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Você sabia que, no Brasil, cerca de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis são descartados de forma indevida por ano? E que esse material poderia render dinheiro e moda sustentável, se fosse bem reaproveitado? Enfrentar esse problema é o foco do projeto Recorte Recife realiza a Maratona de Inovação Colaborativa sobre resíduos têxteis e justiça climática. As inscrições são gratuitas e estão abertas até sexta-feira, 18 de julho.
A iniciativa pretende identificar e conectar coletivos de juventude periférica, cooperativas, brechós, associações e empresas. O desafio é pensar e propor soluções inovadoras, que reinventem o destino dos resíduos têxteis e os transformem em reúso criativo. O projeto é idealizado e realizado por Cabrochas Moda Sustentável e Liderando o Amanhã (LIDA), com apoio do edital Jovens pelo Clima Recife 2025.
A Maratona de Inovação Colaborativa sobre resíduos têxteis e justiça climática será realizada no dia 26 de julho (sábado). As soluções que propuserem uma reinvenção do destino dos descartes serão premiadas com incentivo financeiro de R$ 2 mil.
A empreendedora Janusse Franca foi uma das profissionais que garantiram a participação no projeto. Desde criança, ela gostava de transformar suas roupas quando “enjoava” de alguma peça. Com o tempo, o que era hábito virou trabalho e fonte de renda. No Instagram ela se apresenta como alguém que “REssignifica roupas, resíduos têxteis e tecidos com Upcycling e Patchwork”.
O Recorte Recife é amplo e acessível. Poderão fazer parte ativistas, artesãos, estilistas, estudantes de moda e design, integrantes de cooperativas de reciclagem, costureiras, donas de brechós e
estabelecimentos que vendem ou produzem a partir do têxtil. Para participar, basta preencher o formulário. Está disponível no link da bio que está nos perfis do Instagram da Cabrochas e LIDA.
Antes da realização da Maratona de Inovação Colaborativa, o Recorte Recife programou a etapa preparatória, que consiste em formações nos eixos sustentabilidade urbana, economia circular, empreendedorismo de impacto e justiça climática.
Os encontros serão on-line, agendados para acontecerem nos dias 21 a 24 de julho. Os conteúdos estão alinhados ao Plano Local de Ação Climática, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Carta de
Recomendações da Assembleia Cidadã Jovens no Clima Recife 2024.
“As formações preparam o terreno e a maratona ativa a criação. É tudo parte do mesmo processo de juntar saberes, experiências e vontade de mudar. A gente está costurando, em rede, novas formas de pensar o resíduo, o território e a cidade, mobilizando quem descarta e quem reaproveita. É um novo ecossistema que conecta o tecido urbano com o agora e com o que vem depois”, conta Filipe José, coordenador do LIDA.
Para além de realizar as formações e a maratona, o Recorte Recife tem outro objetivo ousado: articular a criação da 1ª Rede Comunitária de Resíduos Têxteis do Recife. A ideia é, a partir do mapeamento dos pontos geradores de resíduos têxteis, envolvê-los no processo adequado de descarte, possibilitando o reuso dos materiais, evitando que siga para aterros ou lixões.
Os resíduos têxteis, couros e borrachas descartados indevidamente representam 5,6% de todo material que é jogado fora no país. O dado é da consultoria internacional S2F Partners, um hub de inteligência
especializada em gestão de resíduos e economia circular.
“Ao contrário de outros segmentos que estão encaminhados no processo da coleta seletiva, o setor têxtil precisa incorporar alguma iniciativa nesse sentido”, avaliou Carlos Silva Filho, em entrevista à Agência Brasil. Ele é sócio da S2F Partners e membro do Conselho da Organização das Nações
Unidas (ONU) para temas de resíduos.
Estima-se que o setor têxtil seja responsável por entre 2% e 8% das emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo; e consuma 215 trilhões de litros de água por ano, o que equivale a cerca de 86 milhões de piscinas olímpicas.
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