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Com participação de Gilberto Gil, campanha quer construir mais 1 milhão de cisternas no semiárido

Marco Zero Conteúdo / 24/09/2021

Crédito: Agência Quintal

Nos próximos meses, o semiárido brasileiro enfrenta seu período mais difícil. As chuvas cessam e os açudes, barreiros e barragens se transformam muitas vezes no único recurso de água possível. Muitos não duram por todos os meses de estiagem. E assim agricultores e agricultoras ou ficam sem água ou têm que recorrer a carros-pipas, que, no Agreste e Sertão pernambucanos, não saem por menos de R$ 150. Mas há uma alternativa que há décadas tem garantido que a água das chuvas fique mais tempo com as famílias do semiárido. São as cisternas.

Hoje, a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) lançou a campanha Tenho Sede, com o objetivo de construir mais 1 milhão de cisternas. O músico baiano Gilberto Gil regravou a música que dá nome à campanha e cedeu o clipe da música para ser usado para conscientizar a população para doar para a aquisição de cisternas.

As doações podem ser feitas pelo site: www.tenhosede.org.br.

A garantia da água, especialmente de chuva, que é uma água limpa e de acesso fácil, é um dos elementos presentes na proposta de Convivência com o Semiárido defendida pela ASA, que é formada por mais de três mil organizações não-governamentais. A intenção é mobilizar recursos financeiros para a construção de mais um milhão de cisternas de placas no Semiárido, com base numa estimativa levantada pelo próprio Governo Federal, em 2019.

Mais um milhão de cisternas

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma pessoa precisa de pelo menos 110 litros de água para atender as necessidades básicas durante um dia. No meio rural e muitas periferias milhares de pessoas não têm esse direito assegurado. A água das cisternas do modelo mais comum, de 16 mil litros, não garantem a produção das lavouras, mas fornecem água para beber e para a manutenção das casas e necessidades básicas de milhões de famílias da zona rural do Brasil. O modelo de 52 mil litros garante água para irrigar o plantio de frutas, hortaliças, legumes e cereais.

Desde 1999, a ASA já distribuiu mais de 1,2 milhão de cisternas, quando lançou o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC). Na época, a distribuição das cisternas foi financiada por instituições internacionais, doações e programas governamentais. Acontece que, desde 2015, os programas de construção de cisternas sofreram cortes do governo brasileiro.

As decisões políticas dos últimos anos levaram o país a voltar ao Mapa da Fome Mundial, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). As ações de combate à seca também estão sendo esvaziadas. De acordo com a ASA, os programas estão hoje com cortes de até 90% do orçamento.

O coordenador-geral da ASA, Alexandre Pires, explica que essa é a primeira campanha de mobilização de recursos da história da instituição. “Optamos por esse caminho porque, desde 2019, o governo Bolsonaro praticamente extinguiu o programa de cisternas, impedindo nosso acesso até mesmo aos recursos do edital que ganhamos em 2019 do Fundo de Direitos Difusos do Ministério da Justiça. Nossa intenção é, a partir do que já construímos ao longo desses anos e dos impactos positivos de nossas ações de segurança hídrica na vida das famílias da região, sensibilizar empresas e pessoas físicas a contribuir para a universalização do acesso à água para consumo e produção no Seminário, assim como sensibilizamos Gilberto Gil e Bela Gil”, afirma.

Água leva esperança para as famílias na zona rural

A campanha da ASA conta com histórias de três mulheres que viram suas vidas melhorarem com as cisternas. É uma forma de mostrar a um público urbano a necessidade e importância do acesso à água limpa – algo que passa despercebido na rotina de quem não precisa se preocupar com isso, já que tem água todos os das na torneira.

Nos vídeos produzidos pela campanha, Joelma, de Araras, na Paraíba, fala que demorava até quatro horas de viagem para conseguir água. E a cisterna garantiu uma renda para ela.

Maria, de Esperança, na Paraíba, define a relação do homem e da mulher do campo com o clima. “O dia bonito é quando está chovendo”.

Nena, da pequena Cumaru, em Pernambuco, conta que a cisterna mudou sua relação com a terra onde mora.

Texto atualizado às 12h20min de 25 de setembro. Devido a um problema do sistema WordPress, originalmente foi ao ar sem acesso aos vídeos.

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Foto Marco Zero Conteúdo
Marco Zero Conteúdo

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