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Natália Rosa, ativista pelos direitos das pessoas com deficiência e moradora do Alto do Eucalipto. Crédito: Yane Mendes
Por Yane Mendes*
Natalia e Karla, moradoras de favelas no Recife, enfrentaram desafios brutais durante a pandemia. Além das preocupações com a saúde, elas equilibraram trabalhos coletivos e o cuidado das famílias.
Em meio à crise da pandemia, Natália, moradora do Alto do Eucalipto e ativista pelos direitos das pessoas com deficiência, e Karla, uma liderança evangélica e integrante do MTST (Movimento Trabalhadores Sem Teto), duas mulheres residentes em diferentes favelas na cidade do Recife, protagonizaram uma batalha cansativa e cotidiana. Para além das angústias relacionadas à saúde, elas enfrentaram o peso avassalador da sobrecarga, desdobrando-se entre o trabalho comunitário e a responsabilidade de cuidar de suas famílias.
Os números revelam uma disparidade preocupante. Em Pernambuco, durante os anos de 2021 e 2022, 79,8% da população foi vacinada contra a Covid-19, sendo que a esmagadora maioria, 82,4%, eram mulheres. Esta estatística destaca a relevância das mulheres na busca pela proteção contra o vírus, mesmo enquanto enfrentavam desafios domésticos e sociais avassaladores.
A situação precária do sistema de saúde pública no Brasil também veio à tona. Um estudo realizado pelo Instituto Locomotiva em 5.569 cidades brasileiras, através de entrevistas com gestores municipais de saúde, apontou que:
● Apenas 60% das unidades de saúde do serviço público possuíam geladeiras com medição de alarme e temperatura em boas condições.
● Apenas 85% tinham disponíveis pias com água, sabonete, papel-toalha, lixeiras com pedal, caixas coletoras de perfurocortantes e sacos plásticos.
Com alto índice de mortalidade, o Brasil se viu no segundo lugar mundial no número de mortes por Covid, evidenciando uma grave crise sanitária. Atualizando esses números no site do Ministério da Saúde, já somamos 705.775 óbitos acumulados. A vida do povo brasileiro está em risco, de múltiplas formas, e isso não pode ser ignorado.
A luta por sobrevivência não é uma opção, e isso se torna explicitamente visível na vida das mulheres moradoras de periferias em todo o Brasil, mostrando que isso é um reflexo da desigualdade sistêmica que assola o nosso país. É fundamental que a sociedade como um todo esteja atenta e que medidas sejam tomadas para enfrentar essa realidade. A guerra nas favelas é um alerta que não pode ser ignorado.
* Essa video-reportagem faz parte da ação da Oxfam Brasil sobre desigualdade no acesso a vacinas. Mais informações em
www.oxfam.org.br/vacina-e-desigualdades.
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