Jeniffer Oliveira

Jornalista formada pelo Centro Universitário Aeso Barros Melo – UNIAESO. Contato: jeniffer@marcozero.org.