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Texto publicado originalmente em 7 de abril de 2017.
Até que ponto percepções cristalizadas na elite política e formadora de opinião, incluindo aí a esquerda acadêmica, partidária e de classe média, têm base na realidade das periferias brasileiras? O mundo dividido em direita e esquerda, a crítica absoluta à meritocracia e ao consumo, a associação dos valores da família e da religião ao conservadorismo político…
Algumas respostas a essa pergunta incômoda vieram à tona na pesquisa Percepções e Valores Políticos nas Periferias de São Paulorealizada pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao Partido dos Trabalhadores. Nela, foram realizadas entrevistas em profundidade e com grupos focais formados por moradores de bairros da periferia da cidade de São Paulo que ganham até 5 salários mínimos. Moradores que votaram no PT entre 2000 e 2012, mas não votaram em Dilma Rousseff para presidente em 2014, nem em Fernando Haddad para prefeito em 2016.
O resultado mostrou uma realidade muito distante daquela que tem constituído o eixo principal do discurso da esquerda no Brasil. E pode ajudar a explicar porque muitas vezes parece que a esquerda brasileira fala para as paredes e não é entendida pelo “povo”. Coloca em xeque também a máxima, às vezes dita abertamente e às vezes subentendida, de que é necessário “educar” esse mesmo povo. Muito antes disso é preciso enxergá-lo, entender suas motivações e como constrói identidade em meio à violência e à falta de oportunidades.
Nem esquerda nem direita. Empregados e patrões no mesmo barco
O discurso maniqueísta do ativismo sindical e da análise acadêmica que divide o campo político em direita e esquerda não tem ressonância na periferia. As opiniões dos entrevistados mudavam de posições mais progressistas ou conservadoras dependendo do assunto abordado. Saem, portanto, do esquema de ser de “direita” ou ser de “esquerda”. Não há essa polarização. Termos como “coxinha”, “reaça”, “conservador” ou “progressista”, que povoam o vocabulário da classe média engajada, não fazem parte do imaginário daqueles que moram na periferia.
A divisão do mundo entre trabalhadores e burguesia, outro ponto fundamental do discurso tradicional da esquerda, também não tem o mesmo nível de aderência entre os moradores da periferia de São Paulo. Não há a noção de luta de classe, não da forma direta como é colocada na ação sindical. “Trabalhador e patrão são diferentes, mas não existe no discurso a relação de exploração: um precisa do outro, estão no ‘mesmo barco’”, diz o relatório da pesquisa.
Uma concepção no mínimo desconcertante para a esquerda que prega o antagonismo entre o capital e o trabalho como o eixo sobre o qual gira toda a disputa política nacional.
O Estado como inimigo: ineficaz e incompetente
E esses patrões e empregados que “estão no mesmo barco” têm um adversário em comum, ou um inimigo: o Estado, cobrador de impostos extorsivos que não se revertem em serviços de qualidade. Para os entrevistados, a grande disputa em jogo na sociedade não se dá entre ricos e pobres, entre donos de grandes corporações e os trabalhadores assalariados, entre capital e trabalho. O confronto real coloca em lados opostos os cidadãos e o Estado, “ineficaz e incompetente”. Está posto entre os cidadãos e seus governantes. Abrindo espaço para a defesa de um certo “liberalismo popular” que defende menos presença do Estado em suas vidas.
“Há solidariedade com os empresários: muitos assumem o discurso propagado pela elite e pelas classes médias apontando a burocracia e os altos impostos como empecilhos para o empreendedorismo”.
Assim, é comum que moradores da periferia reproduzam uma visão de mundo projetada por aqueles grupos aos quais eles querem ascender. Daí muitas vezes nasce um sentimento de solidariedade maior com os patrões do que com os integrantes do seu mesmo grupo social. “Nesse sentido, a resiliência, mais do que a resistência é um valor positivo”, avalia o relatório.
O empreendedorismo é para muitos o caminho para a liberdade. O caminho para se tornar dono do seu próprio negócio, “dono do seu próprio nariz”, de não dever satisfação a ninguém e construir por seu próprio esforço sua história de distinção e sucesso pessoal.
Ascensão social por mérito e esforço próprios
A ascensão social é uma chave importante no processo de construção da identidade e da diferenciação em relação ao outro. Todos jogam suas fichas em crescer na vida e deixar de ser “pobre”. Essa atitude tem a ver com coragem e força de vontade para enfrentar todo tipo de barreira.
Se é verdade que eles reconhecem que algumas políticas públicas podem ajudar neste percurso, abrindo mais oportunidades, entendem que, no fundo, a ascensão vem por mérito e esforço próprios. Citam em destaque três figuras públicas que, vindo de baixo, teriam trilhado esse caminho de superação com o qual se identificam: Lula, Silvio Santos e João Dória Jr. Um espelho a refletir o sucesso que eles mesmos almejam alcançar.
