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A expectativa era de que a ocupação, na quinta (10), durasse um ou dois dias. Os estudantes sabiam que rapidamente sairia uma decisão judicial em favor da reintegração de posse. E foi isso o que aconteceu em menos de 24 horas. Mas uma ação coordenada entre professores, Defensoria Pública da União, Ministério Público Federal e a própria Reitoria da UFPE impediu qualquer intervenção de força contra os jovens e garantiu a permanência deles no prédio da Faculdade de Direito do Recife por 186 horas.
O desfecho da ocupação histórica ocorreu às 17h desta sexta-feira (18). Os estudantes deixaram o prédio uma hora antes do tempo acordado com a Reitoria, portando cartazes contra a PEC 55, o ministro Mendonça Filho e o governo Temer. No mesmo instante o prédio era vistoriado por representantes da universidade, MP, DPU e advogados dos ocupantes. Ao final, o próprio diretor Francisco Queiroz reconheceu que “os estudantes deixaram tudo limpo e organizado como os servidores fazem durante o período de aulas”. “Está tudo certo”, admitiu ao assinar o termo de recebimento do prédio da Faculdade de Direito.
“Sinto orgulho desses jovens”, disse o professor da Faculdade de Direito e juiz do trabalho, Hugo Melo, um dos principais defensores do diálogo da Universidade com os estudantes. “Acho que foi muito vitorioso o que aconteceu aqui hoje. Um acordo negociado entre estudantes e universidade, sem a necessidade de ação judicial e consolidando os interesses das duas partes”, avaliou Luani Melo, defensora pública da União. “Isso significou o entendimento de que as manifestações estudantis são legítimas”.
Negociação e ganhos
O acordo firmado com a Reitoria garantiu o abono das faltas dos alunos durante todo o período da ocupação. Esta decisão será válida para todos os campi da UFPE. Nenhum aluno vai responder a processo administrativo por conta da ocupação. A Universidade também se comprometeu a arquivar todos os processos que estão tramitando contra estudantes, incluindo os da ocupação da Reitoria no ano passado. Os servidores em greve não terão o ponto cortado.
Também ficou acertada a participação de dois representantes dos alunos de cada um dos 12 centros acadêmicos da UFPE (Recife, Vitória de Santo Antão e Caruaru) nas reuniões do Conselho Universitário. A primeira reunião com esta nova formação aconteceu na manhã da sexta.
“Vejo com muita esperança essa mobilização dos estudantes. A sociedade brasileira está meio anestesiada”, resumiu o professor Hugo Melo.
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