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Reitora do IFPE se compromete com “direito à livre expressão, segurança e bem-estar” dos estudantes da ocupação de Barreiros

Marco Zero Conteúdo / 14/11/2016

Na sexta, os estudantes da ocupação saíram em passeata até o centro de Barreiros em protesto contra as cortes de bolsas e a PEC 55

Por Laércio Portela e Samarone Lima

A reportagem da Marco Zero Conteúdo que mostrou as privações a que estavam sendo submetidos os estudantes da ocupação do campus Barreiros do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) teve ampla repercussão.

Na manhã desta segunda-feira (14) a Internet foi reestabelecida. No domingo, a diretora de Assistência ao Estudante do IFPE, Valda Maria Martins, ligada à Reitoria, se deslocou até Barreiros para ouvir pessoalmente todas as reinvindicações dos jovens. Até então o dialogo dos alunos acontecia apenas com a diretoria local do campus.

Neste mesmo dia, professores dos campi Barreiros e Ipojuca do IFPE e também da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estiveram na cidade da Zona da Mata Sul para prestar solidariedade aos estudantes e doar vários alimentos.

“Levamos um carro cheio de alimentos para os jovens. Eles têm nosso apoio e precisavam saber que podem contar conosco”, disse um dos professores que preferiu não se identificar. O receio de retaliação ainda permanece.

Compromisso assumido

A reportagem da Marco Zero Conteúdo conversou com a reitora do IFPE, Anália Keila Rodrigues Ribeiro, nesta segunda-feira, para saber quais providências serão tomadas em relação às demandas por alimentação, transporte e segurança dos alunos da ocupação.

“Nossa prioridade é garantir o direito à livre expressão dos estudantes, sua segurança e bem-estar. Agora, recebemos as informações diretamente dos alunos. Vou fazer uma reunião com toda a nossa equipe na quarta-feira para avaliar e dar encaminhamento a todas as questões”.

A reitora Anália Rodrigues vai realizar reunião para discutir demandas dos estudantes da ocupação de Barreiros

A reitora Anália Rodrigues vai realizar reunião para discutir demandas dos estudantes da ocupação de Barreiros

A ocupação começou na quarta-feira passada (9). No dia seguinte, os estudantes receberam a informação de que “como não estavam tendo aula”, a alimentação seria cortada, mesmo o campus funcionando em regime de internato (o que garante quatro refeições diárias aos alunos). Logo em seguida a internet caiu.

Outra queixa é a suspensão dos ônibus das prefeituras que diariamente fazem o transporte de alunos de cidades vizinhas como Tamandaré, Rio Formoso, São José da Coroa Grande e Sirinhaém. “Muitos colegas nossos que gostariam de estar aqui na ocupação não têm como vir pro campus”, lamenta um dos estudantes.

A reitora do IFPE reiterou o argumento do diretor do campus Adalberto de Souza Arruda de que as refeições só são servidas no período de aulas (suspensas por conta do feriadão), mas disse que vai reexaminar a questão na reuniao da quarta. “Pudemos constatar na visita que nossa diretora fez ao campus que não está faltando alimentos para os estudantes por conta da grande quantidade de doações. Na quarta, vamos voltar a analisar o assunto”.

Anália Keila Rodrigues disse que também vai discutir o tema do transporte. “Temos campus em que as ocupações terminaram. Temos outros campus que estão ocupados e não há aulas e temos campus em que as atividades pedagógicas e administrativas continuam funcionando mesmo com a ocupação. Cada caso é um caso”.

“Na quarta, vamos ver o que vai acontecer em Barreiros para tomar nossas decisões. O que eu garanto desde já, como eu já disse e gostaria de repetir, é que nosso eixo de ação é o de garantir a livre expressão, a segurança e o bem estar dos nossos estudantes”.

Segurança

A segurança é um assunto crucial para os ocupantes do campus Barreiros. Na quinta à noite, quando se organizavam para dormir na biblioteca do Instituto, dois tiros foram disparados de uma mata próxima, não se sabe em qual direção.

Os vigilantes chegaram a fazer uma proposta no mínimo inusitada aos ocupantes com a suposta intenção de “protegê-los”: trancá-los nos dormitórios à noite e liberá-los pela manhã.

Os jovens reivindicam um transporte diário para levá-los até o centro da cidade de Barreiros. Embora o campus fique a pouco mais de dois quilômetros da igreja principal da cidade, o caminho até lá é deserto e acontecem muitos assaltos.

A reitora do IFPE disse à reportagem do Marco Zero Conteúdo que vem tentando marcar uma reunião com o secretário de Segurança Pública de Pernambuco para tratar da violência no entorno do campus de Barreiros e em outras regiões onde existem IFPEs. “Não temos como garantir a segurança fora do campus. Precisamos do apoio do Estado”. A demanda dos estudantes por transporte também será analisada na reunião que a reitoria fará na próxima quarta.

Resistência

Se a reitora e os diretores do campus Barreiros têm duvidas sobre os rumos da ocupação a partir da quarta, inclusive considerando a possibilidade do retorno às aulas, os jovens que estão ocupados estão convictos: “A ocupação resiste. Não temos nenhuma deliberação nossa para terminar a ocupação. Permaneceremos aqui, lutando contra a PEC 55, a reforma do Ensino Médio, os cortes das bolsas e também por melhorias no nosso campus. Podemos perder o semestre, mas não vamos perder 20 anos”, diz um deles.

 

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Marco Zero Conteúdo

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