Ajude a MZ com um PIX de qualquer valor para a MZ: chave CNPJ 28.660.021/0001-52
Crédito: Crédito: Veetmano/JCmazella
por Isabelle Meunier*
A absurda intervenção da Polícia Militar no final do ato do dia 29 de maio, na Ponte Duarte Coelho e proximidades, em Recife, encontra-se descrita em muitos relatos de participantes, registrada em fotografias e vídeos e denunciada por parte da imprensa comprometida com a liberdade e a democracia.
Pouco mais há a se dizer para transmitir a revolta e a indignação diante dos fatos. Tratam-se de criminosos: criminosos os soldados que agrediram propositadamente a vereadora Liana Cirne, criminosos os que cegaram dois cidadãos, criminosos todos aqueles que usaram qualquer tipo de violência para impor, sem motivo razoável, a obediência às suas inexplicáveis ordens.
É óbvio que se esperam punições para essas pessoas, assim como se espera que estejam para sempre distantes de forças de segurança, já que são ameaças reais, expressão do ódio e da barbárie que corroem nossa esperança em uma sociedade melhor, solidária e com justiça social.
Por maior que seja o horror relatado, o caso traz outras reflexões. Não é difícil perceber que esses fatos anunciam ameaças ao estado de direito, quando a polícia se comporta como milícia armada, agredindo jovens e idosos, estudantes e professores, crianças e senhoras que denunciavam os ataques do Governo Federal à educação, à saúde e à vida.
Não basta punir os culpados. Isso é o mínimo que se exige quando há crimes fartamente testemunhados. É preciso saber por que havia uma polícia militarizada, truculenta, despreparada, colocada em formação e armada com bombas e balas de borracha para impedir a passagem de pessoas pela Av. Guararapes, quando o ato já havia transcorrido com tranquilidade e se encaminhava para dispersão.
O que temiam? O que protegiam? Quais as ordens justificariam enfrentar e ferir cidadãos recifenses que se deslocavam, sem qualquer ameaça à integridade das pessoas ou mesmo do patrimônio público? Cabe ao Governo do Estado responder essas questões e mais: a quem serve a polícia militar de Pernambuco?
Aos fascistóides que procuram satisfazer suas fantasias de poder admirando fardas e os fardados que atentam contra o povo, não custa informar: o ato foi lindo, grande e potente. Cumpriu seu papel de expressar a nossa indignação com o governo Bolsonaro e ainda desnudou a violência que dirige as ações da polícia militar. Foi um belo recomeço. Voltaremos às ruas, com segurança sanitária e muita vontade de lutar, e não nos intimidaremos diante de brutalidade e covardia.
* Professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, diretora da Aduferpe e que esteve presente no ato de 29 de maio.
É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.