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A menina de 12 anos que subverte a tradição masculina do aboio no sertão do Pajeú

Géssica Amorim / 13/06/2021
Lucivânia Aparecida Lopes Porfírio da Silva tem 12 anos e nasceu numa família de vaqueiros_

Crédito: Géssica Amorim/MZ Conteúdo

Lucivânia Aparecida Lopes Porfírio da Silva tem 12 anos e nasceu numa família de vaqueiros. Moradora do distrito de Sítio dos Nunes, no Sertão do Pajeú, a cerca de 359 quilômetros do Recife, ela começou a se interessar por vaquejada e pegas de boi ainda aos oito anos. Um ano depois, começou a aboiar, cantando sobre temas típicos dos versos improvisados e entoados pelos vaqueiros sertanejos.  As dificuldades para lidar com a terra em tempos de estiagem, a devoção aos santos protetores do lugar, e o trato com o gado teimoso e bravo são alguns dos assuntos presentes na poesia sertaneja.

No pequeno distrito, que tem pouco menos de 5 mil habitantes e faz parte do município de Flores, Aparecida Porfírio é uma das poucas meninas que demonstram interesse por assuntos relacionados à vaquejada. Cida – como é chamada pela família – está no 7° ano do ensino fundamental e diz que, quando crescer, quer cantar aboios para públicos maiores do que os das festas de pegas de boi que costumava frequentar antes da pandemia.

“Antes da covid, a gente ia pra pega de boi e, quando eu tinha uma chance, eu me apresentava, cantava com os vaqueiros. Quando eu tiver maior, eu quero cantar pra mais gente ainda”. Sobre qualquer dificuldade para encarar o público durante as apresentações, a pequena é honesta sobre as sensações e desafios. “Eu fico meio tímida. Na primeira vez que eu fui cantar pra mais gente, eu entrei toda me tremendo. No começo é difícil, mas vai ficando tranquilo. Depois, é uma sensação que eu não consigo explicar. É muito bom”. 

A mãe da menina, a agricultora Luzia Edivânia, 38, diz que Aparecida tem o apoio de toda a família, caso queira se tornar uma profissional. “Com certeza, ela tem o apoio de todos nós. A gente a incentiva muito a cantar. Às vezes, ela quer desistir, mas a gente sempre dá um jeito de animá-la. Nós sabemos que ela gosta e tem talento para aboiar”. 

Aparecida está começando a compor seus próprios versos e também tem facilidade para decorar as toadas que escuta buscando na internet ou ouvindo algum parente ou vaqueiro cantar. Ela costuma gravar e publicar vídeos em sua conta no Instagram (lucivaniaaparecida966). Os comentários e reações às suas publicações são positivos e incentivadores. Vale a pena conferir e acompanhar o talento e o caminho de Cida.

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