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Cor, arte e fé nas crianças marcam o mutirão de graffiti no Córrego do Sargento

Jeniffer Oliveira / 02/05/2024
A imagem mostra uma menina pintando uma parede externa. A criança em primeiro plano tem cabelo escuro longo e ondulado ocultando seu rosto de perfil. Ela veste um vestido preto na parte de cima e rosa na parte debeixo e está usando um pincel grande para aplicar tinta rosa na parede. Respingos de tinta rosa são visíveis no braço e no vestido Uma segunda pessoa ao fundo também está envolvida na atividade, mas ela parece estar fotografando a menina e usa camisa preta. O ambiente parece ser urbano, com outras estruturas visíveis ao fundo.

Crédito: Cortesia/Coletivo Sargento Perifa

Se tem uma coisa que criança gosta é de brincar e estar junto de outras crianças. Foi esse o retrato do mutirão de graffiti que aconteceu no Córrego do Sargento, comunidade do bairro de Linha do Tiro, na zona norte do Recife. Com pincéis, tintas e sprays nas mãos, meninos e meninas ajudaram a colorir as ruas da comunidade. Foram aproximadamente 50 pessoas, entre moradores e voluntários, que não deixaram a chuva que caiu no final de semana passado atrapalhar a ação.

Mas o dia não foi marcado apenas pelas pinturas nas paredes. Aconteceram duas oficinas, uma de pintura e outra de break dance, além do Cine RSS, com a exibição de dois filmes produzidos por cineastas recifenses, oferecidos pelos integrantes do coletivo Rede Resistência Solidária (RSS).

Laisa Costa, de 12 anos, é moradora da rua Frei Jorge, que dá acesso ao Córrego e foi convidada pelas amigas para participar, entre as atividades, ela participou da competição de quem “estica” mais tinta, onde as crianças precisam pintar o maior espaço possível com o material disponibilizado. “A gente aprendeu sobre a arte e aprendeu sobre os nossos ancestrais. Eu já ouvi falar no hip hop, que às vezes o meu pai escutava, mas eu não seguia essas músicas. Eu gosto muito de arte desde pequena, então, eu aprendi que a arte é importante”, afirma a menina.

A imagem mostra várias crianças desenhando em uma parede externa. A parede é texturizada e pintada de rosa, com partes desgastadas mostrando a cor cinza do concreto por baixo. As crianças estão focadas em seus desenhos, que incluem formas geométricas e um boneco de palito. É uma cena colorida e animada, com as crianças expressando sua criatividade e se divertindo ao ar livre. A textura da parede e as poças d’água no chão sugerem choveu pouco antes.

Crédito: Cortesia/Coletivo Sargento Perifa
A foto captura uma cena ao ar livre em uma rua pavimentada com paralelepípedos. Um grupo de pessoas está observando dois rapazes que estão criando arte de rua em uma parede verde. O mural na parede inclui um retrato estilizado preto e branco de um rosto humano, junto com outras formas coloridas e texturas. As casas construídas próximas e acima da rua são visíveis no fundo, e o céu acima é claro, mas nublado, indicando possivelmente tempo nublado ou chuvoso.

Crédito: Cortesia/Coletivo Sargento Perifa
A foto mostra um grupo de crianças reunidas ao ar livre. Elas estão segurando folhas de papel, mas não é possível identificar o conteúdo das folhas devido à qualidade da imagem. O ambiente parece ser uma área residencial com construções simples e um carro estacionado ao fundo. Além disso, há um mural artístico visível em uma das paredes ao fundo, e o chão é feito de concreto ou pedra e parece estar molhado ou úmido.

Crédito: Cortesia/Coletivo Sargento Perifa
Esta foto mostra dois homens pintando grandes flores vermelhas em uma parede externa de concreto. A palavra “amor” está escrita na parede acima das flores, com letras estilizadas e coloridas. Ao lado da parede, há uma porta azul clara. A cena parece ser um ambiente urbano ao ar livre, com outras estruturas visíveis no fundo. As pessoas estão usando roupas casuais, e uma delas tem uma mochila azul. A arte mural é vibrante e expressiva, adicionando um toque de criatividade ao espaço.

