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Raquel Lyra e João Campos são contra o “PL do Estupro”, mas não se posicionam nas redes sociais

Jorge Cavalcanti / 18/06/2024
Foto de Raquel Lyra e João Campos tirada em ambiente interno do palácio do governo de Pernambuco, com bandeira do Brasil e cortinas beges e brancas por trás de ambos. Raquel é uma mulher de meia-idade, cabelos castanhos lisos e escorridos caídos nos ombros, vestindo um conjunto branco. À direita da imagem, João Campos é um homem branco, jovem, de cabelos castanhos claros e olhos verdes usando paletó cinza escuro e camisa branca. Ambos estão sorrindo para a foto e foram fotografados da cintura para cima.

Crédito: Hesíodo Goés/Secom PE

A pressão social contra o projeto de lei que criminaliza mulheres vítimas de estupro aumentou a ponto de forçar o posicionamento de figuras públicas, a exemplo do presidente Lula, que o classificou como “insanidade”. A Marco Zero, então, decidiu procurar a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), para saber qual a posição das duas maiores lideranças políticas de Pernambuco. Ambos afirmaram ser contrários à proposta de parlamentares da extrema-direita. Nem Raquel nem João, porém, se pronunciaram nas redes sociais sobre o assunto, até o momento.

A reportagem enviou a solicitação na manhã de segunda-feira (17), no dia em que mulheres ganharam as ruas em manifestações em cidades brasileiras. Nas respostas, tanto a governadora quanto o prefeito disseram ser contrários à interrupção da gravidez fora dos casos de aborto legal previstos em lei. Ambos também firmaram posição crítica ao Projeto de Lei 1904/2024.

“Querer alterar agora, nos termos dessa proposta que tramita no Congresso Nacional, vai penalizar a vítima por ser vítima, quando nós todos deveríamos ser ainda mais rigorosos contra os agressores. Quem é vítima de violência, especialmente a sexual, precisa de acolhimento e de uma rede de apoio para que possa superar possíveis traumas gerados”, disse, por meio de nota, João Campos. Ele respondeu primeiro ao questionamento.

“Quando se fala em estupro só há um criminoso: o estuprador. Como mulheres, mães, governadora e vice-governadora de Pernambuco, não podemos admitir a hipótese da vítima de um estupro ser criminalizada. Em um país onde tantas mulheres e meninas são estupradas, o papel do poder público é prevenir e cuidar de quem é, sem sombra de dúvidas, a vítima da história. Esse é o nosso dever”, afirmou Raquel Lyra, por meio de comunicado que também é assinado pela vice-governadora Priscila Krause (Cidadania).

Apesar das notas de rejeição à proposta, Raquel Lyra, Priscila Krause e João Campos preferiram manter o assunto distante das redes sociais e das falas em atos públicos, diferentemente do que fez o presidente Lula.

Pré-candidato à reeleição, o prefeito tem 2,4 milhões de seguidores no Instagram e é considerado sucesso nas plataformas digitais. Desde a quarta-feira (12), quando a Câmara dos Deputados aprovou a manobra do regime de urgência na tramitação do PL 1904/2024, porém, não fez menção ao tema.

A governadora também é ativa nas redes, com 1 milhão de seguidores no Instagram. Primeira mulher a ser eleita para a chefia do poder Executivo estadual da história de Pernambuco, optou por evitar o assunto no ambiente virtual. A vice-governadora agiu politicamente da mesma forma.

Mendonça quebra o silêncio

Na sexta-feira (14), a Marco Zero publicou levantamento sobre a posição de todos os 25 deputados e deputadas federais por Pernambuco em relação ao projeto. Treze parlamentares preferiram nada falar diante da provocação. Na manhã do dia seguinte à publicação da matéria, Mendonça Filho (União Brasil) gravou e postou um vídeo em que se coloca contra a proposta, também chamada de “PL da Gravidez Infantil”.

“Poderia ficar quieto e não me posicionar, mas prefiro realmente dizer o que eu penso sobre”, explicou ele. Nos comentários, o parlamentar dialogou com seguidores que defenderam o projeto. “Sendo pró-vida, sou contra a punição dupla a uma mulher estuprada”.

Pedro Campos é contra ou a favor?

A pergunta segue sem resposta. Desde a quinta-feira (13) a reportagem busca contato com o parlamentar do PSB, por meio da assessoria, mas não obteve qualquer retorno. Nas redes sociais da Marco Zero, o silêncio do deputado, irmão do prefeito do Recife, gerou surpresa e críticas por ele se colocar como sendo do “campo progressista”.

Dos outros três deputados por Pernambuco da legenda, Felipe Carreras – que não tinha se posicionado a respeito – comunicou à reportagem, por meio da assessoria, que é contra o projeto. Guilherme Uchoa Júnior e Lucas Ramos seguem sem se manifestar. Do União Brasil, Luciano Bivar avisou que também é contrário.

Lista atualizada dos parlamentares por PE

1. André Ferreira (PL) -não se posicionou, mas pela forma como se posiciona nesses temas, tende a votar a favor

2. Augusto Coutinho (Republicanos) – contra

3. Carlos Veras (PT) – contra

4. Clarissa Tércio (PP) – a favor

5. Clodoaldo Magalhães (PV) – não se posicionou

6. Coronel Meira (PL) – não se posicionou, mas pela forma como se posiciona nesses temas, tende a votar a favor

7. Eduardo da Fonte (PP) – a favor

8. Eriberto de Medeiros (PSB) – contra

9. Felipe Carreras (PSB) – contra

10. Fernando Coelho Filho (UB) – não se posicionou

11. Fernando Monteiro (PP) – não se posicionou

12. Fernando Rodolfo (PL) – a favor

13. Guilherme Uchoa Jr. (PSB) – não se posicionou

14. Iza Arruda (MDB) – não se posicionou

15. Lucas Ramos (PSB) – não se posicionou

16. Luciano Bivar (UB) – contra

17. Lula da Fonte (PP) – não se posicionou

18. Maria Arraes (Solidariedade) – contra

19. Mendonça Filho (UB) – contra

20. Ossesio Silva (Republicanos) – não se posicionou, mas pela forma como se posiciona nesses temas, tende a votar a favor

21. Pastor Eurico (PL) – a favor

22. Pedro Campos (PSB) – não se posicionou

23. Renildo Calheiros (PCdoB) – contra

24. Túlio Gadelha (Rede) – contra

25. Waldemar Oliveira (Avante) – não se posocionou

AUTOR
Foto Jorge Cavalcanti
Jorge Cavalcanti

Com 19 anos de atuação profissional, tem especial interesse na política e em narrativas de defesa e promoção dos direitos humanos e segurança cidadã.