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Jaboatão dos Guararapes foi o município com mais mortes por causa dos deslizamentos de barreiras

Marco Zero Conteúdo / 10/06/2022
Policial Militar com fardamento completo observa aproximação de 3 homens na defesa civil, que estão no fundo da foto, carregando o corpo na horizontal de uma pessoa morta na barreira. O corpo está envolta numa mortalha cinza, com apenas os pés expostos.

Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

O Governo do Estado divulgou, pela primeira vez, a lista dos locais onde ocorreram as 129 mortes após as chuvas dos últimos dias de maio e início de junho. E também uma planilha com os nomes completos e os endereços das vítimas. O município de Jaboatão dos Guararapes foi onde aconteceram mais mortes: 64. No Recife, foram 50 vítimas, sete em Camaragibe, seis em Olinda. Paulista e Limoeiro registraram uma morte cada.

A grande maioria das vítimas — 120 pessoas, ou 93% – morreu soterrada em deslizamentos de barreiras e nove pessoas (que representam 7% das vítimas) vieram a óbito por afogamento. As mortes se concentraram nos dias 28 (101 casos) e 29 de maio (17 pessoas), e as demais nos nos dias 25, 30 e 31 de maio. O relatório traz uma única morte em junho, no dia sete. De acordo com a Secretaria de Defesa Social, todas as 129 vítimas já foram reconhecidas e identificadas pelo Instituto Médico Legal (IML).

Para determinar o locais onde ocorreram as mortes, a Secretaria de Defesa Social informou que foi usado o georreferenciamento do local do deslizamento de barreira ou enchente.

Os bairros que registraram mais óbitos foram Cohab, no Recife (25 mortes); Dois Carneiros, em Jaboatão (24); Barro, no Recife (9); Padre Roma, Muribeca (ambos em Jaboatão) e Ibura(Recife), todos com 7 vítimas; Santo Aleixo, Curado (ambos em Jaboatão) e Alto Santo Antônio (Camaragibe), todos com 6; Cavaleiro (Jaboatão), com 4; Guabiraba (Recife), com 3; Zumbi do Pacheco, Engenho Velho (ambos em Jaboatão), Peixinhos e Córrego do Abacaxi (ambos em Olinda), todos com 2 óbitos registrados.

Outros bairros registraram uma morte. Foi o caso de Tejipió, Dois Irmãos, Córrego do Jenipapo, Casa Amarela, Cajueiro, Alto Santa Terezinha (no Recife); Sucupira, Socorro, Piedade, Loteamento 92, Comporta, Alto da Colina (em Jaboatão dos Guararapes); Santa Tereza e Águas Compridas, em Olinda); Jaguaribe (Paulista); Zona Rural de Limoeiro e Bairro dos Estados, em Camaragibe.

O relatório também mostra que 71 vítimas eram mulheres (55%) e 58 (45%) eram homens. Das 129 pessoas, 63 tinham entre 31 e 65 anos; 24 estavam na faixa entre 18 e 30 anos; 24 eram crianças de um a 12 anos. Nove pessoas tinham mais de 65 anos; oito eram adolescentes de 13 a 17 anos. Também foi registrada a morte de um recém-nascido.

O levantamento foi realizado pela Gerência de Análise Criminal e Estatística (Gace) da Secretaria de Defesa Social, com base no georreferenciamento dos bairros das cidades pernambucanas e informações coletadas junto a prefeituras, Corpo de Bombeiros, órgãos estadual e municipais de Defesa Civil, Instituto de Medicina Legal (IML) e sistema Infopol, com registros desde o dia 25 de maio.

Na nota da SDS há um depoimento do o secretário de Defesa Social, Humberto Freire, sobre a demora na divulgação desses dados, que só saiu 12 dias após o dia 28 de maio, quando 101 pessoas morreram na Região Metropolitana do Recife.

“Fizemos um extenso trabalho de investigação cruzando os dados disponíveis em diversos serviços e sistemas, para conhecer em maior profundidade essa tragédia sem precedentes na história de Pernambuco. Estamos falando de vidas, de famílias e populações inteiras marcadas por perdas imensuráveis e irreparáveis. E é por isso que o panorama pode ser consolidado somente agora, dias depois, mas de forma segura e precisa, dada a complexidade social e as fontes de informações. A prioridade, em um primeiro momento, foram os resgates e salvamentos com vida de mais de 2,5 mil pessoas que estavam ilhadas, as operações de defesa civil, a localização e identificação de todos os desaparecidos, devidamente periciados e entregues a suas famílias, o transporte de mantimentos e o apoio social às comunidades atingidas, o que ainda está sendo feito. Mas é preciso se debruçar e analisar essa triste realidade, para nortear com maior precisão as políticas públicas, além de subsidiar nossos planos de prevenção e contenção de desastres ambientais e climáticos”, disse o secretário, na nota enviada à imprensa.

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