Crédito: Wilma Santos/ Coletivo Sargento Perifa
Nesta imagem, três crianças estão pintando um muro externo pintado de rosa. Elas estão desenhando uma figura estilizada com tinta preta. A figura tem um corpo alongado e uma cabeça triangular, mas não é detalhada o suficiente para identificar claramente o que representa. As crianças estão vestidas casualmente; uma está de amarelo, outra de verde e a terceira de cinza. O ambiente parece ser ao ar livre durante o dia.

Crédito: Cortesia/Coletivo Sargento Perifa

Diferente de Laisa, Pietra de Lima, de nove anos, é moradora do Córrego e participa do Projeto Social Riselda Amorim, um dos quase 20 projetos integrantes do Coletivo Sargento Perifa, atuante na comunidade. Para a pequena, ação serviu para aproveitar o tempo com os colegas. “Foi muito bom. Foi uma alegria, porque se não tivesse isso eu ia ficar na minha casa e não ia poder brincar (na rua)“, relata.

Este mutirão acontece há quase 20 anos pela RSS, são grafiteiros de diferentes bairros do Recife e Região Metropolitana, unidos de forma independente para levar a arte aos territórios periféricos. De acordo com o artista Galo de Souza, de 45 anos, estiveram na ação pelo menos dez artistas, mas, ao longo dos anos, já houve mutirão com 170 artistas participando.

“O objetivo do mutirão é ter essa troca mesmo, é fortalecer o grupo da comunidade que está puxando o mutirão. Quem faz é a comunidade e a gente faz a parte da cooperação, quem tá fazendo hoje é o Sargento Perifa e a gente tá somando junto como uma ciranda, de mãos dadas”, explica Galo, grafiteiro há quase 30 anos e um dos criadores do evento.

A ideia é que as ações sejam voluntárias e coletivas, contando apenas com a colaboração entre artistas e comunidade, que, geralmente, entra com alimentação e suporte, já os artistas entram com as artes, os materiais e o conhecimento. “É uma forma autônoma de fazer uma ação. A comunidade consegue um pequeno apoio, a gente vai conseguindo tintas por doações e vai fazendo assim, a ideia é que não dependa de projeto, de governo, de nada. Você faz uma ação independente e uma ação de caridade também, você doa um dia do mês da sua vida para estar pintando a comunidade, pintando com as crianças”, completa.

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O coletivo Sargento Perifa é um coletivo de comunicação popular localizado no Córrego do Sargento, no bairro da Linha do Tiro. Com uma equipe majoritariamente jovem, o coletivo tem em torno de 70 integrantes, distribuídos em 20 projetos, que atuam para garantir a justiça social e a melhoria da comunidade através da saúde, esportes, educação e comunicação.

A ação acontece sempre no último domingo do mês em uma comunidade diferente. Trabalhos como esses são importantes para levar, através da arte, o embelezamento das ruas das periferias e para fortalecer o pertencimento dos moradores desses territórios. A ideia é que os artistas retornem ao Córrego do Sargento para continuar as pinturas nos locais previamente marcados, tendo em vista que a ação ficou limitada por causa da chuva.

“É interessante a gente resistir mesmo com o tempo nublado e chuvoso, resistir com cor e transmitir a mensagem de coragem para quem tem vontade de começar a pintar e não tem oportunidade. É especial”, afirma o artista Carlos Net, de 36 anos, que, assim como Galo, começou adolescente na grafitagem e hoje passa seus conhecimentos da arte para outras pessoas, principalmente crianças e adolescentes.

AUTOR
Foto Jeniffer Oliveira
Jeniffer Oliveira

Jornalista formada pelo Centro Universitário Aeso Barros Melo – UNIAESO. Contato: jeniffer@marcozero.org.