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Crédito: Victor Juca/Divulgação
por Erika Muniz*
Desde a infância, Kleber Mendonça Filho já se encantava com as potencialidades do cinema. E essa relação recebeu incentivo de sua família desde sempre, sobretudo por parte da sua mãe, a historiadora Joselice Jucá. Mas também – como é roteiro na vida de muitos que se propõem a seguir uma carreira ligada às áreas artísticas – encontrou quem acreditasse que seria passageiro, que se tratava de um hobby ou que não imaginava que aquele interesse e dedicação fossem resultar numa parte importante de sua vida, sua profissão – mas, felizmente, é o que aconteceu. Hoje, já são mais de duas décadas deste pernambucano como realizador.
Diretor de obras como O Som ao Redor, Aquarius e Bacurau, entre muitas outras, Kleber lançou este ano Retratos Fantasmas, que, na melhor das sínteses, é um filme “sobre esse cinema” – essa linguagem capaz de reunir multidões em uma fila ao redor do Cinema São Luiz, na rua da Aurora, durante um festival dedicado a essa arte, seus sentimentos e seus encontros.
Além de cineasta, Kleber se dedica à coordenação de cinema do Instituto Moreira Salles, mas já trabalhou também como crítico no Jornal do Commercio e como programador do Cinema da Fundação, participando da construção de repertório de gerações de cinéfilos e cinéfilas recifenses.
“Tem a história do Paul Schrader, o roteirista de Taxi Driver, que é cineasta também. Ele sempre diz que descobriu o cinema aos 18 anos. Muito impressionante. Acho bonito até, a pessoa ter chegado tão tarde à ideia de cinema. Se apaixonar por um filme pela primeira vez aos 18 anos. Acho que é uma loucura e acho incrível que ele seja Paul Schrader e fale isso. Mas, no meu caso, realmente foi desde criança, desde pequeno. Eu ia para a máquina de escrever da minha mãe para poder escrever pedidos, com até o horário da sessão, para a gente ver um filme no cinema”, relembra o artista, durante nossa conversa, e complementa: “É coisa antiga.”
Esta entrevista aconteceu numa manhã de quarta-feira, no parque das Graças, em meio à agenda de viagens que o diretor vem realizando para a divulgação de sua mais recente produção, cuja estreia mundial aconteceu no Festival de Cannes – e, inclusive, já ultrapassa 70 mil espectadores. Bem próximo ao Capibaribe, o intenso calor do Recife deu uma trégua naquele turno e conversamos sobre Retratos Fantasmas, política pública de cultura, direito à cidade, mas também sobre ficção, poesia, “real”, a cidade que se deseja e sobre, como não poderia deixar de ser, o fazer cinema.
Marco Zero Conteúdo – Em Retratos Fantasmas, você traz sua mãe, a historiadora Joselice Jucá, para a narrativa. E ela lhe levava para a sala de cinema. A primeira vez que fui ao cinema, foi com a tia Eliane, que hoje trabalha lá. Foi justamente no São Luiz, ele que me apresentou o que é uma sala de cinema. Queria saber como foi a construção de sua relação com o cinema, que passa pela sua mãe. E, também, o que é o que o Cinema São Luiz significa para você?
Kléber Mendonça Filho – Bom, feito você, eu também tive essa experiência de ir pela primeira vez numa sala de cinema no São Luiz. Fui com minha mãe, acho que foi em 1973. Eu tinha 4 anos e ela me levou para ver um festival Tom & Jerry, só desenho animado. E o São Luiz… claro que se tivesse sido em qualquer outro cinema, seria memorável. Mas, por sorte, foi o São Luiz, que é uma sala muito especial, e que permanece, né? Ela foi salva, digamos assim, ela sobreviveu. Tanto é que você, de uma geração que veio depois, também teve essa experiência. E hoje a sua tia trabalha no São Luiz. Mas o São Luiz foi só o início de uma relação muito próxima que eu tive – e que foi estimulada pela minha mãe – de ir ao cinema. Ir ao cinema no Recife, depois, quando ela foi estudar na Inglaterra, ir ao cinema na Inglaterra, ir ao cinema em vários lugares que a gente viajou. Ela me dar uma câmera fotográfica para tirar fotos, quando eu era adolescente. Então, todas essas relações passam muito por ela. A ideia de contar histórias passa por ela também. Ela não era só uma contadora de histórias de maneira informal, mas era uma historiadora, né? E ela ia geralmente nas fontes que não eram… que ninguém prestava muita atenção naquelas fontes. Pessoas chamadas “comuns”, que não são “pessoas comuns”, são pessoas. Mas dentro da ideia da Academia, eram “pessoas comuns”, não eram acadêmicos e intelectuais “que tinham algo a falar”. Isso tudo, para mim, é muito formador.
