Ajude a MZ com um PIX de qualquer valor para a MZ: chave CNPJ 28.660.021/0001-52
Crédito: Mateus Moraes
por Fabiana Moraes e Mateus Moraes Cavalcante, do site Bocado
Novembro de 2020: na foto de uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo sobre os então 13,7 milhões de brasileiros afetados pela extrema pobreza, vemos dois jovens e uma criança em frente a uma casa muito humilde, de tijolos aparentes e janelas cobertas com plástico. Vivem em Belágua, no Maranhão. Diz a legenda: “sem dinheiro, o casal Denilson Araújo dos Santos, 22, e Ivanete Ribeiro dos Santos, 19, teve que trocar o gás de cozinha pela lenha na hora de cozinhar feijão e mandioca para a filha”. O preço médio do botijão de gás no Brasil era de R$ 73,24 – ali, contava-se o décimo aumento no produto em apenas sete meses. A Covid-19 tinha vitimado então 168.141 pessoas, e cerca de 600 mortes eram registradas a cada dia.
Março de 2021: Ronaldo Miguel de Santana, 43, e Adriana dos Santos, 41, colocam um pouco de álcool em um pequeno fogareiro. Vivem na comunidade do Giriquiti, em Olinda, Pernambuco. Estão sem água há uma semana. É ali, naquele acessório frágil, que ambos cozinham para toda a família desde o fim do auxílio emergencial recebido até dezembro. Na casa de alvenaria, ainda vivem Rafaela, 4, Richard, 7, e Rian, 3. O grupo vai aumentar: Adriana espera um bebê. O preço médio do botijão chega a R$ 85. E o Brasil passa pelo pior cenário da pandemia: são em média mais de dois mil mortos por dia. Ultrapassamos as 300 mil mortes.
Cozinhas e quintais como esses funcionam como uma espécie de termômetro da profunda desigualdade social brasileira. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda em 2019, quando a pandemia não era uma realidade, uma a cada cinco famílias brasileiras já usava lenha ou carvão para cozinhar. Naquele ano, o cenário era diferente: o desemprego atingia 11,9% da população. No trimestre encerrado em janeiro de 2021, a taxa chegou a 14,2%, segundo o IBGE – a maior já registrada para o período desde o início da pesquisa.
Na contabilidade do instituto, porém, não constava – e ainda não consta – o número de famílias que recorrem ao etanol e outros líquidos inflamáveis para o preparo de alimentos. Elas tendem a se multiplicar em um país que, de abril de 2020 até abril de 2021, viu o preço do botijão subir inacreditáveis 16 vezes.
A relação entre o custo do gás de cozinha e a incidência de queimaduras com líquidos inflamáveis tem sido descrita em estudos pelo menos desde 2017. Para se ter uma ideia, segundo os dados mais recentes, em junho de 2018, 90% das pessoas que foram internadas na ala dos queimados do Hospital da Restauração em Pernambuco, uma das maiores do Nordeste, tinham usado líquidos inflamáveis para cozinhar.
De acordo com dados coletados pela Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ), por meio do Datasus, sistema do Ministério da Saúde, foram registradas 5.879 internações no país em 2020 por exposição à combustão de materiais, substâncias inflamáveis, fogo, fumaça ou chamas, categorias que costumam abarcar queimaduras desse tipo. No mesmo período, foram 266 mortes. Ou seja, ao menos uma pessoa morreu a cada dois dias e 16 foram internadas diariamente.
O registro não inclui, entretanto, atendimentos a casos mais leves, que não tenham resultado em internação, isto é, o número de vítimas é ainda maior. Das internações e mortes em 2020, pelo menos metade foram causadas por “combustão de substância muito inflamável”.
Apesar dos riscos e do medo, Ronaldo e Adriana passaram a usar etanol para cozinhar, porque não tinham outra opção: o casal não consegue mais comprar os botijões. Com uma renda mensal incerta, Ronaldo trabalha como guarda-carros nas ruas do Espinheiro, bairro de classe média alta da capital pernambucana, enquanto Adriana cuida das crianças e da moradia. As contas mensais, no entanto, vão chegando – e cada dia mais caras. O aluguel da casa simples em que vivem subiu de R$ 150 para R$ 200 ao mês.
Ronaldo reconhece que, proporcionalmente, é mais vantajoso comprar o gás de cozinha, mas afirma que não tem o dinheiro na mão para adquirir o produto (em Pernambuco, o botijão custava entre R$ 80 e R$ 90 no mês de março). “Com R$ 10 de álcool, a gente consegue cozinhar durante dois, três, às vezes quatro dias. O fogo que ele produz apaga rápido, mas a gente se adaptou para usar dessa forma. Com o gás, a gente fica entre 30 a 45 dias, depende do uso. O problema é que eu não tenho o valor do gás no dia-a-dia. Mas o do álcool, eu tenho.”
Cozinhando diariamente, Adriana termina ficando mais exposta aos riscos do álcool, altamente inflamável. Assim como ela, outras mulheres do Giriquiti e suas famílias correm o mesmo perigo: as casas da entrada da rua são feitas de tijolos, mas as que ficam no interior da comunidade são, em sua maioria, feitas de madeirite, o que as torna mais suscetíveis a um possível incêndio.
Ali, não há calçamento. Pedaços de madeira e entulhos de lixo servem como passarela para atravessar as poças de esgoto. Porcos, galinhas, gatos e cachorros perambulam e se alimentam pelo local que serve como uma espécie de lixão. Ao meio-dia, a sombra de uma pequena árvore é quase um oásis para a família. É a única parte do beco que fica sombreada e é ali que Adriana descansa quando há tempo livre.
Segundo Ronaldo, o custo de vida da família, por mês, fica entre um e dois salários mínimos. “Já consegui tirar R$ 200 na rua em um dia, mas foi uma exceção. Viver sem a certeza de quanto a gente ganha no fim do mês é muito complicado, e o aumento do gás deixa tudo ainda mais difícil. O medo de cozinhar com álcool existe, mas é a única opção que temos no momento”.
Moradora do distrito de Jardim do Ingá, em Luziânia, Goiânia, Leiliane de Oliveira, 35, tem a memória e a pele marcadas por essa combinação: alto preço do gás e a necessidade de cozinhar usando líquidos inflamáveis. No dia 13 de julho de 2019, depois de dois dias sem gás de cozinha e sem dinheiro para comprar um botijão (vendido então a R$ 62), ela pediu ao marido para comprar um pouco de etanol num posto de gasolina. Queria preparar uma pequena refeição.
Usando a metade de uma lata de refrigerante como fogareiro, ela fez um mingau sem dificuldades. Depois de cozinhar e servir o alimento, acreditava que o fogo já tinha se apagado e foi tampar o pequeno fogareiro, uma espécie de réchaud artesanal. Mas ali ainda havia uma chama azul quase imperceptível. O recipiente explodiu e o fogo se alastrou, atingindo a garrafa plástica com etanol que estava na mão esquerda da então diarista, hoje desempregada. Em dez segundos, Leiliane já estava com o fogo cobrindo boa parte do seu tronco. Ela, que usava o combustível na cozinha pela primeira e última vez, teve 41% do corpo queimado.
Três internamentos foram necessários, totalizando mais de três meses dentro de um hospital. “A primeira vez fiquei quatorze dias no HRAN [Hospital Regional da Asa Norte], em Brasília”. Além de enxertos cirúrgicos, foram necessárias sessões de fisioterapia, consultas com psicólogo e psiquiatra e uso de malhas compressivas para evitar queloides.
“Como eu queimei muito o pescoço, também preciso colocar um expansor, mas, por conta da pandemia, os serviços estão parados”. Os expansores são indicados para o tratamento de sequelas funcionais causadas, entre outras coisas, por queimaduras. O tratamento foi e está sendo feito todo pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Quase 14 milhões de brasileiros, o equivalente a 6,5% da população, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sobrevivem na extrema pobreza, ou seja, com menos de US$ 1,9 por dia (atualmente, pouco mais de R$ 10). Já os pobres, que vivem com até US$ 5,5 por dia, formam 24,7% da população, aproximadamente 50 milhões de pessoas. Os dados, porém, são de pesquisas realizadas em 2018 e 2019, antes da pandemia do coronavírus. Segundo o Banco Mundial, a emergência de saúde causada pela Covid-19 acaba com uma sequência de 20 anos de redução da pobreza extrema no mundo.
Nesse contexto, a fome tem avançado em um ritmo alarmante. Mais da metade da população brasileira, 116,8 milhões de pessoas, estava em situação de insegurança alimentar no último trimestre de 2020, ou seja, não tinham acesso pleno e permanente a alimentos. Desses, 19,1 milhões, ou 9% da população, estavam passando fome. Os dados foram divulgados em abril de 2021 pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). A pesquisa apontou que a fome voltou ao patamar de 2004, quando atingia 9,5% da população. O retrocesso, ainda de acordo com o estudo, começou em 2013, mas foi mais acentuado entre 2018 e 2020, quando o aumento da fome foi de 27,6%.
Importante lembrar que, em 2014, o Brasil havia deixado o Mapa da Fome (quando menos de 5% da população vivia em insegurança alimentar), mas, segundo dados do IBGE, o país voltou a fazer parte da lista em 2018.
Assim, quando a elevação do preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha (formado pela combinação de butano e propano, dois gases derivados do petróleo), encontra uma população empobrecida e faminta, os efeitos são devastadores. Combinados com a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, isso se torna, ainda mais, uma questão de saúde pública.
Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (SindiGás), somente em 2020, o preço médio do botijão de 13 quilos passou de R$ 69,74 (janeiro) para R$ 74,75 (dezembro). Em janeiro e fevereiro de 2021, o preço subiu novamente, em duas ocasiões. E, no início de março, um aumento de 2,3% fez com que um simples botijão fosse comercializado por até R$ 113 na Região Norte do país – apenas para efeitos de comparação, isso equivale a cerca de 10% do salário mínimo atual, de R$ 1.100. No começo de abril, mais um reajuste foi anunciado: de quase 5%.
Em Pernambuco, o gás de cozinha mais caro e, consequentemente, o aumento do uso de etanol e outros produtos similares em casa tiveram impacto direto, no período da pandemia, nas internações do Hospital da Restauração (HR), referência na saúde pública e única instituição estadual que atende casos graves de pessoas queimadas.
Segundo o diretor do Departamento de Queimados do HR, Marcos Barreto, entre abril e novembro de 2020, 105 pessoas foram internadas por conta de acidentes relacionados ao uso do etanol. “De março até novembro do ano passado, nosso estado ficou, proporcionalmente, em segundo lugar no maior número de pacientes internados [por queimadura com etanol] no Brasil”, afirma Barreto. São Paulo, estado mais populoso do país, lidera o ranking.
Chefe do setor há 31 anos, Barreto diz que o número de casos chamou atenção e é considerado alto. As mulheres, segundo o levantamento estatístico trazido por ele, são as maiores vítimas. “Também podemos dizer que esse tipo de queimadura é uma ‘doença’, sem sombra de dúvidas, da classe social menos favorecida”. Desde 2018, o médico tenta alertar a população e as autoridades sobre a relação direta entre a subida do preço do gás de cozinha e o aumento dos acidentes causados pelo uso do etanol. O HR dispõe de 40 leitos para esse tipo de atendimento, sendo 12 destinados aos homens, 13 às mulheres e 15 às crianças.
Importante dizer que o incremento dos casos também está relacionado ao uso de álcool 70% para higienizar as mãos, medida estimulada por conta do combate ao novo coronavírus. De março a agosto de 2020, 514 pessoas foram internadas no Brasil por conta de queimaduras provocadas pelo álcool 70%. Pernambuco registrou 65 vítimas, ficando atrás de São Paulo (148) e Goiás (107). Os números são da Sociedade Brasileira de Queimados (SBQ).
Segundo o chefe do setor de queimados do HR, o uso desses itens contribuiu para um maior número de acidentes domésticos. “O que posso dizer é que água e sabão funcionam melhor do que o álcool em gel”, orienta Barreto. Na unidade de queimados do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), o número de acidentados por conta do uso do álcool para higienização das mãos chegou a triplicar.
Em 7 de junho de 2017 (no governo do então presidente Michel Temer), a Diretoria Executiva da Petrobras aprovou uma nova política de preços para a comercialização do GLP vendido em botijões de até 13 quilos. A partir de então, o gás de cozinha passou a ser reajustado de acordo com o valor do dólar e das cotações do butano e do propano praticadas no mercado internacional.
A Petrobras chegou a afirmar que o preço repassado ao consumidor poderia ou não refletir o aumento feito nas refinarias – mas, na prática, com o dólar subindo quase constantemente, os reajustes logo chegaram ao bolso do consumidor. Entre janeiro de 2017 e janeiro de 2018, o preço médio do GLP no Brasil passou de R$ 55,61 para R$ 67,31. Em Pernambuco, a diferença foi ainda maior: de R$ 48,47 para R$ 63,84. Em fevereiro de 2018, mais da metade das internações no Hospital da Restauração (HR), 65%, correspondia a pessoas queimadas por líquidos inflamáveis.
O cenário se agravou ainda mais em maio e junho daquele ano, quando uma greve de caminhoneiros por conta do preço do diesel paralisou o Brasil. O país sofreu com a falta de produtos como combustíveis, alimentos, medicamentos e gás de cozinha – no período, o botijão de 13 quilos chegou a custar absurdos R$ 160 em Pernambuco. Foi assim que, em junho de 2018, o uso de combustíveis para cozinhar foi responsável por 90% das internações na unidade de queimados do HR.
Nesse contexto de escassez e pobreza, a palavra “empreender”, tão na moda, ganha outros contornos. Morando na Bomba do Hemetério, Zona Norte de Recife, a esteticista Claudeneide Mendes, 46, decidiu abrir um pequeno negócio de pizzas no início da pandemia, em abril de 2020. Foi a maneira de garantir renda e compensar as perdas com o seu negócio anterior – a esteticista ficou vários meses sem cliente nenhum.
