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Um jovem negro entre 15 e 29 anos tem 3,8 vezes mais chance de ser assassinado em Pernambuco do que um jovem branco da mesma idade. O estado ocupa a décima colocação no Brasil no risco relativo de homicídios entre jovens negros e brancos, acima do índice nacional de 2,7, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (11) pela Secretaria Nacional da Juventude em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e a Representação da Unesco no Brasil.
Risco relativo de um jovem negro ser vítima de homicídio em relação a um jovem branco, Brasil e UFs
A taxa de homicídios de jovens negros em Pernambuco no ano de 2015 foi de 124,9 por 100 mil habitantes contra 32,5 entre os jovens brancos. O relatório analisou o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial que leva em conta mortalidade por homicídio e acidente de trânsito, frequência à escola e situação de emprego, pobreza, desigualdade e risco relativo de homicídio entre jovens negros e brancos. Somadas todas essas variáveis, Pernambuco ocupa o quarto lugar no IVJ com 0,455, perdendo apenas para Alagoas, Ceará e Pará.
Os valores do IVJ podem ir de 0,0 até 1,0, sendo que quanto maior o valor, maior o contexto de vulnerabilidade dos jovens daquele território.
“A violência contra a juventude negra no Brasil atingiu índices alarmantes e precisa ser enfrentada com políticas públicas estruturadas que envolvam as diversas dimensões da vida dos jovens como educação, trabalho, família, saúde, renda, igualdade racial e oportunidades iguais para todos”, ressaltou representante da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, no relatório, onde destaca que os “jovens de 15 a 29 anos representam um quarto da população brasileira e estão entre as maiores vítimas de homicídios”.
Comparativo da taxa de homicídios entre jovens brancos e negros, UFs da Região Nordeste – 2015
MULHERES
O mesmo relatório mostra que ser mulher e negra aumenta em quase duas vezes e meia (2,43) o risco de homicídio em Pernambuco em relação a ser mulher e branca, considerando-se a faixa etária de 15 a 29 anos, com base de dados de 2015. Nesse aspecto, o Estado ficou acima da média nacional, na qual o risco de uma jovem negra ser vítima de homicídio é 2,19 vezes maior do que uma jovem branca. O resultado também colocou Pernambuco na quarta posição do ranking nacional entre os estados com as piores taxa de homicídios envolvendo mulheres negras no Nordeste. De acordo com os dados do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência, a pior situação da região é a da Paraíba, onde a taxa de mortalidade das negras chega a 13 em cada 100 mil ante 2,3 das brancas. Rio Grande do Norte e Alagoas ocupam o segundo e o terceiro lugar no ranking regional, respectivamente.
Comparativo da taxa de homicídios entre mulheres jovens negras e brancas, UFs da Região Nordeste – 2015
O estudo leva em consideração os dados de 2015 como referência, ano da criação da Lei do Feminicídio (13.105/2015), que passou a classificar a violência letal contra a mulher como uma modalidade de homicídio qualificado. Embora essa lei já existisse antes, apenas este ano a Polícia Civil de Pernambuco passou a registrar as ocorrências dentro dessa classificação após pressão dos movimentos sociais, o que deve facilitar o controle e o desenvolvimento de ações de prevenção a esse tipo de crime.
MUNICÍPIOS
O Cabo de Santo Agostinho, no Litoral Sul do Estado, foi o município com maior situação de vulnerabilidade juvenil à violência do Brasil. No levantamento, Pernambuco ainda aparece no destaque dos dez municípios com mais de 100 mil habitantes que expressaram pioras mais acentuadas no Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ) com Garanhuns, no Agreste pernambucano e Igarassu, na Zona da Mata Norte. De 2012 para 2015, o IVJ de Garanhuns subiu de 0,384 para 0,516, enquanto que o de Igarassu passou de 0,400 para 0,537.
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