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Ulysses Pernambucano, o pioneiro

Marco Zero Conteúdo / 03/08/2016

De família pernambucana tradicional, relativamente bem situada social e financeiramente, Ulysses Pernambucano de Mello Sobrinho foi médico, psiquiatra, professor e psicólogo (ainda que a regulamentação dessa profissão só tenha ocorrido 21 anos depois de sua morte). Desde jovem decidido a seguir a carreira médica, foi estudar no Rio de Janeiro. Nos últimos anos do curso, decidiu especializar-se na psiquiatria, tendo feito residência no Hospital Nacional de Alienados.

Após breve retorno à Pernambuco e uma passagem pelo Paraná, retorna ao Recife definitivamente em 1916, aonde abre um consultório de psiquiatria. É aprovado em primeiro lugar em concurso para lecionar a disciplina “Psicologia e Pedagogia”, na Escola Normal do estado; mas por motivos políticos, o então governador Manoel Borba nomeia o segundo colocado. No mesmo ano, presta concurso para professor de Lógica, Psicologia e História da Filosofia no Ginásio Pernambucano; novamente aprovado em primeiro lugar, dessa vez é nomeado.

Entre 1923 e 1927, atua como diretor da Escola Normal, tendo uma gestão marcada por reformas de caráter social. Entre outras medidas, introduziu o exame de seleção para admissão (antes, o ingresso se dava por apadrinhamento), o jornal, a merenda escolar e os exames de promoção por média em conjunto. Nesse meio tempo, em 1925, cria o Instituto de Psicologia – não sem antes preparar uma equipe para lidar com o trabalho a ser iniciado; entre elas, Anita Paes Barreto (assumiria a direção da entidade entre 1927 e 1928). Neste mesmo ano, Ulysses consegue junto ao Governo do Estado a criação da primeira escola para crianças excepcionais do País. Em 1928, deixa a direção da Escola Normal e assume a direção do Ginásio Pernambucano; concomitante a essa função, foi nomeado diretor do Instituto de Seleção e Orientação Profissional. Foi também professor de Neuro-Psiquiatria Infantil e de Clínica Neurológica, na Faculdade de Medicina.

Em 1930, assumiu a direção dos serviços de Assistência aos Psicopatas da Tamarineira. Lá, encontrou aparelhamento insuficiente e métodos terapêuticos inadequados. Ele então acabou com os calabouços, com as camisas de força e instituiu técnicas de terapia ocupacional. Suas pesquisas tiveram fundamental importância na expansão dos estudos sobre psicopatas em Pernambuco.

Por ser aguerrido defensor das minorias marginalizadas da sociedade, como as crianças e adultos portadores de doenças ou deficiências mentais, os negros e adeptos de religiões de matrizes africanas, Ulysses sempre enfrentou muita oposição, que o acusava de ser adepto do comunismo. Isso acarretou sucessivas diminuições das verbas destinadas à Tamarineira, dificultando o tratamento e levando o médico a pedir sua demissão em 1935. No ano seguinte, diante da Intentona Comunista, é denunciado como subversivo e passa dois meses preso na Casa de Detenção do Recife. Seu último projeto foi o Sanatório do Recife, fundado em 1937 e primeiro hospital psiquiátrico de âmbito privado do Estado. Falece no Rio de Janeiro, em 1943.

(Aline Soares e Dandara Palankof e Cruz )

Fonte: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=151&Itemid=1

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