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Foto: Verônica Pragana/assessoria ASA
Nesta segunda-feira, 5 de novembro, 13 agricultores e agricultoras familiares do semiárido, acompanhados de quatro profissionais da Articulação do Semiárido (ASA), embarcam para o Senegal para iniciar a etapa africana do intercâmbio entre agricultores do Brasil e de outras áreas semiáridas do planeta. Na África, a comitiva brasileira irá conhecer a realidade das famílias que vivem no Sahel, região ao sul do deserto Saara, com 5,4 quilômetros de extensão que corta 14 países africanos do oceano Atlântico ao Mar vermelho.
O intercâmbio, iniciado no início deste ano, é promovido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em parceria com a ASA. Além da aproximação com a população rural senegaelesa, agricultores familiares do Semiárido brasileiro estão, desde o início do ano, em pleno intercâmbio com famílias agricultoras que vivem na Guatemala e El Salvador, coração do Corredor Seco da América Central.
Nesse mesmo período, irá acontecer a terceira fase do intercâmbio com os centroamericanos. De 5 a 14 de novembro, um grupo de 10 pessoas – entre elas mulheres cisterneiras, como são conhecidas as pedreiras que constroem cisternas de placa de cimento – vão realizar oficinas de construção destas tecnologias sociais que têm possibilitado o acesso à água de milhares de famílias no Semiárido brasileiro.
Nesse programa de intercâmbio, tanto os visitantes, quanto os anfitriões vivem em áreas semiáridas que, com as mudanças climáticas e a diminuição das chuvas, tendem a ter um maior índice de aridez do solo, com ampliação também do fenômeno da desertificação. Há projeções de estudos científicos que preveem uma redução de 50% da precipitação pluviométrica no Semiárido brasileiro neste século 21.
Rumo ao Senegal
No grupo que vai cruzar o Atlântico em direção à África, estão homens e mulheres experientes, conhecedores profundos do solo, dos ciclos da natureza, do comportamento das plantas, além de guardiões e guardiães da biodiversidade, conceito que inclui desde as sementes crioulas aos micro-organismos que vivem no solo.
No Senegal, esse grupo irá encontrar uma população que vive, desde outubro do ano passado, uma crise alimentícia resultante da falta de chuva. Segundo a organização não governamental Ação Contra a Fome, estima-se que falta de chuva deixou mais de 245 mil pessoas sem alimentos no país, levando uma a cada cinco crianças a sofrer de desnutrição aguda.
Jornalista e escritor. É o diretor de Conteúdo da MZ.