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Influenza H3N2 desacelera em Pernambuco e permite zerar fila por vagas nas UTIs

Giovanna Carneiro / 19/01/2022

Crédito: Miva Filho/SES-PE

Atualmente, Pernambuco vive uma desaceleração do contágio da Influenza A (H3N2) e uma aceleração de infecção pela covid-19 causada pela inserção da variante Ômicron no estado. A constatação foi apresentada pelo secretário de Saúde, André Longo, em uma entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira, quando anunciou que a fila de espera para leitos de UTI fossem zeradas.

E, de acordo com o secretário, isso aconteceu exatamente graças à diminuição da transmissão da Influenza A, o que também reduziu a busca por leitos de tratamento para casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Contudo, de acordo com o boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, Pernambuco está em uma zona de alerta crítico da pandemia.

O aumento de casos das doenças respiratórias fez com que Pernambuco atingisse uma alta na ocupação de leitos de UTI, chegando a registrar uma taxa de mais de 80% no mês de janeiro. Um índice que não era registrado desde julho de 2021. Segundo dados da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) de Pernambuco, no dia 17 de janeiro, 86% dos leitos de UTI do estado estavam ocupados.

Para tentar amenizar o impacto no sistema de saúde, nos últimos 27 dias, o Governo de Pernambuco abriu 667 novos leitos para tratar doenças respiratórias e pretende abrir outros 440, destes 532 são leitos de UTI. “Com a intensa mobilização de vagas hospitalares, a fila de espera por um leito, que já teve mais de 200 pacientes no começo do mês, hoje está zerada”, afirmou André Longo.

Além do aumento da oferta de leitos, o secretário de Saúde anunciou a contratação de 530 profissionais de saúde através de seleção pública e concurso. A medida é fundamental tendo em vista o aumento do número de profissionais de saúde infectados pela covid-19 causando uma sobrecarga de trabalho em todo o setor.

“O profissional de saúde que vai para o seu plantão já vai sabendo que talvez precise dobrar as horas trabalhadas para cobrir o colega que adoeceu. O índice de adoecimento dos profissionais está bem assustador porque, antes, se tratava só do covid, mas agora a gente também precisa estar de olho nas síndromes gripais”, declarou Pollyana França, técnica de enfermagem do Hospital Agamenon Magalhães.

A técnica, que recentemente precisou dobrar o seu plantão, contou que a sensação de retornar a um estado crítico de internações e infecções é assustadora.

“A gente está no plantão e de repente o telefone toca informando que o colega não vai poder ir porque está com síndrome gripal e não tem como dar plantão, aí você fica de mãos atadas, porque os outros profissionais não podem ir lhe render pois estão trabalhando em outros vínculos ou também estão infectadas, então, você que está naquele plantão vai ter que dobrar e ficar sobrecarregada para não abandonar o setor. A sensação é que eu estou vivendo um dejavú”, disse.

Aumento da testagem

De acordo com um levantamento da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE), no dia 18 de janeiro, a cada 100 testes rápidos de antígeno realizados nos centros de testagem, 35 deram positivo. Nesta quarta-feira, a SES registrou 2.215 novos casos de covid-19, destes, 17, apenas 0,8% do total, são graves ou com necessidade de hospitalização.

André Longo atribuiu a diminuição de casos graves e de internação pela covid-19 à adesão da população à vacina e reforçou a importância da imunização de crianças entre 5 e 11 anos e a conclusão do ciclo vacinal completo. O secretário de Saúde também reforçou a importância da testagem e anunciou a abertura de mais dois centros estaduais para realizar o exame. Os centros, localizados no Parque Dona Lindu e no Centro de Convenções em Olinda, funcionarão todos os dias, das 8h às 17h. Os atendimentos no Dona Lindu começam na próxima segunda-feira, 24 de janeiro, já no Centro de Convenções, a previsão de início é no dia 31 de janeiro.

“A testagem, principalmente com a introdução da variante Ômicron, é fundamental para que possamos rastrear os contatos de casos confirmados de Covid-19, isolando os positivos e contendo, assim, a disseminação do vírus”, declarou Longo.

Nos últimos dias o que vemos é uma alta demanda na busca por testes e uma superlotação dos centros de testagem gratuita, com filas enormes e um tempo de espera para realização do teste de aproximadamente 3 horas. As clínicas privadas e farmácias também sofrem com o aumento da procura por testes da covid-19 e, algumas delas, estão com um tempo de espera de dias.

O secretário de Saúde espera que a situação caótica da testagem melhore com a aquisição de mais 800 mil testes rápidos de antígeno, que serão somados aos outros 400 mil testes que já estão em estoque.

Esta reportagem foi produzida com apoio doReport for the World, uma iniciativa doThe GroundTruth Project.

AUTOR
Foto Giovanna Carneiro
Giovanna Carneiro

Jornalista e mestra em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco.