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“Recife é a capital brasileira da desigualdade”, Edilson Silva em entrevista à Rádio Olinda no dia 21 de setembro, replicada no twitter oficial do candidato.
A declaração de que o Recife é a capital da desigualdade tem sido utilizada nas entrevistas concedidas pelo candidato do Psol, Edilson Silva, para defender que a prefeitura invista mais recursos nas áreas sociais e em benefício das populações mais vulneráveis, como aquelas que ainda moram em palafitas.
A assessoria do candidato informou que a afirmação está baseada em dados do IBGE. O Truco Eleições 2016 – projeto defact-checkingdaAgência Públicaem parceria com aMarco Zero Conteúdoem Recife – checoua declaração de Edilson e concluiu que ela é verdadeira, mas que o último levantamento do índice que melhor mede a concentração de renda nos municípios, o Gini, é de 2010. Portanto, a fala do candidato do Psol precisa ser contextualizada para evitar associar o quadro da desigualdade na capital pernambucana a algo novo, recente. Por isso, ele recebe a carta “Tá certo, mas peraí”.
O índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, mede o grau de concentração de renda, apontando a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente varia de zero a um. O valor zero representa a situação de plena igualdade, onde todos recebem a mesma renda. O valor 1 está no extremo oposto, reflete a desigualdade plena, quando um grupo pequeno de pessoas detém toda a riqueza de uma comunidade.
No Brasil, o índice de Gini é divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O órgão investiga a distribuição de renda nos municípios durante os censos demográficos realizados a cada dez anos. O IBGE também realiza investigações sobre rendimentos anualmente, trimestralmente e mensalmente, por meio da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) e a PNAD Contínua, mas não divulga o índice de Gini a partir destes dados.
Os índices de Gini municipal mais recentes são relativos aos anos de 1991, 2000 e 2010. Nos três levantamentos, Recife ocupa o primeiro lugar em desigualdade. E o mais grave: a cada avaliação piora o índice aproximando-se do 1. Em 1991, 0,6739; em 2000, 0,6789. Subindo para 0,6894 em 2010. De todas as 27 capitais brasileiras, além do Recife, apenas Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Salvador (BA) registram pioras continuadas, a cada dez anos, na concentração de renda.
Os índices do Brasil variaram de 0,6366 em 1991, a 0,6060 em 2000 e 0,5670 em 2010. Sempre abaixo dos índices da capital pernambucana.
Co-autor do livro e da série de TV Vulneráveis e dos documentários Bora Ocupar e Território Suape, foi editor de política do Diário de Pernambuco, assessor de comunicação do Ministério da Saúde e secretário-adjunto de imprensa da Presidência da República