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Crédito: Raquel Lemos/Marinha do Brasil
por Cristiane Prizibisczki*, publicado originalmente no portal ((o)) Eco
A Capitania dos Portos de Pernambuco (CPPE) informou que não realizará, em nenhuma data nos próximos meses, exercícios de tiro na zona marítima defronte ao estado. O exercício estava programado para acontecer hoje, a poucos quilômetros de duas áreas protegidas e na rota das baleias jubarte, que usam o litoral brasileiro para se reproduzirem nesta época do ano.
A CPPE confirmou a ((o))eco que a informação sobre o exercício saiu de um dos setores do órgão, a Seção de Controle Naval do Tráfego Marítimo e de Embarcações, mas, segundo a Capitania, o vazamento dos dados teria sido um “equívoco”.
A informação sobre as atividades da Marinha no Nordeste vieram à público na última quarta-feira, 17 de agosto, quando uma mensagem circulou entre grupos de pescadores, comunidades litorâneas de Pernambuco e em fóruns de discussão de áreas protegidas no estado, como os Conselhos das Áreas de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais e APA Marinha Recifes Serrambi.
Na data, o Instituto Baleia Jubarte chegou a enviar um ofício à Marinha solicitando o adiamento da ação, já que o exercício poderia comprometer a migração das baleias jubarte na costa brasileira.
Na lista de espécies ameaçadas até 2014, hoje a população de baleia jubarte está em crescimento no Brasil. Estima-se que, atualmente, cerca de 25 mil indivíduos da espécie frequentem a costa brasileira entre junho e novembro para acasalar, dar à luz e amamentar os filhotes.
O Instituto pedia que treinamentos da Marinha com tiros fossem feitos fora deste intervalo de tempo.
O anúncio do exercício em Pernambuco ocorreu apenas uma semana após a suspensão de atividade similar na Ilha Sapata, parte da zona de amortecimento do Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes, no litoral paulista.
A ação naquele local estava inicialmente prevista para acontecer entre os dias 16 e 17 de agosto, mas foi cancelada, após o ICMBio, que cuida das áreas protegidas do Brasil, informar que a atividade comprometeria a reprodução das aves de Alcatrazes.
*Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellowship Programme (2011), com o artigo “(Mis)Informed Cities? – The urban level of climate change as reported on the pages of UK prestige press: a case study of the websites of BBC News and the Guardian”. Já trabalhou para veículos como Valor Econômico e revistas da Editora Abril (freelancer) e desde 2007 colabora para ((o))eco. Foi vencedora do Earth Journalism Awards (2009) em três categorias internacionais e do Prêmio Embrapa de Reportagem (2014).
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