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Com antiga faculdade interditada, estudantes de Odontologia da UPE cobram sede ao governo estadual

Marco Zero Conteúdo / 11/08/2023
Prédio em forma de S em péssimo estado de conservação, com mata de árvores altas no lado esquerdo da imagem e terreno baldio com entulhos na frente do edifício, {a direita da foto).

Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

por Jeniffer Oliveira

Logo depois da solenidade de homenagem à Faculdade Pernambucana de Odontologia de Pernambuco (FOP), uma das unidades da Universidade de Pernambuco (UPE), na Câmara dos Vereadores do Recife, estudantes se reuniram em um protesto para reivindicar melhores condições do curso de Odontologia. Um dos maiores problemas enfrentados pela comunidade acadêmica é a falta de uma sede própria para a realização das atividades. 

Atualmente, o funcionamento da instituição está distribuído em três prédios provisórios: no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam) e no Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP). “A rotina por si só é cansativa, já era quando tínhamos um lugar fixo e, agora, temos que nos deslocar muitas vezes para lugares diferentes, para aulas, monitorias e atividades clinicas. Então, é uma situação desafiadora”, afirma Luiz Gustavo, presidente do diretório acadêmico da FOP. 

A assistência também é uma pauta reivindicada pelos jovens da Universidade. De acordo com João Mamede, coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UPE, “a garantia da permanência estudantil vai além de comer e pagar passagem”. Ele afirma que os estudantes do prédio do ITEP, localizado na Várzea, por exemplo, são expostos à criminalidade diariamente. “Recebemos vários relatos de estudantes que sofreram violência ou sofreram algum assalto naquela região, que também é um fator decisivo para a evasão”, aponta o dirigente do DCE. 

Com 68 anos de existência, a instituição foi a primeira a oferecer o curso de mestrado em odontologia do nordeste. Uma referência nacional e internacional, teve a antiga sede, localizada no bairro de Aldeia, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, interditada por problemas estruturais em 2019. O prédio, que passou 43 anos abrigando a faculdade, é um símbolo da arquitetura modernista do estado, projetado pelo arquiteto português radicado no Recife, Delfim Fernandes Amorim. Hoje, amarga as marcas do tempo e do abandono.

Estudantes aproveitaram solenidade para protestar na Câmara Municipal do Recife. Crédito: Jeniffer Oliveira

Docentes também cobram solução

O professor e ex-diretor da faculdade, Belmiro Vasconcelos, está na instituição há 34 anos e enxerga que essa é uma dificuldade para todos que estão envolvidos na comunidade acadêmica. “Eu entendo a necessidade urgente de construção do prédio para que haja o seu local, a sua casa e fortaleça, não só o ensino, como a pesquisa e a assistência”, reforça. A instituição, para além do ensino, recebe pacientes através de demandas espontâneas ou encaminhados de outras unidades de saúde estaduais e municipais, para atendimento e assistência odontológica pelo SUS.

“Nós estamos questionando o governo. Não é uma brincadeira, são jovens que estão se formando, que têm continuidade, que voltam para a universidade. A odontologia é uma profissão extremamente integrada a todos os processos de saúde”, reitera o diretor Emanuel Dias, que tem reunido esforços e articulações para garantir a verba para o início das obras da nova sede. De acordo com ele, o valor necessário para iniciar no terreno já definido próximo ao Hospital Oswaldo Cruz, no bairro de Santo Amaro, é de aproximadamente sete milhões de reais. 

No entanto, o governo do estado não tem dado garantias ou prazos para que a verba seja liberada e a sede comece a ser construída. “A relação do governo com a universidade é cordial, mas não é positiva. Não chega e diz: eu vou fazer”, afirma. Com isso, o diretor já entrou em diálogo com a ministra de ciência, tecnologia e inovação, Luciana Santos, além de outros parlamentares que possam auxiliar nesta corrida.

A assessoria da UPE foi questionada sobre a solução para as instalações do curso de Odontologia, mas até o fechamento dessa edição, não respondeu à demanda da equipe de reportagem.

  • Atualização às 16h50min do dia 17 de agosto de 2023:

Nota de esclarecimento da Universidade de Pernambuco (UPE):

Sobre a situação das instalações da Faculdade de Odontologia de Pernambuco (FOP), informamos que, em 2019, o prédio onde funcionava a referida instituição, situado em Camaragibe, foi desativado por recomendação da Defesa Civil do Estado por problemas estruturais.
A interdição do prédio da FOP deu-se por uma análise técnica especializada, que diagnosticou um visível estado de degradação estrutural com risco tangível de colapso decorrente da precária manutenção ao longo de décadas.

Diante do fato oficializado, e primando pela saúde e integridade dos seus servidores, alunos e da comunidade, todo processo decisório acerca das medidas de solução para a situação foram tomadas de forma coletiva e colegiada, pautadas nos preceitos da administração pública e em conformidade com os marcos regulatórios da UPE.

Como medida provisória, dentre outras, as atividades acadêmicas passaram a acontecer no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) e no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM) são estruturas que fazem parte da UPE e que ofereceram seus espaços para o desenvolvimento das atividades. Ainda, foram disponibilizados espaços no Instituto de Tecnologia de Pernambuco (ITEP), que está localizado nas imediações do Colégio Militar do Recife.

À época, além da imediata disponibilização e adaptação de espaços físicos para a continuidade das atividades acadêmicas e administrativas, vem sendo adotadas medidas para a regularização do imovel para venda, cujos recursos financeiros serão empregados na construção de um espaço físico adequado para uma nova sede. Recentemente o Governo do Estado ofereceu um espaço físico provisório, porém ainda não houve sinalização quanto ao desembolso dos recursos totais necessários para viabilizar o projeto da sede.

A gestão da reitoria reconhece os desafios operacionais e os impactos negativos que a ausência de uma sede própria provoca na realização das atividades acadêmicas e administrativas. E, desde então, juntamente com a gestão da FOP, tem tomado todas as providencias cabíveis, junto à administração direta do Estado, para a resolução da situação.

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