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Falta água e energia nas agrovilas de Itaparica, no sertão pernambucano

Comunidades sem água e luz ficam às margens de lago artificial de usina hidrelétrica

Marco Zero Conteúdo / 28/05/2024
A imagem retrata uma reunião em ambiente fechado, com várias pessoas sentadas em cadeiras dispostas em fileiras. O local parece ser uma sala de conferências ou auditório. As paredes têm uma tonalidade amarelada, e a iluminação cria uma atmosfera acolhedora. Muitos participantes estão usando bonés verdes, e alguns estão vestidos de forma mais formal. Não é possível ver o que está acontecendo na frente da sala, mas a configuração sugere que pode haver um palestrante ou apresentação ali.

Crédito: Ascom Doriel Barros

Na manhã desta terça-feira, 28 de maio, a Comissão de Agricultura, Pecuária e Política Rural da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), realizou uma audiência pública para tratar sobre a falta de energia e de abastecimento de água na microrregião de Itaparica, localizada no sertão de Pernambuco em divisa com a Bahia.

O Sistema Itaparica, implementado na década de 1990 e que contempla 10 projetos de irrigação às margens do rio São Francisco, tem sofrido com a paralisação dos serviços de energia, que é consequência da ausência de investimentos da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), privatizada durante o governo Bolsonaro.

Nos últimos anos, a Codevasf realizava os serviços de manutenção e operação do Sistema Itaparica mediante os repasses financeiros da Chesf, porém, a companhia paralisou os repasses. A Advocacia-Geral da União firmou um termo de conciliação entre as companhias, mas, alegando o não cumprimento do acordo pela Chesf, a diretoria-executiva da Codevasf aprovou a devolução da infraestrutura do sistema à empresa.

Em nota enviada à imprensa, em outubro de 2023, a Chesf afirmou que a responsabilidade pela operação e manutenção do Sistema Itaparica era da Codevasf.

De acordo com o mandato do deputado estadual Doriel Barros (PT), mais de 45 mil agricultores estão sendo impactados pela falta de acesso a água para consumo e para a produção agrícola nas agrovilas da região de Itaparica, que, ironicamente, fica às margens do lago artificial da usina hidrelétrica Luiz Gonzaga. No final da audiência, Barros se comprometeu a articular junto ao governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), e a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, para que os dois reforcem a atenção à região.

“Nós não podemos admitir que o Governo Federal considere o reassentamento de Itaparica como uma responsabilidade dos reassentados sem que o Estado tenha compromisso. Por isso que, no acordo de 1986, está lá colocado o compromisso do Estado em relação à Itaparica, seja o governo que for. O estado de Pernambuco nunca assumiu o projeto de Itaparica como um instrumento de desenvolvimento do estado e precisa assumir”, declarou o diretor da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do estado de Pernambuco (Fetape), Adimilson Nunis.

Participaram da audiência pública seis deputados estaduais; o deputado federal Carlos Veras (PT); o bispo da diocese de Floresta, Dom Gabriel Marchesi; o secretário estadual de Recursos Hídricos e Saneamento, José Almir Cirilo; sindicalista e prefeitos de municípios da região .

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Marco Zero Conteúdo

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