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Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo
por Edilson Ribeiro*
Fui levado a várias reflexões depois de ler, na edição da Marco Zero, em 5 de março, reportagem de Inácio França sobre a reunião de líderes de torcidas organizadas, com objetivo de realizar um pacto de não agressão mútua. As Reflexões, devo admitir, causaram-me certa consternação.
A matéria é uma triste constatação da nossa indigência cultural, social e econômica. Retrato gritante da ausência do estado em setores essenciais da vida em sociedade. Ou não é isso que acontece quando você vê líderes de torcidas decidindo entre a guerra ou a paz, no futebol, sem a presença sequer de um representante das polícias ou do Ministério Público?
É um flagrante fotográfico que capta a situação não somente de Pernambuco, mas de todos os outros entes federativos. Espelha o caos social, como o domínio de um quarto do território do Rio de Janeiro por melícias; a guerra entre facções criminosas que subtraem o direito de ir e vir dos cidadãos; e a condenação das nossas crianças a doenças e baixa capacidade cognitiva, por falta de saneamento básico. Não podemos esquecer, ainda, da eterna parcialidade da Justiça brasileira, que desemboca na formação de castas compostas de pessoas de primeira e segunda classes.
Não cabe às torcidas organizadas determinarem se vai haver paz ou não nas partidas de futebol. A raposa não pode tomar conta do galinheiro.
É a confirmação de que, na falta do poder público, a vida em sociedade se transforma em um vale tudo, com os mais fortes e ricos se sobrepondo aos mais pobres e fracos.
É preciso que as instituições que compõem o estado façam seu papel de mediação, protegendo os mais vulneráveis e punindo aqueles que pensam em solapar o ordenamento jurídico e social. Do contrário, será uma partida em que estaremos fadados a continuar tomando de goleada.
*Jornalista
É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.