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Crédito: Arquivo Pessoal
O auxiliar de farmácia André Arcanjo, de 41 anos, está preso há mais de 30 dias por um crime de latrocínio que ele assegura não ter cometido. Agora a Justiça converteu sua prisão em preventiva, após acatar denúncia oferecida pelo Ministério Público.
As imagens de um vídeo em que André aparece entrando na casa da vítima, um vizinho idoso que ele costumava ajudar no bairro de Areias, onde ambos moravam, são a única prova apresentada pelo delegado responsável pelo caso, Vitor Meira Toscano Pereira, da 4ª Delegacia de Polícia de Homicídios do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A Polícia Civil não comenta inquéritos já concluídos e agora o processo corre em sigilo.
“Meu filho está em estado de choque. E eu também. Infelizmente, a prisão que era temporária passou para preventiva”, avisou, chorando, a mãe de André, Maria do Carmo Arcanjo, de 62 anos, aposentada. “Isso não é justo, um inocente pagando por uma coisa que não cometeu. Você não sabe como está o coração de uma mãe”, disse. “Meu coração está dilacerado, eu não sei quando meu filho vai sair dali. Meu filho é um trabalhador, com residência fixa, um menino de igreja”, clamou Maria do Carmo.
De testemunha, André passou a réu. Mesmo tendo colaborado com as investigações, indo até a delegacia prestar depoimento por livre e espontânea vontade, sem advogado, e cedendo o próprio celular. As imagens do vídeo, capturadas por uma câmara da vizinhança, também mostram os dois principais suspeitos do crime saindo de um carro estacionado na rua e entrando no imóvel, aproveitando a porta aberta.
A vítima foi Edvaldo Oliveira Carvalho, de 71 anos, conhecido na comunidade como “Seu Valdo”. André tinha com ele uma relação de amizade e solidariedade há mais de 20 anos, ajudando-o nas tarefas de cuidado e higiene da agora viúva, que sofre de Mal de Alzheimer. Por ser auxiliar de farmácia e trabalhar em unidades de saúde, ajudava até mesmo a dar banho na mulher. Como agradecimento, Seu Valdo sempre convidava André para almoçar ou tomar um café.
A defesa de André já entrou com um novo pedido de liberdade, dessa vez com um habeas corpus.
A campanha na internet para pressionar pela retirada de André do Centro de Observação Criminológica e Triagem Prof. Everardo Luna (Cotel), onde ele está preso desde o início de outubro, já recolheu mais de 11 mil assinaturas. Nesta sexta-feira, 5 de novembro, às 14h, acontece um tuitaço com as hashtags #JustiçaPorAndréArcanjo e #LiberdadeParaAndréArcanjo.
O movimento está sendo puxado por parentes, amigos, companheiros de igreja e colegas de trabalho. Todos negam as acusações e se dizem estarrecidos com a situação vivida por André.
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Vencedora do Prêmio Cristina Tavares com a cobertura do vazamento do petróleo, é jornalista profissional há 12 anos, com foco nos temas de economia, direitos humanos e questões socioambientais. Formada pela UFPE, foi trainee no Estadão, repórter no Jornal do Commercio e editora do PorAqui (startup de jornalismo hiperlocal do Porto Digital). Também foi fellowship da Thomson Reuters Foundation e bolsista do Instituto ClimaInfo. Já colaborou com Agência Pública, Le Monde Diplomatique Brasil, Gênero e Número e Trovão Mídia (podcast). Vamos conversar? raissa.ebrahim@gmail.com