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A menção de Jair Bolsonaro ao coronel, chefe do Doi-Codi do II Exército (SP) entre 1970 e 1974 e torturador notório Carlos Alberto Brilhante Ulstra na votação do impeachment da ex-presidenta Dilma, em 17 de abril de 2016, foi reveladora: sentindo-se à vontade no palco armado para a ruptura democrática, o fascismo mostrava sua cara, nome e sobrenome ao vivo e em horário nobre.
Passados quase dois anos e meio, o deputado e capitão da reserva é, agora, candidato a presidente da República, líder nas pesquisas de intenção de voto. Traz consigo sua agenda de atrocidades: ataques e insultos a mulheres, negros, indígenas e população LGBT. Encarna a mais torpe manifestação de preconceito, racismo e misoginia de setores da direita brasileira.
Bolsonaro faz da política ferramenta para a incitação ao ódio e ao crime. Já deu declarações públicas defendendo a tortura. Em visita ao Acre no dia 1o de setembro ergueu um tripé de uma câmera simulando uma metralhadora e insuflou seus apoiadores a “fuzilar a petralhada aqui do Acre e botar pra correr”. Em outro vídeo que circula na internet, diz que as minorias têm que acatar a vontade das maiorias ou “que desapareçam”.
Seu candidato a vice, o general da reserva Hamilton Mourão, sugeriu no ano passado que as Forças Armadas podiam “impor uma solução” à questão da corrupção política no Brasil. Recentemente defendeu que o país tenha uma nova Constituição, mas que ela “não precisa ser feita por eleitos pelo povo”. Em sua última manifestação pública, se posicionou contra o 13o salário e o adicional de férias.
Não há, em toda campanha de Bolsonaro, uma única declaração em defesa dos princípios democráticos e dos direitos civis e sociais. Sua retórica e de seu vice é de guerra. Pela supressão de direitos adquiridos e pela disseminação da violência política, de gênero, raça e de classe.
É preciso que se diga que ele não chegou até aqui sozinho. É o fruto mais perverso que vingou do antipetismo construído e cultivado pela grande mídia e os setores mais conservadores da elite brasileira.
Antipetismo encampado por segmentos expressivos da elite burocrática do Estado e manifesto nas ações seletivas da Polícia Federal, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Antipetismo que semeou o terreno para que o discurso pró intervenção militar ganhasse o protagonismo político que não possuía desde o final da década de 1970, quando os militares traçaram a abertura lenta, gradual e segura que pôs fim à ditadura no Brasil.
Ao discurso antidemocrático, racista e misógino de Bolsonaro se une o discurso ultraliberal do seu guru econômico, o fundador do Banco Pactual, Paulo Guedes. Para quem é preciso “vender tudo” rápido. “Privatizações, concessões e desmobilizações”, é o lema que propaga nos círculos financistas de São Paulo. É da lavra de Guedes também a proposta de uma alíquota única de 20% para o imposto de renda. Trabalhadores, classe média, ricos e multimilionários pagando a mesma conta.
Ao fim temos a pior das combinações: autoritarismo, ódio a minorias, desrespeito à Constituição, perda de direitos e o Estado Mínimo para os mais pobres. Diga-se de passagem que o aumento da desigualdade como política de governo não é uma característica exclusiva da agenda Bolsonaro. Ele está presente nas candidaturas a presidente de todo o escopo e tons de cinza da direita brasileira.
Mas Bolsonaro traz com ele o fascismo, a intolerância como motor para a aniquilação física e política de seus oponentes. Sua proposta para o Brasil é inaceitável. Por isso, a Marco Zero Conteúdo saúda o movimento Mulheres Contra Bolsonaro e se une às milhares de pessoas que vão tomar as ruas das cidades brasileiras neste sábado para gritar #EleNão.
É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.