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A crise climática avança de forma acelerada sobre territórios historicamente vulnerabilizados. No semiárido nordestino, os efeitos já são sentidos de maneira direta: a segurança alimentar e hídrica das comunidades está em risco, enquanto o bioma caatinga perdeu cerca de metade de sua vegetação original. O cenário é tão grave que começam a surgir as primeiras manchas de aridez no Brasil — áreas que deixam de ser apenas semiáridas e passam a ser áridas.
Diante dessa ameaça, nasce a Semana do Clima da Caatinga (Caatinga Climate Week), inspirada em encontros internacionais como os de Nova York e Londres. O evento, uma iniciativa do Centro Sabiá em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), acontecerá entre 1 e 4 de outubro, em seis municípios: Caruaru, Vertentes, Pesqueira, Garanhuns, Jucati e Caetés.
A Caatinga Climate Week busca ressignificar o debate climático no coração de um dos territórios mais impactados do planeta, historicamente estigmatizado pela pobreza, mas rico em biodiversidade e resistência cultural.
busca ressignificar o debate climático no coração de um dos territórios mais impactados do planeta, historicamente estigmatizado pela pobreza, mas rico em biodiversidade e resistência cultural.
Durante três dias, lideranças indígenas, quilombolas, assentados da reforma agrária, agricultoras e agricultores agroecológicos, cientistas e organizações sociais se reúnem para discutir soluções locais já testadas, integrando saberes tradicionais e conhecimento científico.
“A ACCW é um chamado global para reconhecer o semiárido e a caatinga como territórios estratégicos na agenda climática, especialmente às vésperas da COP30”, reforçam os organizadores.
O bioma caatinga é o único exclusivamente brasileiro e abriga cerca de 28 milhões de pessoas. Para além de sua biodiversidade única, a caatinga sustenta modos de vida profundamente conectados à natureza. A permanência dessas populações em seus territórios, com dignidade, depende de políticas públicas consistentes e do reconhecimento internacional da importância estratégica da região no enfrentamento da crise climática.
A realização da Caatinga Climate Week marca um passo decisivo para que o debate sobre o futuro climático global inclua o semiárido brasileiro — não como periferia, mas como centro de soluções inovadoras e experiências de resistência socioambiental.
Confira aqui programação completa.
Vencedora do Prêmio Cristina Tavares com a cobertura do vazamento do petróleo, é jornalista profissional há 12 anos, com foco nos temas de economia, direitos humanos e questões socioambientais. Formada pela UFPE, foi trainee no Estadão, repórter no Jornal do Commercio e editora do PorAqui (startup de jornais de bairro do Porto Digital). Também foi fellowship da Thomson Reuters Foundation e bolsista do Instituto ClimaInfo. Já colaborou com Agência Pública, Le Monde Diplomatique Brasil, Gênero e Número e Trovão Mídia (podcast). Vamos conversar? raissa.ebrahim@gmail.com