Ainda sobre Retratos Fantasmas, queria que você contasse um pouco sobre essa seleção das imagens que foi utilizada e sobre o roteiro também.
O roteiro, na verdade, não existiu. Não teve roteiro. Claro que agora que o filme está pronto, pensando no processo, alguém pode tentar argumentar que é claro que teve roteiro, que ele foi construído, mas ele foi construído na montagem. A montagem que me pedia – a montagem não é ninguém, é o filme sendo feito –, mas o filme me pedia que eu escrevesse determinadas falas para o filme. Aí, dia a dia, fui escrevendo novas falas e dia a dia, eu levava nessa hora, inclusive, para casa de Matheus (Farias, montador, diretor e roteirista), onde a gente trabalhava na montagem do filme. Então, ele não teve roteiro. O Agente Secreto, que é o meu novo filme, tem um roteiro, de 167 páginas. Até por uma questão de responsabilidade fiscal, tem que ter um roteiro, mas o Retratos Fantasmas foi se fazendo pelo material que encontrei. É como um historiador mesmo, que encontra depoimentos, encontra fotos, encontra documentos que vão construindo a ideia do historiador, da historiadora, sobre o que está escrevendo. É muito isso mesmo, é um filme de História ao pé da letra.
Que cidade você deseja para a gente, Kleber? Falando sobre direito à cidade, mas também sobre direito à cultura.
Desejo uma cidade onde a cultura estabeleça o estado de espírito da cidade. E eu desejo uma cidade onde o mercado não domine o estado de espírito da cidade. Acho que o mercado pode existir e faz parte da sociedade, mas o mercado não pode estabelecer o batimento cardíaco da cidade e acho que é isso que acontece em muitas cidades do mundo, brasileiras e tem acontecido com o Recife. “O mercado decidiu que o centro da cidade não é mais interessante.” Não, alguém precisa ignorar isso. “O mercado decidiu que o lugar para passear é o shopping center.” Isso não pode acontecer. “O mercado decidiu que o lugar para ver filme é o multiplex.” Isso não pode acontecer. A gente deveria ser capaz de somar coisas, não de aniquilar coisas para o mercado poder se aproveitar. E a cidade precisa ter uma governança humana. Porque a cidade é para muita gente, não é para uma tribo especial. Então, essa é a cidade que eu quero.
Tem uma frase de Retratos Fantasmas que me marcou e muita gente tem comentado: “filmes de ficção são os melhores documentários”. Quanto de ficção tem no real e quanto de real existe na ficção?
Bom, esse parque aqui (O parque das Graças, localizado no bairro homônimo), ele é o que ele é. Ele é um parque, ele foi projetado e foi construído. E você pode ter uma visão bem seca e pragmática dele, que acho que seria a “realidade”. Mas o que você coloca de bom no parque, que vem de você, talvez seja uma ficção. Mas acho que ela também é baseada na realidade. Você pode anular o Recife, dizer: “essa cidade é horrível”. Mas você pode dizer: “não, essa cidade é interessante…” O interessante é a sua parte, que você consegue trazer pra ela. É você que poetiza um pouco a cidade. Essa é a parte talvez ficcional da realidade, o quanto você consegue trazer de você mesmo para algo que é pragmático. Acho que o Retratos Fantasmas é sobre coisas reais, mas tem uma carga muito forte de poesia ali, né? E, na carga de poesia, existe também um sentimento real, por exemplo: pegar um uber é uma ação real, do mundo real, mas, a partir de um momento, a partir de uma determinada hora da noite talvez eu começo a sair fora da realidade, quando estou num uber. Às vezes, até a conversa com o motorista ou a motorista me leva a isso. Então, essa fronteira se torna bem difícil de estabelecer.