Tantas vezes motor de uma crítica à esquerda ao governo do ex-presidente Lula, o incentivo ao consumo das classes populares e o posicionamento desse consumo como uma marca da inclusão social no Brasil é respaldada pela pesquisa. Ela indica que o consumo é sim um fator importante na construção da identidade e da significação da ascensão social nas periferias. Mas a ascensão que aumentou a capacidade de consumo do morador dos bairros mais pobres não é vista como o resultado apenas da gestão de governo e sim, essencialmente, do esforço pessoal e familiar.
Não confundir consumo com consumismo: “Embora o consumo seja uma dimensão presente e valorizada, o consumismo não ocupa posição central na vida dos entrevistados: o dinheiro é escasso e, portanto, é preciso traçar prioridades”.
A valorização do mercado,a desqualificação do que é público
Se o Estado é apontado recorrentemente como um obstáculo a ser transposto, o mercado, por outro lado, é uma referência positiva em detrimento desse mesmo Estado. “Há pouca valorização do público, tanto que quando podem acessar, querem colocar filho na escola particular, ou pagar convênio médico. A política pública, em alguns casos, pode ser lida como um desvalorização individual. Os ideais comunitários e coletivistas praticamente não aparecem nas narrativas e, quando aparecem, restringem-se à dimensão da família, da vizinhança e da igreja”.
Há uma distorção na noção da coisa pública, que tem menos relação com algo que pertence a todos e passa a ser vista como algo que é de graça e que, justamente por isso, não tem qualidade. A escola e o posto de saúde públicos, por exemplo. “A própria relação com a esfera pública está mediada por interpretações mercantis”.
Os moradores da periferia ouvidos pela pesquisa “querem ter sua singularidade e valores reconhecidos dentro da competitividade capitalista, mostrando que, apesar das limitações impostas pela condição social, também são capazes”. Por isso há uma certa rejeição a políticas públicas que parecem duvidar da capacidade dos menos favorecidos de crescer por seus próprios meios. A meritocracia, tão atacada pela esquerda, tem espaço cativo no imaginário da periferia. “A dimensão da vida privada é central para a constituição da subjetividade do indivíduo”.
A visão que se tem da escola se encaixa nessa lógica de supervalorização do mérito. Ela é considerada uma das principais portas para a mobilidade social. Apesar de reconhecerem todas as dificuldades de infraestrutura e recursos humanos das escolas públicas e viverem divididas entre o ensino e o mundo do trabalho (nem sempre dá para se dedicar exclusivamente aos estudos sem levar dinheiro para casa), eles são muito autocríticos e, por vezes, atribuem o insucesso e o abandono da sala de aula à falta de capacidade pessoal de estudar, à falta de esforço pessoal.
“A lógica mercantil está presente mesmo na interpretação dos direitos trabalhistas e benefícios sociais. As pessoas confiam mais nos programas que ofertam imediatamente recursos financeiros (Bolsa Família/Passe Livre) do que nas leis que orientam direitos”.
Grande mídia agenda o debate.Pode muito, mas não pode tudo
Num ponto a análise crítica da esquerda parece fazer todo o sentido. O papel ainda significativo da mídia hegemônica na construção ou alimentação desse imaginário liberal na medida em que, segundo a pesquisa, ela ainda pauta de forma relevante a agenda de discussões e as informações que circulam nas periferias. “Assuntos debatidos com mais frequência são aqueles que estão na pauta da grande mídia, que continua sendo umas das principais fontes de informação da maioria, como casos de escândalo de corrupção, operação lava jato ou debates sobre as recentes eleições municipais”, diz o relatório.
Mas há uma alerta a considerar: “Embora a mídia tradicional ainda paute os temas que geram mais atenção da população e tente disputar os sentidos da experiência vivida em relação às políticas públicas, ela consegue ser exitosa em reproduzir sua visão de mundo especialmente onde existe um sentimento de ‘vazio’ de políticas públicas na experiência da vida prática e cotidiana”.
Essa constatação nos leva a outro ponto: “Quando as pessoas acessam determinadas políticas de forma efetiva e satisfatória em relação a expectativas e necessidades, como por exemplo os CEU`s no caso da gestão Marta Suplicy, elas tendem a fazer avaliações independentes e não permeáveis aos valores e discursos construídos pela imprensa tradicional”. Ou seja, a grande mídia pode muito, mas não pode tudo. Não pode quando o que diz entra em contradição com a experiência pessoal vivida pelo telespectador.
Avanço estável:contra o caos e as rupturas
Há um valor arraigado na periferia que também ajuda a explicar porque o discurso incendiário e de confrontação aberta com o sistema sofre resistência e nem sempre mobiliza os mais pobres. Existe entre os mais pobres uma percepção de que numa situação de ruptura eles são os que mais perdem. Para poderem trilhar o caminho da ascensão social é preciso estabilidade. “Riscos de rupturas, de caos e ameaças incomodam e tendem a ser rejeitados”.
