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Anvisa liberou hoje aplicação da CoronaVac em crianças a partir dos seis anos. Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF
Pernambuco tem em estoque nos municípios 150 mil doses da vacina CoronaVac, que deverão ser administradas exclusivamente em crianças e adolescentes de seis a 17 anos. Número suficiente para imunizar 75 mil pessoas com a primeira e a segunda doses. A informação foi dada na coletiva desta quarta-feira (19) pelo secretário estadual de saúde André Longo. Hoje, no começo da tarde, a Anvisa autorizou o uso do imunizante do Butantã/Sinovac para crianças a partir dos seis anos. A única exceção é para pacientes imunocomprometidos, por não haver dados que comprovem a eficácia da vacina neste público.
Os fabricantes haviam solicitado autorização do imunizante para uso já a partir dos 3 anos, como acontece em países como o Chile, mas a área técnica da Anvisa argumentou que os dados disponíveis ainda não permitem identificar benefício e segurança a partir desta idade. “A avaliação sobre o uso em crianças menores de 6 anos poderá ocorrer futuramente, ficando, porém, condicionada à apresentação de dados adicionais”, afirma nota da agência.
A votação a favor da vacina pela área técnica da Anvisa foi unânime. A agência decidiu pela aprovação levando em conta estudos realizados em diversos países, como China e Chile, e apresentados pelo Instituto Butantã no processo. “Foram avaliados estudos clínicos de fase I e II, dados preliminares dos estudos de eficácia, segurança e imunogenicidade (fase III) realizados com 14 mil crianças em cinco diferentes países, e estudos de efetividade (fase IV) realizados com milhões de crianças no Chile”, diz nota da Anvisa.
A CoronaVac já era apontada por especialistas como uma vacina segura e eficaz para essa faixa etária, já que usa a mesma tecnologia, a de virus inativado, de outras vacinas usadas neste público.
De acordo com a Anvisa, até o momento a análise de reações adversas à vacinas no Brasil demonstra que a vacina CoronaVac não está relacionada a nenhum óbito e os eventos adversos graves são considerados raros ou raríssimos. “Já no cenário internacional, nos países em que a CoronaVac já vem sendo aplicada para o público de 2 a 17 anos, os dados demonstram que 86% dos eventos adversos registrados nesta faixa etária são do tipo não graves”, diz nota da agência.
A dose aprovada pela Anvisa, e usada para crianças em outros países, é a mesma usada para adultos (600 SU em 0,5 ml), com o intervalo entre a primeira e a segunda dose também igual, de 28 dias. Por isso, as vacinas que já estão nos municípios poderão ser usadas para crianças e adolescentes, sem a necessidade de esperar uma nova compra, como foi o caso da vacina pediátrica da Pfizer, que tem uma formulação diferente da vacina para mais de 12 anos.
Na coletiva de imprensa da quarta, o secretário André Longo afirmou que as 150 mil doses de CoronaVac que estão em Pernambuco serão “automaticamente revertidas para a população pediátrica”. Ainda não se sabe, contudo, como será a compra da vacina pelo Ministério da Saúde, que ainda não se pronunciou sobre a liberação da CoronaVac para crianças e adolescentes.
De acordo com o secretário, Pernambuco vai esperar as informações sobre se e quando vai haver nova remessa do imunizante. “Com as doses que temos, dá para vacinar 75 mil crianças, o que já é uma grande ajuda. Se tiver distribuição adicional, já podemos dar as primeiras doses a 150 mil crianças, o que dá uma avançada boa, em quase 15% da população pediátrica do estado. Vai dar para acelerar a campanha”, afirmou ontem, ainda na expectativa da aprovação da Anvisa. Em São Paulo, pouco após a aprovação da Anvisa, já teve início a vacinação das crianças e adolescentes com a CoronaVac.
Em nota divulgada nesta tarde, a Secretaria Estadual de Saúde afirma que “aguarda o posicionamento do Ministério da Saúde (MS) quanto a inserção da vacina Coronavac/Butantan, para a população de 6 a 17 anos, no Programa Nacional de Operacionalização, como também, a informação sobre o envio de novas doses para o Estado. Na próxima segunda-feira (24/01), a SES-PE irá reunir o Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação e a representação dos municípios pernambucanos para discutir e pactuar as estratégias a serem adotadas para imunização desse público.”
Pernambuco começou a vacinação das crianças na semana passada, com a vacina pediátrica da Pfizer, a única até então aprovada no Brasil. Por ora, estão sendo vacinadas apenas crianças com comorbidades, com deficiência, quilombolas e indígenas. Ao passo que os municípios vacinem esses públicos, a recomendação é de que a vacinação seja decrescente, com a imunização da faixa de 11 anos. A estimativa é de que a população entre cinco e 11 anos seja de 1,1 milhão em Pernambuco.
Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Contato: carolsantos@marcozero.org