Ajude a MZ com um PIX de qualquer valor para a MZ: chave CNPJ 28.660.021/0001-52
Crédito: Débora Britto/MZ Conteúdo
A diversificação da representação política é um desafio do Brasil. Com um Congresso Nacional que não refletem a maioria da população brasileira – que é negra (54,9% na população, mas apenas 24,3% na Câmara Federal) e mulher (51% na população geral, mas só 15% na Câmara Federal) – as candidaturas que oferecem ao eleitor uma chance de ver não só suas ideias mas sua identidade – com toda a bagagem que isso traz – refletida na urna têm crescido e se fortalecido. Algumas plataformas online funcionam como agregadores, apresentando ao eleitor uma gama de candidaturas com pautas em comum. Confira abaixo alguma dessas plataformas que apoiam candidatos e candidatas trans LGBTQIA+, negras e feministas.
O #VoteLGBT é um coletivo que existe desde 2014 para aumentar a representatividade das pessoas LGBTQIA+ na política. Neste ano, a organização registrou o recorde de 214 candidaturas, distribuídas em 20 partidos. A meta é de que esse aumento também se reflita nos resultados das urnas, já que, segundo o VoteLGBT, apenas 0,16% dos cargos políticos eletivos são ocupados por pessoas assumidamente LGBTQIA+.
Na plataforma, é possível ver as candidaturas por estado e conferir suas propostas. Em Pernambuco, por exemplo, são seis pessoas, de três partidos. Ainda é possível candidatos e candidatas se cadastrarem e divulgarem suas campanhas na plataforma. O coletivo também oferece apoio psicológico para candidatos e candidatas LGBTQIA+, além de manuais sobre financiamento, estratégias de campanha e saúde mental.
Uma pesquisa do Inesc, em parceria com o coletivo Common Data, mostrou que o número de candidaturas autodeclaradas indígenas em 2022 aumentou 32% em relação às eleições de 2018: passou de 130 candidaturas para 172. Pelo menos nas candidaturas, a população indígena está representada: neste ano os indígenas representam 0,62% do total de candidaturas para o legislativo, um pouco acima da representação na população brasileira, que é de 0,5%, de acordo com o último censo.
Para fortalecer essas candidaturas – e conquistar a representação entre eleitos – a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) tem o site Campanha Indígena, com informações para candidatas e candidatos e uma carta aberta. “Nunca, na história democrática dos últimos 34 anos do Brasil, os direitos dos nossos povos foram tão vilipendiados como foi no atual governo de Jair Bolsonaro”, diz a associação. As candidaturas indígenas ainda podem se inscrever na plataforma. No instagram, o projeto apresenta e divulga as candidaturas.
Desde 2014 a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) faz um diagnóstico e um levantamento das candidaturas de pessoas trans no Brasil. Para as eleições de 2022, foram mapeadas o número recorde de 76 candidaturas pelo Brasil, sendo 67 (88%) travestis e mulheres trans contra 52 em 2018. Foram levantadas também 5 (7%) candidaturas de homens trans, enquanto em 2018 foi apenas uma, e 4 (5%) candidaturas com identidades não binárias. É um aumento expressivo de 44% em relação a 2018, quando a Antra apontou 53 candidaturas trans no país.
A iniciativa reúne 120 candidaturas negras comprometidas com a agenda da Coalizão Negra Por Direitos. Fazem parte candidaturas do PT, PSOL, PSB, PCdoB, Rede, PDT, UP e PV. O objetivo é de reduzir o hiato de representatividade no Poder Legislativo e lutar contra o racismo. São 36 candidaturas para o Congresso Nacional e 84 candidaturas às assembleias legislativas e à Câmara Distrital de Brasília.
Em Pernambuco, estão catalogadas sete candidaturas, sendo cinco do Psol e duas do PT. No site é possível ver a foto, uma breve biografia e as redes sociais e sites das candidaturas.
Esta é a terceira edição do mosaico da articulação Meu voto será feminista, plataforma que cataloga as candidatas feministas por todo o país. As inscrições para participar do mosaico seguem abertas no link, mas já há dezenas de candidatas cadastradas e que podem ser consultadas no site. De Pernambuco, são 18 candidatas, de quatro partidos. Além da divulgação das candidaturas, a plataforma oferece alguns tipos de apoios, como colocação de lambe-lambes. Para participar do mosaico, a candidata deve se comprometer a seguir uma série de pontos que estão na carta compromisso, como o de lutar contra a violência obstétrica e pela humanização do SUS e o de lutar pela revogação das reformas trabalhista da previdência.
Mais do que uma plataforma para divulgar candidaturas, a campanha Eu voto em negra oferece uma ampla gama de ferramentas e preparação para que as mulheres negras do Nordeste que querem se candidatar. A ideia é apoiar mulheres negras, rurais e populares, com perspectiva feminista decolonial, para enfrentar os contextos de crise democrática no Brasil e na América Latina. As candidatas que fazem parte da campanha têm suas candidaturas divulgadas no instagram da plataforma.
Com foco nas candidaturas das regiões Norte e Nordeste, o projeto Enegrecer a política desenvolve ferramentos para apoiar pessoas negras que se comprometem em suas pautas com direitos humanos e a luta antirracista. As inscrições para as candidaturas estão abertas neste link. Posteriormente, as candidatas e candidatos serão divulgados nas redes sociais e no site do projeto.
Uma questão importante!
Colocar em prática um projeto jornalístico ousado como esse da cobertura das Eleições 2022 é caro. Precisamos do apoio das nossas leitoras e leitores para realizar tudo que planejamos com um mínimo de tranquilidade. Doe para a Marco Zero. É muito fácil. Você pode acessar nossapágina de doaçãoou, se preferir, usar nossoPIX (CNPJ: 28.660.021/0001-52).
Nessa eleição, apoie o jornalismo que está do seu lado.
Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Contato: carolsantos@marcozero.org