Naquele mês, Claudeneide, que vive em uma casa com mais quatro pessoas, comprava o botijão a R$ 60. Agora, ele custa R$ 85, e ela precisa de quatro por mês. Outros aumentos se somam: itens que compõem as embalagens para pizza, por exemplo, duplicaram ou triplicaram de preço. “Tivemos que abrir empresa, comprar forno, masseira… fizemos uma dívida com equipamento e por isso temos que continuar. Mas conseguíamos um lucro de R$ 3.500 no ano passado. Agora, não chega nem a metade disso, e o trabalho é enorme. Pensamos em mudar para forno elétrico, mas a energia também está alta. Na verdade, estamos sem saber o que fazer.” Os valores citados pela autônoma refletem a inflação, que fechou, segundo o IBGE, em 4,52% em 2020, a mais alta desde 2016.
A disparada nos preços provocou a insatisfação de diversos sindicatos de caminhoneiros em todo o país, o que preocupou o governo do presidente Jair Bolsonaro, fortemente apoiado pela categoria. Outras entidades também foram para as ruas reclamar: em setembro de 2020, aproximadamente cem veículos de grande porte estacionaram no acostamento da BR-101 Sul, no Grande Recife, em protesto contra sete aumentos consecutivos no preço do GLP em apenas quatro meses. O ato era organizado pelo Sindicato dos Revendedores de Gás Liquefeito de Petróleo do Estado de Pernambuco (Sinregás-PE). Na manifestação, placas e cartazes tinham mensagens como “ABSURDO!!” e “Já basta”.
No final de fevereiro deste ano, após mais um ensaio de greve por parte dos caminhoneiros diante de novos aumentos dos combustíveis e do GLP, o presidente decidiu intervir na presidência da Petrobras. Nomeou mais um militar, o general Joaquim Silva e Luna – com ele, o número de representantes das Forças Armadas em cargos de comando nas estatais com participação da União atingiu 92, um marco histórico, segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo. As reações na troca de comando foram fortes: a estatal perdeu R$ 102,5 bilhões em valor de mercado após a intervenção.
Criada em 2018, a Associação Nacional dos Amigos e Vítimas de Queimaduras (Anaviq), entidade constituída por cerca de 190 membros, é uma rede de acolhimento, informação e apoio a pessoas que sofreram queimaduras. A ONG também busca conscientizar e alertar a sociedade sobre os riscos de acidentes com fogo, além de desenvolver projetos que contribuem para a elevação da autoestima e a ressocialização dos queimados. A associação, que tem uma atuação forte nas redes sociais, tem como uma das suas principais bandeiras a inclusão de vítimas com sequelas na Lei da Pessoa com Deficiência.
A Anaviq foi criada por Alexandra Bilar Henrique, que sofreu um grave acidente causado pelo uso de álcool. Em 2010, ela estava em um restaurante self-service na cidade de Cajamar, na Grande São Paulo, com uma amiga. Quando foi pesar a comida, uma funcionária do local se aproximou para abastecer o réchaud com álcool e não percebeu que ainda havia fogo ali. “Foi quando houve a explosão. A garrafa com álcool pegou fogo e, no susto, a mulher jogou o objeto em nós”. Alexandra ficou internada por 21 dias. Sua amiga morreu após 37 dias no hospital.
Uma década depois do ocorrido, a paulista ainda está em processo de recuperação. “Acho que o tratamento só acaba quando a pessoa decide que não quer mais. Por mais recursos que a medicina ofereça, é um tratamento difícil e caro. Parei de contar na trigésima quinta cirurgia.”
A necessidade de ir a hospitais e clínicas, de forma recorrente, faz com que as despesas aumentem muito. “Parece besteira o que eu vou te falar, mas não é. Poder estacionar em vaga preferencial perto dos hospitais faz muita diferença. Pagar estacionamento representa uma despesa que pesa no bolso. A inclusão dessas pessoas no bilhete-único é essencial. Muitas abandonam o tratamento porque não podem pagar a locomoção.”
Outra entidade que busca discutir e fomentar o debate sobre assuntos que envolvem as queimaduras e as vítimas delas é a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ). Em concordância com o que diz Alexandra, José Adorno, presidente da SBQ, afirma que o problema trazido pelo aumento do preço do GLP e o consequente aumento dos acidentes é uma questão social e de saúde pública. “A queimadura é um dos piores traumas que um ser humano pode passar”.
Leiliane, a ex-diarista que teve 41% do corpo queimado ao preparar um mingau com um fogareiro improvisado, foi uma das atendidas pela Anaviq. Ela conta que recebeu tratamento psicológico e teve suas principais dúvidas esclarecidas, o que ajudou muito no processo de recuperação. “O apoio psicológico foi muito importante. Graças a eles, eu consegui recuperar minha autoestima”, diz ela. “Vi pessoas em situações mais críticas que a minha, mas todas muito fortes e altivas. Isso me incentivou a levantar a cabeça”.
É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.