Esse sentimento já havia sido detectado pelo cientista político e jornalista André Singer em seu livro Os Sentidos do Lulismo (Companhia das Letras, 2012) ao definir como “pacto conservador” a aliança construída pelo governo do ex-presidente Lula com as camadas de baixa renda, garantindo-lhes mais renda e emprego sem romper com o sistema, com o grande capital. Assegurando, portanto, estabilidade política para a ascensão social da periferia.
Fator de estabilidade também mencionado pelos entrevistados é a família, vista como “um porto seguro, o que mantém a gente na linha”. Um alicerce importante para garantir que os filhos sejam pessoas corretas e não sigam uma vida de desvios. Neste sentido, a tão propalada crise ética do Brasil não é percebida como algo sistêmico, da nossa estrutura política, mas como desvio individual, de falta de educação familiar. Reforçando o viés liberal no modo de ver o mundo.
Igreja acolhe e dá sentido de pertencimento
Junto à família, a religião é considerada fator central na vida dos entrevistados. Ela se constitui como “o principal espaço de sociabilidade, que dá sentido de comunidade, de pertencimento e acolhimento, constituindo uma rede de apoio e solidariedade”. Não é pouco, considerando a situação de vulnerabilidade social nas periferias das grandes cidades brasileiras. Estar na igreja agrega valor na periferia, mostra que você tem bons valores, é uma pessoa honesta.
“A igreja aparece menos na sua dimensão teológica e mais como instituição de apoio para minimizar ou evitar o risco de seguir pelo caminho errado da desocupação e da criminalidade”.
Antes que a esquerda levante a voz para bradar o discurso da religião como ópio do povo e raiz do conservadorismo político que tomou conta da agenda nacional, é preciso ter em conta que, na prática, o nível de tolerância apresentado pelos entrevistados evangélicos é bem maior do que o discurso atribuído às elites das igrejas.
“Diferente do que supõe o senso comum, surgem vozes em defesa da autonomia das mulheres, em defesa do respeito às várias identidades e orientações sexuais, entre outros. Jovens apresentam tendências ainda mais liberais que mais velhos. Os discursos religiosos não são absorvidos em blocos monolíticos e rígidos, havendo espaços de permeabilidade a outras visões narrativas em circulação na sociedade”.
Proximidade com fiéis vale maisdo que ideologia conservadora
A pesquisa também aponta que a preferência pelas igrejas neopentecostais está diretamente relacionada à forma como elas se organizam. Mais próximas e abertas aos fiéis e à comunidade do que a Igreja Católica.
“Nas igrejas neopetencostais se estabelecem relações mais próximas, menos mediadas. Todos acreditam que a conexão com Deus se faz de forma direta, íntima, individual e personalizada. As igrejas neopetencostais oferecem um ambiente de conhecimento e reflexão que favorece esta conexão. Além disso, estas igrejas possuem uma rede de pastores e obreiros que tentam se colocar próximos e disponíveis para dar apoio aos fiéis e, com isso, adentram a casa e a vida das pessoas. Relatos dos católicos desenham uma igreja mais impessoal, menos íntima, com menos conexão com a comunidade”.
O tão temido voto evangélico (temido e dogmatizado, leia-se, no discurso da velha e da nova esquerda católica não-praticante), ao contrário do que se supõe, aparenta ser menos orientado por uma visão ideológica conservadora do que pela construção de uma relação de proximidade com a igreja e os outros fiéis. Um voto para alguém conhecido, que divide o mesmo espaço, que tem uma identidade comum, um sentido comum de pertencimento, comunga dos valores da meritocracia e do desejo de prosperidade. Não necessariamente um “voto conservador”.
Em outras palavras, “ser adepto de uma religião não necessariamente se reverte na adesão plena a um conjunto específico de valores conservadores religiosos que irão, automaticamente, orientar ou se fazer refletir nas escolhas eleitorais”.
“O sucesso neopetencostal se daria mais por questões organizacionais, seu papel acolhedor e de sociabilidade na comunidade do que por questões de conteúdo ideológico. Política também é vínculo, acolhimento e identidade – as igrejas nas periferias proporcionam isso”, diz o relatório da pesquisa.
O descrédito na política ea solução moralizadora
A política vive um intenso processo de perda de legitimidade, chegando inclusive a ser criminalizada. É considerada “suja”, tomada por gente “mau caráter”. Os políticos são vistos como mentirosos, que ludibriam os eleitores prometendo trabalhar por eles, quando, na verdade, defendem apenas seus próprios interesses com vistas a obter ganhos pessoais.
