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A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) divulgou na noite desta terça-feira (30) que foi notificada sobre possíveis casos de intoxicação por metanol em três homens do Agreste, resultando em duas mortes e uma sequela grave. Dois homens são residentes no município de Lajedo e um de João Alfredo.
Os três pacientes pernambucanos foram atendidos no Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru. Os dois homens que morreram eram moradores de Lajedo. O terceiro paciente, morador de João Alfredo, recebeu alta hospitalar, mas ficou com perda de visão bilateral como sequela permanente.
Pernambuco é o segundo estado a notificar mortes suspeitas por metanol. Desde a semana passada, o governo do estado de São Paulo investiga intoxicações por lá. Hoje, foi divulgado que cinco pessoas morreram após sete casos de intoxicação por metanol em São Paulo, sendo uma morte já comprovadamente causada por consumo de bebida alcoólica adulterada e quatro em investigação.
Ainda não se sabe como as bebidas foram adulteradas. Há divergências entre a Polícia Federal e o governo de São Paulo. Hoje, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, informou que já foi instaurado inquérito policial para investigar as circunstâncias envolvendo os casos de intoxicação em São Paulo. A Polícia Federal investiga, inclusive, a ligação da adulteração de bebidas alcoólicas com o crime organizado, em especial o Primeiro Comando da Capital (PCC). Já o governo de São Paulo descarta ligação das adulterações com o PCC.
O metanol, também conhecido como álcool metílico ou álcool de madeira, é uma substância química que representa um risco fatal quando consumido, mesmo em doses pequenas. Embora pertença à mesma família do etanol (o álcool potável), o metanol é classificado como altamente tóxico e é usualmente empregado na indústria química.
A presença do metanol em bebidas destinadas ao consumo humano indica, geralmente, que o produto foi adulterado. Nos casos recentes em São Paulo, as vítimas haviam consumido bebidas destiladas, como gin, whiskey e vodka.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), em casos suspeitos de intoxicação, o hospital é responsável por relatar o quadro clínico, notificar a ocorrência e registrar as informações coletadas na anamnese. Contudo, a investigação é conduzida pelas vigilâncias da unidade estadual. Quando há óbito com suspeita de intoxicação, o corpo é encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) para a realização de exames que garantam a conclusão da causa.
A Apevisa afirmou que após receber a notificação já iniciou a preparação de ações de fiscalização em distribuidoras de bebidas alcoólicas de Pernambuco.
Segundo a SES-PE, os sintomas iniciais de intoxicação podem ser confundidos com os da ingestão de álcool comum — como náuseas, vômitos, dor abdominal e sonolência. Porém, entre 6h e 24h após o consumo, podem surgir sinais mais graves, como visão turva, fotofobia, cegueira, convulsões e até coma. O socorro médico em até seis horas após o início dos sintomas é fundamental para evitar o agravamento da intoxicação.
A Apevisa recomenda que os serviços de saúde notifiquem imediatamente todos os casos suspeitos ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e ao Cievs/PE. Também orienta a busca ativa de pessoas que possam ter consumido bebidas da mesma origem, além da capacitação das equipes de saúde para o manejo clínico adequado, incluindo uso de antídotos específicos e hemodiálise nos casos graves.
O Governo do Estado conta com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox-PE), que funciona 24 horas para orientar consumidores e profissionais de saúde, pelo número 0800 722 6001. Denúncias também podem ser feitas à Ouvidoria da SES-PE (136 / ouvidoria@saude.pe.gov.br), ao Procon-PE (0800 282 1512 / (81) 3181-7000 / denuncia@procon.pe.gov.br) e à Delegacia de Crimes contra o Consumidor – Decon (81 3184-3835 / dp.consumidor@policiacivil.pe.gov.br).
À população, a Agência Pernambucana orienta para a importância de observar sinais que podem indicar adulteração: verificar se a bebida possui registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), rótulo completo, lacre adequado, além de comprar apenas em locais confiáveis – mas aqui vale lembrar que em São Paulo um conhecido bar foi interditado hoje após uma mulher ficar cega após consumir caipirinhas com metanol no estabelecimento. A Apevisa também divulgou, em nota, que é essencial redobrar a atenção com drinques prontos e evitar produtos sem procedência ou com preços muito abaixo do mercado.
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