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Crédito: Arnaldo Sete/MZ Conteúdo
O Dia Nacional do Combate ao Preconceito à Pessoa com Nanismo, 25 de outubro, também é o Dia do Dentista. Para a estudante de Odontologia Rebecca Canuto, de 18 anos, a coincidência da data é simbólica do esforço para encontrar seu espaço no mundo e realizar seus sonhos profissionais. As dificuldade para quem tem nanismo e 1,30m de altura, como Rebeca, são ainda maiores, a começar pela invisibilidade na sociedade, refletida na quase inexistência de dados sobre essa população. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por exemplo, não tem dados exatos de quantos brasileiros possuem nanismo.
De acordo com o geneticista Wagner Baratela, em uma palestra no 6º Encontro Nacional do Instituto Nacional de Nanismo (INN), são 3,2 pessoas com nanismo a cada 10 mil nascimentos no Brasil. Estudos indicam que 750 fatores genéticos podem ocasionar na alteração do crescimento dos ossos. Essa subnotificação também se estende ao mercado de trabalho. Pouco se vê profissionais com essa deficiência em cargos de relevância.
Com o sonho de trabalhar na área de saúde, encontrou na odontologia o caminho para realizá-lo. A jovem faz parte de uma comunidade online do INN e, antes de escolher qual área cursar, fez uma busca por profissionais para trocar experiências. Para sua surpresa, sem sucesso. Em um grupo com mais de 20 mil pessoas com nanismo, nenhum atua na área de odontologia. “A profissão é muito bonita, você devolver o sorriso de uma pessoa é muito legal. E nunca tinha tinha escutado alguém com nanismo na área de odonto, achei muito legal ser a primeira ou uma das primeiras”, afirma.
Estudante do segundo período na Faculdade de Odontologia do Recife (FOR), é considerada a única pessoa com nanismo a estudar odontologia no país no momento. “Eu me sinto feliz. E mais feliz ainda por incentivar outras pessoas, não só na odontologia, mas também para fazer qualquer coisa que você quiser. Inclusive, quando falei no grupo o pessoal ficou muito feliz”, afirma Rebecca.
“Rebecca é uma mulher que está quebrando barreiras e paradigmas”, reforça o professor Rodolfo Scavuzzi, que a acompanha desde o início do curso. Na instituição, os professores enxergam o potencial de Rebecca em ser uma endodontista de sucesso, por causa de suas mãos pequenas, capazes de alcançar locais da boca dos pacientes que uma mão de tamanho médio não alcançaria.
Com a chegada de jovem à instituição, o corpo docente percebeu a necessidade de adaptar o equipo odontológico, que é a estação de trabalho do dentista, às demandas da aluna e de outros profissionais com a mesma condição. Assim, um projeto passou a ser desenvolvido em parceria entre a FOR e o engenheiro mecânico, Eufrásio Neto. Todas as proporções e especificações estão sendo baseadas nas medidas de Rebecca.
A ideia é que equipamentos já existentes sejam adaptados para baratear o processo, sendo simples e funcional. As maiores alterações vão ser feitas no braço do refletor e no joystick que comanda as funcionalidades da cadeira, deixando-o na lateral para facilitar o acesso e o comando com os pés. A jovem inicia as aulas práticas a partir do quarto semestre, mas a previsão é que o equipamento já esteja pronto a partir do primeiro semestre de 2024.
O professor Rodolfo Scavuzzi, explica que esse projeto é está sendo pensando para proporcionar qualidade de vida para profissionais com nanismo. “É pensado para cuidar da ergonomia, pois a ergonomia vai dar longevidade à vida profissional dela. Por isso, o projeto precisa ser executado com cuidado”, reforça. Depois de pronto, a patente do projeto será liberada, ficando disponível para outros estudantes ou dentistas com nanismo.
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