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Recife vai às ruas com força contra PL da Dosimetria

Raíssa Ebrahim / 14/12/2025
A imagem mostra uma grande manifestação popular em uma rua urbana. Há uma multidão de pessoas vestidas principalmente de vermelho, segurando faixas, cartazes e bandeiras. Algumas mensagens visíveis incluem “Congresso inimigo do povo” e “Constituinte soberana”. O ambiente é vibrante e colorido, com guarda-chuvas decorativos e elementos festivos. Ao fundo, há prédios altos e uma construção colonial vermelha à direita. A cena transmite um forte senso de mobilização social e expressão política coletiva.

Crédito: Roberto Jaffier/Ascom Cida Pedrosa/Cortesia

Movimentos, centrais sindicais e partidos de esquerda do Recife se juntaram, na rua da Aurora, centro da capital, a pelo menos outras 50 cidades brasileiras para ocupar as ruas neste domingo (14) contra a anistia e o PL da Dosimetria – que reduz a pena do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos outros golpistas de 8 de janeiro de 2023. A manifestação teve início às 14h e ocupou todo o espaço entre as ruas Princesa Isabel e Mário Melo.

Num contexto de duras críticas ao Congresso Nacional por avaliar que as pautas de deputados federais e senadores são contrárias aos interesses do povo, os atos reuniram parcela da sociedade crítica ao centrão e aos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos) e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil). O PL da Dosimetria foi aprovado pela Câmara dos Deputados – num placar de 291 votos a favor e 148 contra – e agora, está tramitando no Senado. Em caso de aprovação, ainda precisa da sanção do presidente Lula (PT).

Outras pautas presentes na manifestação do Recife foram o fim do feminicídio e do transfeminicídio, a rejeição ao Marco Temporal e às privatizações da Compesa e do metrô. Com trio elétrico em que lideranças discursam ao microfone, cartazes, Som na Rural e grupos percussivos, os gritos na tarde deste domingo eram principalmente “anistia é o caralho”, “lugar de golpista é na cadeia”, “Congresso inimigo do povo” e “não à ditadura do Legislativo”.

“Estou aqui para engrossar a massa contra esse Congresso inimigo do povo que quer nos enfiar goela abaixo essa dosimetria”, disse Dulce Ferreira, de 62 anos, à Marco Zero durante a manifestação na Aurora. “Porque vai de encontro a tudo aquilo que a gente acredita. Onde já se viu anistiar bandido?”, questionou. Para ela, as pautas deste domingo “vão se refletir como amadurecimento e crescimento nas urnas. A política tem que ser vista como uma forma de garantir os nossos direitos. Que a gente possa falar, possa gritar, possa reivindicar e sustentar aquilo que a gente quer se garantir a fazer”, disse.

“Esse é um Congresso que só trabalha para a bandidagem, em vez de ficar do lado do povo. Não podemos retroceder, a democracia da gente foi conquistada a duras penas”, avaliou a dona de casa Gorete Silva, 55 anos. Ela também foi às ruas em defesa das mulheres: “Estamos aqui para lutar pelas mulheres, cada vez mais independentes. Porque as mulheres estão morrendo, os homens estão assassinando as mulheres por acharem que elas são propriedade deles”.

Por conta da programação natalina na avenida Rio Branco, a manifestação não seguiu em passeata até o Marco Zero, como costuma acontecer.

Crédito: Roberto Jaffier/Ascom Cida Pedrosa

Crédito: Raíssa Ebrahim/Marco Zero

Crédito: Raíssa Ebrahim/Marco Zero

AUTOR
Foto Raíssa Ebrahim
Raíssa Ebrahim

Vencedora do Prêmio Cristina Tavares com a cobertura do vazamento do petróleo, é jornalista profissional há 12 anos, com foco nos temas de economia, direitos humanos e questões socioambientais. Formada pela UFPE, foi trainee no Estadão, repórter no Jornal do Commercio e editora do PorAqui (startup de jornais de bairro do Porto Digital). Também foi fellowship da Thomson Reuters Foundation e bolsista do Instituto ClimaInfo. Já colaborou com Agência Pública, Le Monde Diplomatique Brasil, Gênero e Número e Trovão Mídia (podcast). Vamos conversar? raissa.ebrahim@gmail.com