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Festival fala encerra com anúncio de edital para mídia independente de Pernambuco

Marco Zero Conteúdo / 25/09/2023
Palco do Festival, com fundo de painel colorido, com quatro pessoas sentadas em poltronas dispostas em semicírculo.

Crédito: Vinícius Martins/Divulgação

Foi um evento inédito em Pernambuco. Durante três dias, a quarta edição do Festival Fala! debateu o futuro do jornalismo e seu papel na sociedade brasileira a partir da perspectiva popular, e colocou em discussão as diferentes linguagens do cotidiano, como slam, cordel, literatura, teatro, música, modos off-line, como carros de som ou rádios difusora.

Como na edição anterior, realizada em Salvador, o encerramento foi marcado pela abertura de um novo Edital FALA! direcionado a grupos de mídia independente, coletivos de comunicação popular e de jornalismo local, arte e cultura de Pernambuco, para que apresentem propostas voltadas para a produção de conteúdo informativo, visibilizando histórias e culturas de resistências a partir dos territórios periféricos.

O objetivo do edital será estimular a produção de conteúdos jornalísticos que dialoguem com narrativas e linguagens sobre arte e culturas, comprometidas com a diversidade e em defesa dos direitos humanos e da democracia a partir das vivências dos territórios periféricos. As inscrições estarão abertas em breve, e mais informações serão divulgadas nas redes sociais e site oficial do Instituto FALA!

O anúncio da abertura de edital para mídia independente de Pernambuco é o desfecho que uma programação intensa, que começou na quinta-feira no auditório do museu Cais do Sertão, com uma mesa em homenagem ao poeta e cronista pernambucano Miró da Muribeca, falecido no final de agosto do ano passado.

Como o festival encerrou

O último dia do festival começou a apresentação de Orun Santana, artista, bailarino, capoeirista, professor, pesquisador em dança e cultura afro do Recife. Depois, a repórter Giovanna Carneiro, da Marco Zero, mediou uma mesa sobre comunicação nos territórios com a participação da ialorixá Gilmara Santos, de Salvador, que é ativista social, historiadora, integrante da Rede de Mulheres de Terreiro da Bahia e diretora e apresentadora do Programa A Voz do Axé; Bia Pankararu, indígena do povo Pankararu, residente e líder local da Aldeia Agreste, produtora cultural e audiovisual, e Edson Fly, educador popular, jornalista, ator e idealizador fundador do Núcleo de Comunicação Caranguejo Uçá, que atua com as comunidades da pesca artesanal na Região Metropolitana do Recife.

Durante o diálogo, Gilmara emocionou-se diversas vezes ao lembrar da atuação do Voz do Axé na repercussão do assassinato de mãe Bernadete, enquanto Bia Pankararu mencionou o uso das redes sociais na comunicação dos povos indígenas de Pernambuco. Já Edson Fly revelou que atuar em várias frentes implica também em “adoecimento” dos ativistas.

Dinheiro foi assunto no último dia da programação, pra ser mais exato, Grana e Afeto, título da oficina final, ministrada por Bruna Gonçalves, percussionista, diretora financeira de blocos de carnaval e coordenadora do administrativo e financeiro da Énois, e Simone Cunha, jornalista, consultora de captação para o jornalismo e diretora de Sustentabilidade da Énois. As duas falaram sobre as relações financeiras estabelecidas por indivíduos ou por coletivos, que podem ser determinantes na reprodução de um sistema desigual ou na luta contra o mesmo.

Já a última roda de conversa foi sobre Educação Midiática: caminhos para combater a desinformação e o discurso de ódio. Quem mediou foi a jornalista Martihene Oliveira, idealizadora do Coletivo Sargento Perifa e coordenadora do Mapa da Mídia Independente e Popular de Pernambuco. A roda contou com duas jornalistas pernambucanas, Ana Veloso e Catarina de Angola, além de Ariel Bentes, de Manaus, uma das fundadoras da Abaré Escola de Comunicação, cujo foco de atuação é a educação midiática nas escolas.

Depois de Ana Veloso, que é professora da UFPE, enfatizar a questão da necessidade de regulamentação das plataformas como um dos caminhos para o combate à desinformação, o debate girou em torno de que a responsabilidade da informação não é dos jornalistas. “O mapa [da Mídia Independente] mostra que a comunicação, além de ser plural, tem diversidade de vozes e de formatos”, explicou Martihene.

Por fim, a quarta e última mesa – Jornalismo de Causas e o tripé do poder: Política, Economia e Justiça – teve o propósito de discutir de que maneira o jornalismo de causas pode aproximar o tripé do poder do cotidiano das pessoas. Para isso, a jornalista e editora de relacionamento da Ponte Jornalismo, Jessica Santos, coordenou o diálogo entre a secretária assistente de redação para Diversidade da Folha de S.Paulo e coordenadora do programa de treinamento voltado para profissionais negros do jornal, Flávia Lima; a professora de Jornalismo da UFPE e colunista do Intercept Brasil, Fabiana Moraes; e a professora de direito constitucional da PUC-Rio, professora visitante no African Gender Institute (Universidade da Cidade do Cabo, África do Sul) e integrante da Assembleia Geral da Anistia Internacional no Brasil, Thula Pires.

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