Você se formou na UFPE. Como foi esse momento para você e como você vê a importância da valorização da universidade pública?
A universidade pública é uma das bases da sociedade. No Brasil, com certeza; na Europa, com certeza. Nos Estados Unidos, ainda estão trabalhando nisso, mas espero que eles cheguem lá. Para mim, foram anos de formação muito importantes, entre 1988 e 1992. Conheci muita gente que me desafiou, que me fez companhia em pensamentos e que, até hoje, são parte da minha vida. Tive professores que me formaram, que me trouxeram ideias. A grande Nelly Carvalho, Inês Amorim são professoras que me acompanham até hoje em ideias. No uso do Português, na ideia de neologismo e nas fotografias. A universidade pública precisa sempre ser valorizada e defendida pelo Brasil. Não só pela gente, mas pelos governos. É uma base muito importante da sociedade brasileira.
Em sua obra, alguns de seus filmes me fazem pensar muito sobre os lugares. Sobre a nossa relação com esses lugares, com a casa, com a cidade. E o centro da cidade também aparece. Mas de que lugares são feitos para você?
Eles são feitos de história, de geografia… mas, como falei na outra resposta, eles são feitos também de você mesmo. É o que você consegue fazer do lugar. O São Luiz, por exemplo, não é só o São Luiz. É o que ele agregou ao longo de 70 anos em relação à população dessa cidade. E [agregou] a também muita gente que não é da cidade e, por acaso, se viu no São Luiz ao longo da vida. Alguém que veio numa viagem de trabalho, alguém que veio ficar com a família e terminou sendo levado para uma sessão no São Luiz. Tudo isso faz parte da experiência pessoal, a experiência pessoal é projetada no lugar. E o lugar também se projeta na pessoa. Isso, para mim, é fascinante. Acho que é por aí que surge a ideia de um sentimento fantasmagórico. Porque, no São Luiz, quando você vai no São Luiz… sei lá, quando você vai de manhã no São Luiz e estão fazendo a faxina e você entra naquela sala e vê aquela sala vazia, é muito forte. Porque, na verdade, você tem a experiência de estar naquele lugar repleto de gente. Essa carga se torna histórica. E, ao ser histórica, ela é cultural também. E ela é social. Porque o São Luiz é um dos poucos lugares no Recife que juntam uma diversidade muito grande de pessoas. Isso é muito forte. Aí, você está falando de cultura, de indústria – cinema é indústria também –, mas é cultura, é formação, é ponto de vista e identidade cultural.
Às vezes, a gente escuta tanto no jornalismo cultural, como também na crítica de cinema, uma ideia de “cinema pernambucano”. O que é que você pensa sobre isso? Existe, na sua percepção, uma identidade do cinema pernambucano?
Eu até acho que existe. Porque o cinema pernambucano é muito peculiar no jeito de… tem uma personalidade forte. Não existe, por exemplo, um cinema pernambucano comercial genérico. O cinema pernambucano, geralmente, é bem autoral. Hoje, neste momento, não sei muito bem como está o conjunto coletivo do cinema pernambucano. Eu tinha uma visão mais clara há dez anos, por exemplo. Acho que com a pandemia, com os anos de Bolsonaro, é como se tivessem botado água. Mas, de toda forma, esse cinema existe. E é um cinema que tem um ponto de vista que é muito diferente do cinema, por exemplo, sudestino, que domina, de uma certa forma, o cinema comercial, a teledramaturgia. É muito diferente de tudo isso. Durante muito tempo foi um padrão no Brasil, talvez ainda seja um padrão. Mas o cinema pernambucano tem um sotaque e um ponto de vista muito peculiar e muito nosso.
A gente tem acesso a notícias da mídia de um filme brasileiro quando sai lá fora. Mas como costuma ser a reação do público? Como trocam com você sobre os seus filmes?
