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Público mais amplo e plural no ato contra Bolsonaro no Recife

Marco Zero Conteúdo / 03/07/2021
Ato #3J no Recife - Fora Bolsonaro

Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo

Boa parte dos manifestantes do ato Fora Bolsonaro deste sábado, 3 de julho, em Recife, já tinha passado em tranquilidade pela ponte Duarte Coelho quando, pouco antes do meio-dia, uma sequência de estrondos assustou os manifestantes. Houve quem imaginasse a repetição do ataque da Polícia Militar durante o protesto de 29 de maio.

Nada disso, tudo continuava em paz. O barulho assustador vinha da apresentação de um grupo de bacamarteiros do Cabo de Santo Agostinho na esquina da rua da Aurora com a Conde da Boa Vista, em frente ao cinema São Luiz. O local não foi escolhido por acaso, afinal a ponte Duarte Coelho se tornou o símbolo da violência policial por ter sido o local em que o adesivador Daniel Campelo da Silva foi atingido por uma bala de borracha e perdeu um dos olhos.

João Artur, de 46 anos, coordenador do grupo Sociedade dos Bacamarteiros do Cabo, entidade fundada em 1966, explicou que o barulho dos bacamartes representava “a cultura popular em favor da vida e contra esse governo corrupto e genocida”.

Ato #3J no Recife - Fora Bolsonaro

Bacamarteiros começaram assustando, mas acabaram divertindo os manifestantes. (Crédito: Laércio Portela/MZ Conteúdo)

Não foram só eles. Desta vez, a presença de grupos de artistas populares foi bem mais visível, dividindo o espaço com as tradicionais bandeiras e faixas dos partidos políticos e organizações do movimento social.

Ainda na concentração, antes das 9h, o som das alfaias do maracatu faziam uma mistura surreal com bandeiras da Palestina, esquentando os militantes num dia que começou frio e debaixo de muita chuva. Durante a caminhada pela avenida Conde da Boa Vista, quem roubou a cena foi a percussão dos indígenas da Associação Indígena em Contexto Urbano Karaxuwanassu (Assicuka).

Representantes do grupo populacional que talvez tenha sido o mais negligenciado pelos governos durante a pandemia, os indígenas marcaram presença para em protesto contra a falta barreiras sanitárias no acesso às suas terras, apoio na segurança alimentar e até vacinação. Ziel Mendes Karapotó, um dos fundadores da entidade, lembrou que, nesse momento seu povo ainda luta contra a aprovação do Projeto de Lei 490, que estabelece o marco temporal para a demarcação das terras indígenas.

Sindicalistas e estudantes

A Conde da Boa Vista foi aberta para o tráfego às 12h20min, mas a manifestação prolongou-se por mais tempo, pois ainda havia bastante gente na praça da Independência, ponto final do trajeto, local onde também deveria ter sido encerrada o protesto de 29 de maio, se não tivesse sido interrompido pelas balas de borracha do Batalhão de Choque.

Na praça, mais conhecida como pracinha do Diário, o diretor do Sindicato dos Petroleiros de Pernambuco e Paraíba, Diego Liberalino, lembrou que a luta contra o governo Bolsonaro se confunde também com a defesa da Petrobras: “Estamos nas ruas para reverter uma política que vinculou o preço do gás de cozinha e dos combustíveis ao dólar, que faz trabalhadores que ganham salário em reais pagarem em dólar pelo botijão de gás”.

Stephannye Vilela, presidenta da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), registrou a participação cada vez maior de estudantes “não organizados que vieram ao ato, ou seja, gente que não é ligada às organizações, mas que está se mobilizando para protestar contra a política de um governo está atingindo as universidades públicas. A CPI da pandemia está ampliando a participação dos atos”.

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