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Em tempos de crise política e questionamentos sobre a cobertura realizada pela grande imprensa, este curso vai abordar os princípios teóricos que norteiam a crítica ao “fazer jornalístico” e a responsabilização da mídia (accountabillity), associados a atividades práticas sobre estas reflexões.
O curso deve dar a estudantes e profissionais da comunicação elementos para uma análise mais aprofundada sobre a atuação complexa da grande imprensa num cenário de convergência de mídias e acirramento político no Brasil.
Serão tratados conceitos que ajudam a explicar como a mídia seleciona e enquadra a notícia (enquadramento); como ela conduz o processo de agendamento do debate nacional (agenda setting); e a influência das organizações de mídia sobre o trabalho dos jornalistas (newsmaking e teoria organizacional).
O curso vai apresentar as experiências internacionais e nacionais de acompanhamento do desempenho das empresas de comunicação por meio de mecanismos de responsabilização midiática, como os conselhos de imprensa, a figura do ombudsman e as escolas de jornalismo, entre outros.
No caso específico do Brasil, serão analisadas coberturas jornalísticas polêmicas do passado, como a da Escola Base, e atuações mais recentes como nas Manifestações de Junho de 2013 e a mais expressiva, na Operação Lava-Jato.
Como contexto teórico, os alunos terão uma visão da evolução do processo de produção jornalística no último século: do chamado jornalismo Engajado, passando pelo jornalismo de Massa e o Jornalismo Industrial até os desafios que estão postos agora para a crítica de mídia na era pós-industrial do jornalismo Digital.
Os conceitos serão trabalhados em paralelo com a crítica de mídia produzida pelos próprios alunos. Todos os módulos serão encerrados com atividades práticas sobre os temas tratados em cada dia.
A evolução do processo produtivo jornalístico: do Jornalismo Engajado (Político-Literário), passando pelo Jornalismo de Massa, o Jornalismo Industrial Monopolista até o Jornalismo Pós-Industrial (ou Multimídia). A história do conceito de responsabilização da mídia (accountabillity) no mundo e no Brasil: conselhos de Imprensa, ombudsman, Midia Review, Project Censored, Escolas de Jornalismo. A Constituição Federal e a regulação da comunicação. A sociedade como o 5o Poder que cobra e cria mecanismos de fiscalização da imprensa. + Atividade prática.
O processo produtivo da notícia (newsmaking): como a mídia seleciona e enquadra a notícia (enquadramento); como ela conduz o processo de agendamento do debate nacional (agenda setting); e a influência das organizações midiáticas sobre o trabalho dos jornalistas (teoria organizacional). + Atividade prática.
Os padrões de manipulação da grande imprensa: ocultação, fragmentação, inversão, indução e o padrão global (específico da radiodifusão). Quando, como, onde e por que a imprensa manipula a informação? Como funciona a Espiral do Silêncio. Estudo de casos: Escola Base, O Escândalo dos Anões do Orçamento/Ibsen Pinheiro, as Manifestações de Junho de 2013, a Operação Lava-Jato. + Atividade prática.
A crítica da mídia na Era do Jornalismo Pós-Industrial. Os avanços e desafios colocados para o jornalismo no meio digital. As novas narrativas e personagens do mundo multimídia. A contra-agenda do jornalismo independente. O poder de mobilização das redes. A teoria do “filtro invisível” de Eli Pariser. + Atividade prática.
Laércio Portela é formado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco. Tem curso de aprofundamento em Comunicação e Política pela Universidade de Brasília – UNB. Foi repórter de Polícia do Jornal do Commercio; repórter, editor e colunista de Política do Diário de Pernambuco. Coordenou a área de comunicação social do Ministério da Saúde e ocupou os cargos de diretor de mídia regional e secretário-adjunto de Imprensa da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. É co-autor do livro Vulneráveis – entre a emergência da vida e a incerteza do futuro, Editora Bagaço, 2015. Atualmente presta consultoria nas áreas de planejamento em comunicação e redes sociais. É integrante do coletivo de jornalismo independente Marco Zero.
Curso Crítica de Mídia: um arsenal para a democracia
Professor: Laércio Portela
Carga Horária: 12 horas
Quando: 10, 12, 17 e 19 de maio.
Horário: 19h às 22h.
Local: Casa 12 – Comidas e conversas, Rua Silvino Lopes, número 12, esquina com Rua Jerônimo de Albuquerque, ao lado da Igreja de Casa Forte).
Valor: R$ 150,00 para estudantes e R$ 200,00 para profissionais
Inscrições pelo e-mailmarcozero@beta.marcozero.org
Bibliografia
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BERTRAND, Claude-Jean. O Arsenal da Democracia: Sistemas de Responsabilização da Mídia. São Paulo: Editora Edusc, 2002.
BERTRAND, Claude-Jean. A Deontologia das Mídias. São Paulo: Editora Edusc, 1997.
BOURDIER, Pierre. Sobre a Televisão – A Influência do Jornalismo e Os Jogos Olímpicos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
CASTELLS, Manuel. Redes de Indignação e Esperança – Movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
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KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os Elementos do Jornalismo. São Paulo: Geração Editorial, 2003.
MORAES, Dênis de; RAMONET, Ignacio; SERRANO, Pascual. Mídia, poder e contrapoder – Da concentração monopólica à democratização da informação. Rio de Janeiro: Boitempo Editorial, 2013.
PARISER, Eli. O Filtro Invisível – o que a Internet está escondendo de você. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
RIBEIRO, Alex. Caso Escola Base – Os abusos da Imprensa. São Paulo: Ática, 2003.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo – Volume II: A tribo jornalística – uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2005.
Co-autor do livro e da série de TV Vulneráveis e dos documentários Bora Ocupar e Território Suape, foi editor de política do Diário de Pernambuco, assessor de comunicação do Ministério da Saúde e secretário-adjunto de imprensa da Presidência da República