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por Claudia Assencio e Raul Galhardi*
“O ministro da Saúde precisa estar oficializado para ter a força necessária para conduzir”, afirmou o ex-chefe da pasta, Nelson Teich, durante videoconferência promovida pela Câmara de Vereadores de Piracicaba (SP). Ele fez a crítica ao responder a perguntas sobre o fato de não existir ainda um titular à frente do Ministério da Saúde afetaria o combate à pandemia de Covid-19. O general Eduardo Pazuello ocupa o cargo interinamente desde que o médico oncologista deixou o posto em 15 de maio, menos de um mês após assumi-lo.
Teich reiterou, ainda, que não vê problemas na permanência de Pazuello no cargo, mas alertou para a urgência da oficialização. “Não se pode ter um ministro interino por tanto tempo em situação como essa”, disse durante o programa Parlamento Aberto Entrevista da Câmara de Vereadores de Piracicaba (SP).
O médico mostrou preocupação quanto à gestão no Ministério da Saúde. Na opinião do ex-titular, a pasta é administrada com enfoque em questões mais burocráticas. “Às vezes, me preocupa ver o Ministério sendo avaliado como repasse de verba e logística”.
Ele esclareceu que a infraestrutura é um item importante para auxiliar e coordenar o sistema, mas alertou para a necessidade de se debater outras ações. “É preciso discutir como estão as doenças, a própria Covid-19, a mortalidade, como se está cuidando das outras pessoas, como está a qualidade de vida delas”, completou. Atualmente, o país já ultrapassa 90 mil mortes pelo coronavírus e mais de 2,5 milhões de casos confirmados da doença.
O ex-ministro também realizou uma autocrítica e disse que o órgão poderia ter se comunicado melhor durante a sua gestão. “No período em que eu fiquei, conforme foi passando o tempo, eu percebi que a gente estava se comunicando mal. Tanto que, no final, eu conversei com o pessoal de comunicação para a gente retomar um programa de comunicação. Na época faltava respirador, faltava tudo, era um dia a dia muito intenso”, desabafou.
Teich também disse que uma das razões de ele não ter comparecido às coletivas de imprensa na primeira semana à frente do Ministério teria sido para “amenizar o clima de tensão que existia” na sua entrada. “Naquele momento a gente tinha tanta coisa para lidar que eu deixei a comunicação seguir como ela estava”, afirmou.
De acordo com o ex-titular, houve um enfraquecimento da posição do Ministério com a mudança na forma de divulgação das informações. Atualmente, o consórcio de imprensa formado por diferentes mídias do país divulga seus dados de forma independente do Ministério da Saúde.
“Uma das ações que vai permitir que o Ministério assuma uma liderança forte é sendo a liderança da informação”, defende. Para o ex-ministro, a pasta deveria reunir informações não apenas do SUS, mas também do sistema de saúde suplementar. No entanto, como a estrutura de comunicação era deficiente, ele não conseguia ter dados de como estavam no país as UTIs, a mortalidade e quantos leitos vagos haviam.
“Na minha opinião, a estrutura que existe hoje foi descentralizada sem informação e sem coordenação e assim você tem mais dificuldades em ter uma liderança, uma coordenação. Essa é uma limitação que te deixa sem enxergar muito bem o que está acontecendo e aí a capacidade de coordenar, de cuidar e até decidir as ações fica mais restrita”, ponderou.
Segundo o médico, hoje seria muito difícil saber o que acontece no sistema de saúde. Ele lamenta não deixar um legado na área de informação. “É uma grande meta do sistema de saúde hoje fazer com que a informação seja mais transparente, mais detalhada, mais complexa e mais disponível e num local único”.
*Especial para a Marco Zero Conteúdo
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