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Roberto Barros condena a "guerra ideológica" contra a vacina e acompanha com atenção o calendário de vacinação da filha Isabela. Crédito: Arnaldo Zete/MZ Conteúdo
Por Verônica Almeida
O casal Roberto Barros, 52 anos, e Micheline Alves, não deixa a filha Isabela, de 8 anos, com vacina pendente. Se está no calendário, a garota recebe. “É uma obrigação minha e direito dela. O direito à vacina não é individual, é coletivo, para proteger todas as pessoas. Quem não se vacina, adoece e vai passando para as outras”, comenta Barros.
Morador do Recife, ele conhece bem a falta que uma vacina pode fazer. Vítima da paralisia infantil aos 2 anos de idade, quando a vacinação contra a paralisia não alcançava a massa populacional, comprometeu o movimento das pernas e de um dos braços com a doença. “Quase morro. Fiquei sem estudar até os 11 anos, indo pra médico e fazendo tratamento”, conta.
Ciente da importância da vacinação, ele aproveita a militância em defesa dos direitos das pessoas com deficiência para falar também dos benefícios da vacinação em cada palestra que ministra nas comunidades. “É preciso conscientizar para a vacina. O cartão de vacinação deveria funcionar como passaporte de acesso a qualquer serviço público”, defende, lembrando que a “guerra ideológica do mal” precisa ser vencida. “Fomos educados vendo o Zé Gotinha (símbolo das campanhas no Brasil) e ele não existe mais”, completa, criticando a ausência de publicidade na mídia e alertando que a política de vacinação não deve ser de um partido, mas ação de Estado, governamental.
Ludmila Félix de Moura, de 30 anos, já nasceu numa época em que o Programa de Imunização no Brasil já reunia algumas conquistas. “Até hoje guardo minha caderneta de vacinação. Assim como minha mãe cuidou de mim, para que eu tomasse todas as vacinas, faço o mesmo com meus três filhos”, relata. Na casa dela, cartão de vacina tem a mesma importância que Certidão de Nascimento. Os dois ficam devidamente guardados.
Os filhos de Ludmila têm 12 anos, 5 anos, e 3 meses. “Mantenho tudo em dia, para que elas não venham pegar vírus e adoecer. Acho um absurdo a família descuidar de levar a criança pra tomar vacina, não custa nada”, diz. Na comunidade onde vive, Ludmila é reconhecida pelos Agentes Comunitários de Saúde como mãe consciente sobre a importância da vacinação.
A poliomielite que Ludmila não deseja aos filhos e que no passado quase matou Roberto é causada pelo polivírus selvagem. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), de cada 100 infectados, cinco a dez desenvolvem sintomas similares ao de uma gripe. “A cada 200 casos, o vírus destrói partes do sistema nervoso, causando paralisia permanente nas pernas ou braços”. O polivírus pode atacar partes do cérebro, afetar a respiração e levar à morte, de acordo com a OMS. No mundo e no Brasil é feita a vigilância para casos suspeitos de paralisia.
* Este conteúdo integra a série Eleições 2022: Escolha pelas Mulheres e pelas Crianças. Uma ação do Nós, Mulheres da Periferia, Alma Preta Jornalismo, Amazônia Real e Marco Zero Conteúdo, apoiada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal
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