Tenho a sorte de ter feito filmes que, de alguma maneira que eu não entendo muito bem como, eles se comunicam fora do Brasil também. É claro que um filme americano visto no Brasil não tem a mesma reação que ele pode ter numa cidade nos Estados Unidos. A mesma coisa com um filme brasileiro. Talvez se percam alguns aspectos relacionados à linguagem, a observações da vida no Brasil, mas em geral são filmes que… tipo, Aquarius é um filme que é muito visto na França, lançado nos Estados Unidos. Bacurau também, em muitos países. Acho que é muito boa a forma como esses filmes chegam. Retratos Fantasmas, muita gente, no início, que acho que vem de uma visão muito provinciana daqui, reagiu assim: “Ah, mas o filme é muito daqui, a produção é daqui, não sei se esse filme vai ser entendido lá fora, porque ele é muito sobre a ponte Duarte Coelho”. Lá fora, a ponte Duarte Coelho é uma ponte, você não sabe qual é o nome da ponte. A ponte da Boa Vista é uma ponte de ferro que você vê no filme, não acho que tem tanta diferença, não. Acho que o brasileiro tem uma tendência a achar que nossos filmes talvez não sejam compreendidos lá fora. Mas a gente vê filmes feitos no Brooklyn ou na Suécia e a gente os entende.
A gente está falando de arte, mas sobretudo de audiovisual. Qual a importância, na sua percepção, das políticas públicas de cultura para o desenvolvimento dessa cadeia produtiva no Brasil?
Elas são totalmente importantes, são parte da Constituição. Você poder se expressar e ter os meios para poder se expressar, num mundo onde a gente recebe tudo pronto e empacotado dos Estados Unidos, é uma questão política, é uma questão de identidade cultural, é uma questão de cidadania. Então, que artistas brasileiros continuem tendo os meios para continuar pensando, produzindo e se expressando. Quando um filme como Retratos Fantasmas passa no Festival de Nova York – como vai passar – e tem matéria no New York Times, você está marcando presença como cultura, como país. Quando um filme como Retratos Fantasmas é lançado na França – como vai ser, no dia 11 de novembro –, você está dizendo: “a gente faz parte da discussão cultural.” E isso vem de um filme que foi feito com recursos públicos, um filme que custou 1 milhão de reais, o que é muito, muito pouco, sobretudo para um longa. Acho que prova que o sangue da cultura é feito pelas obras feitas no país. E que essas obras sejam cada vez mais diversas, que sejam do Rio Grande do Sul, que sejam de Tocantins, da Paraíba, do Rio de Janeiro, do Recife, que a periferia faça filmes, que o pessoal do Amazonas faça filmes e que tudo isso faça parte de um caldeirão de ideias e que isso seja feito com investimento do Estado, porque esse investimento vai voltar. Ele volta na quantidade de gente que trabalha no filme, na quantidade de gente que divulga o filme, nas pessoas que escrevem sobre o filme, que estão também ao redor dessa cadeia. E, tudo dando certo, nas pessoas que vão ao cinema ver o filme, ou no streaming que vai comprar o filme. Tudo isso faz parte do sangue da cultura. E esse dinheiro não é investimento ou fundo perdido, como muita gente diz, é um dinheiro que volta, ele faz parte da sociedade.
Tenho amigos que fazem ou fizeram cinema, e você é uma das referências. Queria que você falasse, para quem está começando a fazer cinema agora. O que você gostaria de ter ouvido quando começou?
Acho que hoje quem está fazendo cinema, e é muito jovem, está fazendo cinema numa época que é incrível, porque a tecnologia lhe permite se expressar. Hoje, com um telefone, como esse que você está segurando, você pode fazer algo incrivelmente bem-acabado, 100 vezes melhor do que eu conseguia fazer quando estava na universidade. Tinha acesso a um equipamento VHS, com fitas grandes e qualidade bem baixa. A parte que os jovens precisam entender é que tecnicamente a coisa está muito mais fácil, mas a capacidade de expressar ideias continua sempre o mesmo desafio. O mesmo desafio do início do século XXI, quando eu estava na faculdade, continua hoje. O que você vai colocar para fora? O que você vai expressar? Isso vem de experiência de vida, de talento artístico. Talento não é algo que você consegue comprar nem baixar um aplicativo. E da sua formação como pessoa, né? Isso vem de livros, vem da sua capacidade de interagir e entender o mundo, vem de filmes que você vê, vem de toda uma formação pessoal, que aí é você que tem que trilhar o seu próprio caminho. E você precisa estar de olhos e ouvidos abertos para o mundo. Essa é a parte que eu não tenho muito como ajudar, porque cada um trilha o seu caminho.
