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Como já era de se esperar, o tema da educação foi um dos destaques do debate da TV Globo realizado no dia 29 de setembro e que colocou frente a frente pela primeira vez na campanha eleitoral os quatro candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto para prefeito do Recife. As notas do Ideb e a posição do Recife no ranking do ensino fundamental nas capitais e na comparação com os municípios do interior tornaram-se as principais armas retóricas dos concorrentes. O Truco Eleições 2016– projeto de checarem da Agência Pública em parceria com a Marco Zero Conteúdono Recife – checou cada uma das informações citadas e, no saldo da discussão, constatou que os candidatos omitiram, distorceram informações ou deixaram de contextualizá-las para defender seus interesses eleitorais.
“No nosso governo, o nosso Ideb sempre foi o primeiro da Região Metropolitana, diferente de agora, que já perdeu pra Camaragibe.” – João Paulo (PT)
Em resposta a uma pergunta da candidata Priscila Krause (DEM), os índices do Ideb foram mais uma vez citados pelo candidato João Paulo. A equipe do Truco Eleições 2016 checou a informação do candidato do PT e verificou que, para os “anos iniciais” (4ª série/5º ano), em 2005, Recife estava em segundo lugar no Ideb entre as cidades da Região Metropolitana e em primeiro lugar no ano de 2007. Para os “anos finais” (8ª série/9º ano), Recife ficou em primeiro lugar em 2005, mas caiu para a quinta posição em 2007. João Paulo foi prefeito entre 2001 e 2008. Por isso, ele recebe a carta “Não é bem assim”.
Em relação ao 5º ano, em 2005, Recife teve a nota 3,2 e ficou atrás apenas da nota 3,3 de Paulista. Em 2007, Recife dividiu o primeiro lugar e a nota 3,8 com Abreu e Lima. Em 2009 e 2011, época da gestão de João da Costa (PT), Recife se manteve no primeiro lugar com a nota 4,1. Em 2013 e em 2015, na gestão de Geraldo Julio, o Recife começou a perder posição no ranking das cidades da Região Metropolitana. Em 2013, ocupava o segundo lugar com a nota 4,2, mesmo ranking da Ilha de Itamaracá. Em 2015, Recife ficou atrás de Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca e Camaragibe. O quarto lugar e a nota 4,6 são os mesmos do Cabo de Santo Agostinho.
Para 9º ano, Recife ficou em primeiro lugar em 2005, com a nota 2.8. Em 2007, caiu para a quinta posição, com a nota 2.5, mesma de Paulista. Nos dois anos de Ideb, referentes ao período de João de Costa (2008 e 2011), Recife se manteve na quinta posição, com as notas 2.7 e 2.9. Recife voltou a subir no ranking em 2013, ocupando o segundo lugar com a nota 3.2. Em 2015, dividiu a nota 3.5 e o terceiro lugar com Olinda, Cabo de Santo Agostinho e Igarassu.
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“Além disso, se hoje nós caímos da 17ª para a 20ª posição no Ideb nos anos finais, a situação da nota do Ideb no período em que o senhor (em referência a João Paulo) governou a cidade era muito ruim.” –Priscila Krause (DEM)
Questionando o candidato João Paulo (PT) sobre educação, Priscila Krause citou mais uma vez o Ideb. Dessa vez falou sobre a posição do Recife na época da gestão do petista. OTruco Eleições 2016 verificou a informação da candidata e constatou que, nos anos finais, Recife nunca ocupou a 17ª posição. Hoje, ocupa a 20ª posição, com a mesma nota do 21º lugar. No período de João Paulo, os resultados da capital no Ideb, de fato, não eram bons. Portanto, Priscila Krause recebe a carta “Não é bem assim”.
O ranking do Ideb é montado de acordo com as notas de cada município. Quando duas cidades obtêm a mesma pontuação, elas são organizadas no ranking por ordem alfabética. Em 2013, Recife teve a nota 3,2 e estava entre as posições 19 e 20, junto com Natal. Em 2015, a nota da capital pernambucana foi 3,5, ficando entre as posições 20 e 21 junto com Porto Velho. Assim, Recife perdeu ranking no Ideb entre as capitais brasileiras.
Na época de João Paulo, Recife ocupou a 19ª e a 24ª posição em 2005 e 2007, respectivamente. Ou seja, foi na gestão do petista que a capital pernambucana teve a pior posição no ranking no Ideb para os anos finais e também as piores notas.
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“[Os alunos da rede municipal] tiraram também as melhores notas no Ideb. Nós conseguimos o maior avanço do Ideb e conseguimos ganhar posições. O dado não é esse que ele [Daniel Coelho] apresentou. Nós ganhamos posições no Ideb, melhoramos em relação a outras capitais. Mais do que isso: descongelamos, porque o Ideb do Recife não avançava. A gente conseguiu avançar no Ideb.” –Geraldo Julio (PSB)
O candidato Daniel Coelho (PSDB), no debate realizado pela TV Globo, perguntou ao candidato Geraldo Julio sobre a posição do Recife no Ideb em relação aos outros municípios pernambucanos e disse que o Recife caiu da 19ª posição para a 22ª em relação às capitais brasileiras. Geraldo Julio (PSB) rebateu que o Recife não perdeu posição, mas melhorou. O Truco Eleições 2016checou a informação do candidato socialista e verificou que o Recife perdeu posição nos anos iniciais do ensino fundamental de 2013 para 2015 no ranking das capitais, mas se manteve em relação aos anos iniciais. A capital, de 2011 para 2013, subiu uma posição no ranking tanto para a 4ª série quanto para a 8ª série. Por isso, o candidato recebe a carta “Não é bem assim”.
O ranking do Ideb é feito de acordo com as notas. Quando duas cidades obtêm a mesma pontuação, elas são organizadas no ranking por ordem alfabética. Para os anos finais do ensino fundamental, em 2013, Recife e Natal tiveram a nota 3,2. Natal, por causa da ordem alfabética, ficou com a 19ª posição e Recife com a 20ª. Em 2015, mais uma vez Recife dividiu a nota com outra capital. Teve, junto com Porto Velho, a pontuação 3,5. Porto Velho ficou com a 20ª posição e Recife com a 21ª.
Em 2011, último ano de divulgação do Ideb antes da gestão de Geraldo Julio, a nota do Recife para os anos finais foi 2,9. Recife ficou na 22ª posição. Ou seja, a capital pernambucana subiu uma posição no Ideb dos anos iniciais na gestão de Geraldo Julio.
Para os anos iniciais, Recife ocupou a 19ª posição em 2013, com a nota 4,2. Em 2015, Recife ficou entre as posições 19 e 22, com a nota 4,6. Nestes dois anos, pode-se considerar, então, que a capital pernambucana realmente não teve queda.
Em 2011, a nota do Recife para os anos iniciais foi 4,1, fazendo com que a capital ocupasse entre a posição 20 e a 21, mesma que ocupou em 2013. Recife ganhou, então uma posição no Ideb para os anos iniciais.
A conquista de um posição não, pode no entanto, ser considerada o maior avanço do Ideb.
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“Sabe por que o candidato não respondeu qual é a posição de Recife em relação às cidades do interior? É porque Recife é a 93ª cidade no Ideb do estado de Pernambuco.” – Daniel Coelho (PSDB)
Daniel Coelho questionou o candidato Geraldo Julio sobre a posição do Recife em relação às outras cidade pernambucanas no Ideb. Na sua réplica, Daniel disse que o Recife é a 93ª cidade no Ideb do estado de Pernambuco. O Truco Eleições 2016 conferiu a posição da capital e verificou que Recife encontra-se, no Ideb de 2015, entre as posições 86 e 93 para os anos iniciais e entre as posições 86 e 103 para os anos finais. Por isso, Daniel Coelho recebe a carta “Tá certo, mas peraí”.
O ranking do Ideb é feito de acordo com as notas. Quando duas cidades obtêm a mesma pontuação, elas são organizadas no ranking por ordem alfabética. Por isso, tanto pode-se dizer que, em 2015, para os anos iniciais, Recife esteve na posição 86 do ranking, quanto pode-se afirmar que esteve na posição 93. A nota da capital neste ano foi 4,6.
A mesma coisa acontece para os anos finais do ensino fundamental. Recife obteve a pontuação 3,5 e ficou entre as posições 86 e 103.
O fato é que, entre os dois últimos anos de divulgação do Ideb (2013 e 2015), Recife caiu de posição entre as cidades pernambucanas, mesmo tendo aumentado sua nota tanto para os anos iniciais quanto para os anos finais.
(Thayná Campos)
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