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Calma lá: vacinação de estudantes só vale para os que estagiam em instituições de ensino

Maria Carolina Santos / 01/06/2021

O fim de semana foi inundado de burburinho e indignação por conta de uma nota que a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) emitiu na sexta-feira sobre a vacinação da comunidade acadêmica. Nela, afirmava que todos os estudantes do campus Recife que têm contrato de estágio, obrigatório ou não, estariam aptos a se vacinar contra a covid-19. Ou seja, estudantes na casa dos 20 anos, estagiando em qualquer lugar, estariam enquadrados no grupo prioritário de educação, o que seria um fato inédito nessa campanha de vacinação.

Antes que a nota fosse desmentida ontem pela Secretaria de Educação do Recife, que está à frente da vacinação desse público, já havia centenas de comentários criticando a decisão nas redes sociais. Houve até a formação de uma comissão de estudantes da Faculdade de Direito do Recife, que emitiu uma carta aberta para a imprensa. Nela, afirmavam que haviam procurado a Diretoria de Gestão Acadêmica (DGA) e a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), que reafirmaram o entendimento exposto na nota: todo estudante da UFPE com contrato de estágio, de qualquer curso, estagiando em qualquer lugar, poderia se vacinar.

O documento dos estudantes de Direito, que preferiram se manter anônimos, argumentava que “(..) há pessoas com prioridade, além de outras com idade avançada e classes de trabalhadores muito mais expostos ao vírus e que estão sem previsão de receber a vacina. Muitos de nós, estagiários, inclusive, temos pais na faixa dos 50 anos que ainda não puderam receber a vacina”. Terminavam a carta ressaltando que eram a favor da vacinação de toda a população, mas que neste momento “é preciso que haja um mínimo de coerência na elaboração das prioridades”.

Depois do frenesi e das informações desencontradas do fim de semana, houve uma reunião na segunda-feira pela manhã com o secretário de educação do Recife, Frederico da Costa Amâncio, e representantes de instituições, entre elas a UFPE e a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Nela, ficou esclarecido que a vacinação nessa fase prioritária realmente seria para estudantes de qualquer curso, mas só daqueles que estagiam em instituições de ensino. Por exemplo, os estudantes que estagiam na própria UFPE. A decisão vale para quem estagia de creche à educação superior, passando por educação profissionalizante, como Senac e Senai.

A lógica é a mesma adotada na vacinação prioritária de funcionários de clínicas e hospitais. Nessa atual fase da campanha de vacinação, não só professores estão sendo contemplados, mas quem trabalha na limpeza, na administração ou noutros departamentos de uma instituição de ensino. Ou seja, não vale para qualquer estudante com estágio, como dizia a nota da UFPE divulgada na sexta-feira.

Ontem à tarde, a UFPE publicou nota de “calma aí”, afirmando que “por ora, a UFPE e a UFRPE estão suspendendo a emissão de declaração para estudantes de estágio com vínculo contratual até que seja publicada nova orientação por parte do município do Recife”. De acordo com a assessoria da UFPE à Marco Zero, nenhuma declaração para os estagiários chegou a ser emitida.

A Secretaria de Educação do Recife, por sua vez, divulgou nota afirmando que “não são todos os estagiários do ensino superior que estão contemplados, mas apenas aqueles que são diretamente contratados pelas instituições de ensino e que nelas trabalham. Outras modalidades de estágio não estão contempladas nesta fase. O órgão pontua também que já manteve contato com as universidades para reforçar estes entendimentos”.

À Marco Zero, a assessoria de comunicação da secretaria também reiterou que a norma vale para todas as instituições baseadas no Recife. Se um estagiário mora em Olinda, por exemplo, mas estagia no Recife, ele também tem direito à vacina. E que as instituições de ensino recebem um modelo de atestado de vínculo, que são as declarações que os profissionais e estagiários devem usar para se vacinar. Apenas duas pessoas responsáveis, por instituição, podem assinar o documento. A secretaria não soube informar quantos estagiários devem ser vacinados no Recife.

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AUTOR
Foto Maria Carolina Santos
Maria Carolina Santos

Jornalista pela UFPE. Fez carreira no Diario de Pernambuco, onde foi de estagiária a editora do site, com passagem pelo caderno de cultura. Contribuiu para veículos como Correio Braziliense, O Globo e Revista Continente. Ávida leitora de romances, gosta de escrever sobre tecnologia, política e cultura. Contato: carolsantos@gmail.com