A corrupção dos governantes é apontada como o maior problema do Brasil e responsável por todas as outras mazelas que atingem os brasileiros: desemprego, violência, péssima qualidade dos serviços públicos, como educação e saúde. A pesquisa não diz, mas podemos intuir que a cobertura da grande mídia tem um parcela grande de responsabilidade na deslegitimação da política.
A solução apontada pelas pessoas ouvidas na pesquisa qualitativa realizada pela Fundação Perseu Abramo é “moralizar” o Brasil. Colocar no poder gente de caráter e comprometida com a sociedade. A partir dessa perspectiva surge uma ideia que mostra como as categorias ideológicas de “esquerda” e “direita” falam pouco aos moradores da periferia: criar um único partido integrado pelos melhores e mais honestos políticos para governar o país, juntando o que há de melhor em cada legenda, eliminando as brigas pelo poder e unindo todos os que estão comprometidos com o bem estar da população.
Fica mais fácil entender essa lógica quando percebemos que para a maioria dos participantes da pesquisa os partidos políticos são entidades montadas unicamente para lançar candidatos e governar. Entidades que têm um caráter eminentemente prático. Foram poucos os entrevistados que relacionaram os partidos a projetos políticos baseados em disputas ideológicas. Muitos sequer conseguem distinguir as diferenças entre os partidos existentes no país.
Liberalismo popular: oportunidades iguais, mérito como diferença
Mais uma vez o discurso da eficiência do mercado é colocado em contraposição à ineficiência do Estado. Os entrevistados defenderam uma maior integração entre setor público e setor privado, para que o setor público adquira a eficiência do setor privado e possa garantir um atendimento melhor às demandas da sociedade. Essa posição pode ajudar a compreender a abertura dos setores de baixa renda a parcerias público-privadas e até às terceirizações.
“Há menos a presença de um neoliberalismo enraizado ou de um conservadorismo no sentido estrito e mais de um liberalismo particular das classes populares, que precisa ser melhor compreendido. Tem a igualdade de oportunidades como ponto de partida e a defesa do mérito como linha de chegada. Trata o mercado como instituição mais crível que o Estado, a esfera privada mais relevante que a pública e cultiva mais o individualismo que a solidariedade. Tem como valores prioritários o sucesso, a concorrência, o utilitarismo e mercantilização da vida”.
Mas, é importante que se diga, “reconhece a importância de um Estado eficaz em reverter impostos em serviços de qualidade e em reduzir desigualdades”.
Periferia: a vida vivida quenão pode ser ignorada
O descrédito na política, com a sobrevalorização do mercado em detrimento do Estado e o entendimento de que os políticos tradicionais são todos corruptos contribui, segundo a conclusão da pesquisa, para a vitória de candidatos como João Dória Jr., atual prefeito de São Paulo. Visto como alguém rico e bem-sucedido, que veio de baixo, e, por isso, não precisa se envolver em roubalheiras.
O relatório faz uma ressalva: “os entrevistados seguem acreditando em saída democráticas, falam em fortalecimento dos processos de transparência e participação. No processo de formação de opinião, as condições materiais de vida e do cotidiano são preponderantes.”
A pesquisa é um ponto de partida para reflexões que não podem ser mais desprezadas pela esquerda brasileira. Discursos reducionistas que, quando não ignoram, fazem pior e desmerecem a experiência da vida vivida nas periferias das grandes cidades brasileiras, precisam ser revistos.
Negar o mérito pessoal na ascensão social é uma forma de invisibilizar o indivíduo, sua especificidade e criatividade próprias. Ser “beneficiário de programa social” não define ninguém. Pode ser um ponto de partida para avançar na vida, não é o ponto de chegada. A pesquisa evidencia que o mérito é um elemento forte na construção da identidade nas periferias, como é também na classe média, de esquerda ou de direita.
“O campo democrático-popular precisa produzir narrativas contra-hegemônicas mais consistentes e menos maniqueístas ou pejorativas sobre as noções de indivíduo, família, religião e segurança”.
O caso das igrejas neopentecostais é emblemático. Visto pela esquerda como o espaço onde germina o mais tosco conservadorismo, as igrejas têm sido um anteparo importante na cotidiano de milhões de brasileiros das classes de mais baixa renda, ofertando aquilo que o discurso “maniqueísta e pejorativo” das esquerdas não pode dar: proximidade, acolhimento, sentido de pertencimento.
Antes de perguntarmos por que a periferia não está em peso nas ruas defendendo o Estado Democrático de Direito talvez devêssemos perguntar por que a esquerda não está na periferia?
Co-autor do livro e da série de TV Vulneráveis e dos documentários Bora Ocupar e Território Suape, foi editor de política do Diário de Pernambuco, assessor de comunicação do Ministério da Saúde e secretário-adjunto de imprensa da Presidência da República