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Um grupo de aproximadamente dois mil agricultores e agricultoras ocupam o Eixo Leste da Transposição do rio São Francisco desde a madrugada do dia 12 de agosto, data que marca o Dia Nacional de Luta pelo Fim da Violência no Campo. A mobilização acontece no município de Floresta, em Pernambuco com o objetivo de pressionar o Congresso Nacional para destinar recursos que solucionem os problemas de falta de energia e acesso à água na região.
O Sistema Itaparica é um conjunto de dez projetos de irrigação entre Pernambuco e Bahia, criado no final dos anos 1980, onde mais de 45 mil pessoas reassentadas por causa da construção da Usina Hidrelétrica de Itaparica vivem da agricultura familiar. Há alguns anos, o sistema enfrenta atualmente graves problemas, como a falta de manutenção adequada e atrasos nos pagamentos de energia, impactando severamente a vida e o trabalho das comunidades.
Por isso, os manifestantes exigem a retomada e instalação da Mesa de Diálogos com os governadores de Pernambuco e Bahia, e outras autoridades competentes, visando a resolução das pendências e a garantia de condições adequadas para as atividades agrícolas das comunidades reassentadas do Eixo Leste da Transposição. Além disso, demandam uma solução para a quitação das faturas de energia elétrica em atraso e a conclusão do Projeto Jusante/BA.
De acordo com a Comissão de Mobilização do Movimento Popular Festa de Itaparica, a mobilização é pacífica e os agricultores e agricultoras permanecerão no acampamento de forma permanente, sem previsão de término, até que suas demandas sejam atendidas.
O Projeto Jusante foi desenvolvido pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) com o objetivo de criar um reservatório de distribuição de água do Rio São Francisco no município de Glória, na Bahia.
As dioceses de Floresta (PE), Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) declararam apoio ao protesto das famílias assentadas no perímetro irrigado de Itaparica. Em carta conjunta assinada pelos bispos dom Gabriel Marchesi, dom Antônio Carlos Cruz Santos, e pelo administrador diocesano padre Josemar Motta da Silva, a Igreja Católica na região endossa as denúncias de desabastecimento de energia elétrica e água na região, e cobra respostas aos governos estaduais, ao Governo Federal e ao Congresso Nacional.
“Queremos nos solidarizar com as famílias que estão vivendo uma inconcebível situação de incerteza a respeito da sua vida e do seu futuro. Isso é devido ao corte de energia que faz funcionar as bombas de irrigação, provocando uma forçada paralisação do seu trabalho, e à falta de diálogo com as diferentes autoridades que deveriam garantir as condições indispensáveis para que essas famílias fossem protagonistas do desenvolvimento seu e da inteira região”, diz um trecho da mensagem dos bispos.
Na terça-feira, dia 13, dom Gabriel Marchesi, bispo de Floresta, celebrou missa campal em Petrolândia, junto com padres das três dioceses, para demonstrar publicamente a solidariedade ao movimento.
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