Como nasce uma história que você queira realizar e queira contar nos seus filmes? Como ela costuma nascer? Ou ela não tem uma lógica?
Não tem uma lógica. É algo que você vai pensando aos poucos, aos poucos e depois passa um tempo e você acha que aquela ideia realmente continua na sua cabeça e você está realmente pensando em desenvolvê-la. É algo que leva muito tempo e você tem que testar a ideia por um tempo, não através de uma prova com itens, mas você deixa o tempo passar e entende que aquilo realmente é algo que você quer fazer.
Como é sua expectativa com relação à possibilidade de Retratos Fantasmas ir para o Oscar?
Retratos Fantasmas é o filme brasileiro de maior presença internacional este ano e, como tal, ele vai representar o Brasil no Oscar. Eu, como sempre, divulgo os meus filmes e trabalho para os meus filmes. Vou aonde os meus filmes vão. Vou para os Estados Unidos na semana que vem, vou para Los Angeles no final do mês e vou fazer tudo o que o filme quer que eu faça para divulgá-lo. É um filme sobre o cinema e Hollywood gosta de filmes que falam sobre o cinema. Encaro tudo isso com muita tranquilidade. Sei que é um pandemônio, as pessoas pensam em Oscar, mas, para mim, é um desafio como qualquer outro. O filme vai para o Festival de Cannes, vou para o Festival de Cannes; as pessoas fazem perguntas, tento responder às perguntas; a imprensa quer falar comigo, falo com a imprensa. Tudo isso faz parte do trabalho do filme. Acho que o Oscar é isso, talvez numa energia mais alta, mas estou sempre pronto para trabalhar para o filme.
Sobre a política de Cota de Tela para produções cinematográficas nacionais. Como você percebe a relevância disso para a formação do público brasileiro?
É totalmente importante e elas precisam voltar o mais rápido possível. O agronegócio tem cotas. Os sul-coreanos e os franceses usam cotas para defender o mercado nacional de filmes estrangeiros, de Hollywood. O Retratos Fantasmas já está com 70 mil espectadores – o que é muito bom e sem cotas – mas se tivesse cota, teriam muito mais, porque os cinemas precisam cumprir as cotas e ao tentar evitar as multas, vão procurar filmes brasileiros e geralmente eles pegam filmes que estão muito em evidência. Retratos Fantasmas é um filme que está em evidência, o Elis & Tom é um filme que está em evidência, o Nosso Sonho é um filme que está em evidência, então, todos esses filmes se beneficiariam da Lei de Cota de Tela. Defendo e quero que ela volte o mais rápido possível.
E, para finalizar, por que cinema?
Porque, para mim, é fascinante poder capturar imagens e retransformá-las. Gosto muito da ideia dessas imagens serem vistas daqui a 300 anos. [risos] Tudo dando certo, vão ficar guardadas em algum lugar. E acho também que é uma maneira de eu colocar a minha mão para cima e dizer que tenho algo a falar. O grande desafio é entender se tenho algo a falar. O grande perigo é você colocar a mão para cima e quando vai falar, não tem o que dizer. Esse é o meu maior medo, talvez. Mas até agora estou indo de uma maneira que geralmente tenho algo a falar. Retratos Fantasmas foi esse último exercício, cronologicamente, no sentido de dizer que tenho algo a falar. O próximo é O Agente Secreto. Acho que cinema é como se fosse a criação de um álbum de imagens.
*Erika Muniz é jornalista formada em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco e em Comunicação Social pela Universidade Católica de Pernambuco. Pesquisa a área de cultura, assinando trabalhos na Revista Continente, Quatro Cinco Um, Revista O grito! e JornaldoCommercio.
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