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Neste sábado, 19 de outubro, na reta final para o segundo turno, o candidato Vinicius Castello (PT) prometeu que, se eleito, vai criar uma secretaria da Mulher em Olinda. A cidade não tem uma pasta exclusiva para elas, apenas uma secretaria especial. Para isso, ele disse que já está em negociação com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, para assegurar orçamento. Ela esteve nesta sexta (18) em Olinda em agenda com o petista.
Vinicius antecipou a informação em entrevista antes da caminhada que reuniu centenas de mulheres, com presença dos movimentos sociais, em ato no bairro de Peixinhos. Em Olinda, 54% da população é formada por mulheres.
“Eu tenho a ministra da mulher, Cida Gonçalves, ao meu lado, e a gente já tem muitos programas nacionais que vamos querer fazer com que Olinda seja plataforma. Ser o candidato do presidente Lula me permite ter também a felicidade de saber que agora a gente pode ter muito mais acesso do que outrora”, anunciou.
Nas últimas semanas, Vinicius tem sido alvo de campanhas difamatórias repletas de ataques homofóbicos e discursos de ódio por parte dos adversários. A caminhada das mulheres neste sábado (19), arrastando centenas de pessoas e com boa receptividade na porta das casas, levou para as ruas a adesão que o candidato recebeu nesta reta final, quando a base do prefeito Lupércio Nascimento (PSD), que tenta eleger Mirella Almeida (PSD) como sua sucessora, passou a debandar em peso para o lado de Vinicius.
Estavam presentes na caminhada a ministra Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovações), o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a senadora Teresa Leitão (PT), o senador Humberto Costa (PT), as deputadas Gleide Ângelo (PSB), Dani Portela (PSOL) e Rosa Amorim (PT), além da vereadora eleita de Olinda Eugênia Lima (PT) e as vereadoras eleitas do Recife Kari Santos (PT) e Jô Cavalcanti (PSOL), além de apoiadores locais.
As olindenses esperam há dez anos pela execução do plano de políticas públicas, como mostrou a MZ em matéria publicada em março deste ano. Dez anos e duas gestões municipais se passaram, mas o documento nunca saiu do papel. Em 2014, na segunda gestão do prefeito Renildo Calheiros (PCdoB), a prefeitura chegou a lançar, por meio da secretaria executiva da Mulher e dos Direitos Humanos, o 1º Plano Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres. Porém, ele não chegou a ser implementado.
No primeiro semestre de 2024, uma década depois e sob pressão do movimento feminista, a prefeitura de Lupércio comunicou que iniciaria novamente o processo para elaboração de um novo plano. Como nada aconteceu, a frustração do movimento feminista deu mais gás para que as mulheres apoiassem as ideias de Vinicius.
“Meu plano é ter uma secretaria da Mulher para a gente poder conseguir de fato ter uma política direcionada, porque são muitas as violências para a maioria da população”, argumentou o candidato, lembrando que o índice de violência contra mulher explodiu em Olinda nos últimos anos. O plano do petista é que essa secretaria atue olhando para os eixos segurança, trabalho e renda, primeira infância e mulheres idosas, saúde e assistência social. Ele disse que também pretende dialogar com a governadora Raquel Lyra (PSDB) para ampliar o funcionamento das delegacias da Mulher para que atuem também nos fins de semana.
“Enquanto homem, eu preciso perceber que, no meu governo, a gente precisa tocar políticas direcionadas que envolvam não privilégios, mas a equiparação de quem comanda muitas famílias. Eu estou falando aqui de mães solos, que são uma parcela gigantesca da população. Eu estou falando aqui das que mais acessam os benefícios de assistência no município e que chefiam as suas famílias, de mulheres que estão na luta pela pauta da moradia e que precisam de um governo para poder viabilizar as zonas de regularização fundiária para poder dar dignidade a essas famílias. Isso tudo é política integrada das mulheres”, defendeu.
A agente de direitos humanos Lilian Fontinelly, mulher trans, deu seu depoimento de por que está apoiando Vinicius, e não Mirella: “Ele é um menino que conhece a cidade de Olinda, que nasceu dentro da comunidade, é um rapaz que vai fazer realmente a inclusão social. A LGBTfobia não vai impedir ele de se eleger. É de grande importância um jovem negro de periferia assumir essa responsabilidade”.
A reportagem consultou a assessoria de imprensa da candidata Mirella para saber se ela também pretende criar uma secretaria exclusiva para as mulheres caso eleita, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Ao saber da repercussão, Mirella rebateu críticas das apoiadoras de Vinicius: “Eu acho que é muito triste escutar de uma mulher que a outra é ‘qualquer mulher’. Eu não sou qualquer mulher, eu sou uma mulher com muita competência, com muita história. Nascida e criada em Olinda, vinda do bairro de Rio Doce, vendi trufa aos meus 15 anos, então, eu não sou qualquer mulher. Eu estou longe de ser qualquer mulher, porque não existe qualquer mulher. Existe mulher forte, mulher de verdade e eu sou uma delas”. A informação foi publicada pelo Blog Cenário.
Neste sábado (19) pela manhã, ela esteve em caminhada na Cidade Tabajara com presença da governadora Raquel e a vice-governadora, Priscila Krause (Cidadania).
À imprensa, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, alfinetou o prefeito de Olinda e sua candidata, Mirella: “A adversária dele (de Vinicius) significa a família do Lupércio, significa cuidar de uma família que tenta se eternizar. Era a Cláudia de Lupércio, agora é a Mirela de Lupércio. Tudo tentando esconder o ‘Lupéssimo’ que está por trás de Lupércio, do desastre que é”.
“E Vinicius encara a mudança, encara essa representação do presidente Lula”, rebateu, dizendo que Lula vê em Vinicius a renovação, por ser um jovem trabalhador, hoje advogado, negro, da periferia de Olinda.
Sobre a ausência de Lula na cidade neste segundo turno, Padilha não descartou que o presidente ainda pode ter agenda em Olinda na próxima semana. “O presidente Lula está com agenda internacional, como presidente da república, que vai ocupar toda esta semana, mas não se surpreenda se o presidente Lula arrumar um jeito de baixar aqui em Olinda antes do segundo turno”, disse.
Vencedora do Prêmio Cristina Tavares com a cobertura do vazamento do petróleo, é jornalista profissional há 12 anos, com foco nos temas de economia, direitos humanos e questões socioambientais. Formada pela UFPE, foi trainee no Estadão, repórter no Jornal do Commercio e editora do PorAqui (startup de jornalismo hiperlocal do Porto Digital). Também foi fellowship da Thomson Reuters Foundation e bolsista do Instituto ClimaInfo. Já colaborou com Agência Pública, Le Monde Diplomatique Brasil, Gênero e Número e Trovão Mídia (podcast). Vamos conversar? raissa.ebrahim@gmail.com