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Mulheres negras lideram debates climáticos na COP29 e no G20 Social

Marco Zero Conteúdo / 12/11/2024
A foto mostra um grupo diverso de pessoas, a maioria mulheres negras, reunidas em uma sala, posando para a câmera com sorrisos. Elas estão em pé e agachadas ao redor de banners que dizem Vozes Negras pelo Clima e Fórum Suape. Há materiais impressos espalhados no chão e algumas pessoas vestem camisetas que parecem relacionadas ao tema de ativismo climático e questões sociais. A imagem transmite um espírito de união e compromisso com causas ambientais e sociais.

Crédito: divulgação

A Rede Vozes Negras pelo Clima, formada por mulheres negras de oito estados brasileiros, será destaque em dois dos maiores eventos globais sobre mudanças climáticas e economia: a COP29, que acontece no Azerbaijão entre os dias 11 e 22 de novembro, e o G20 Social, que ocorre no Rio de Janeiro de 13 a 16 deste mesmo mês. A iniciativa busca destacar o protagonismo de mulheres negras nas soluções climáticas, dando centralidade às questões de raça, gênero e direitos humanos.

Na COP29, conhecida como a “COP do financiamento”, a rede defenderá que populações afrodescendentes e afroindígenas sejam reconhecidas como as mais impactadas pelas crises climáticas e, ao mesmo tempo, como lideranças detentoras de saberes essenciais para soluções sustentáveis.

“Colocar as populações afrodescendentes no centro do debate sobre financiamento climático é materializar a equidade. Lutamos para resistir às tentativas de apagamento histórico e destruição de nossos biomas, tão importantes para nossas práticas e saberes ancestrais”, afirma Luciana Souza, integrante da rede e representante da Comissão de Atingidos pela Barragem do Fundão.

No G20 Social, o foco será a defesa de uma transição energética justa, que respeite os direitos das comunidades afetadas por megaempreendimentos, como parques eólicos e complexos industriais. A rede apresentará dados e denúncias contidos em relatórios como “Salvaguardas Socioambientais para Energia Renovável”, que expõe os impactos negativos das políticas de transição energética desconsiderando aspectos raciais e territoriais.

“Queremos que nossas vozes ecoem e cheguem aos tomadores de decisão. É essencial levar as denúncias de violações que enfrentamos nos territórios para aprofundar o debate e construir soluções reais”, destaca Simone Lourenço, coordenadora da Associação Fórum Suape Espaço Socioambiental.

Criada em junho de 2022 com o apoio da Anistia Internacional Brasil, a Rede Vozes Negras pelo Clima surgiu a partir de um programa de capacitação para mulheres negras em justiça climática. Desde então, a iniciativa tem desempenhado um papel fundamental na agenda climática brasileira, contribuindo para a elaboração do Plano Clima do Governo Federal e participando de fóruns nacionais como o Comitê de Construção da COP30, que será realizada em Belém do Pará, em 2025.

Desde a COP29, em Dubai, a rede vem construindo um olhar racializado sobre as políticas climáticas, fundamentado no dossiê “Nada sobre nós sem nós – por uma agenda climática antirracista construída por mulheres negras, identificando contradições na implementação de medidas de transição energética que não levam em considerações aspectos sociorraciais e geopolíticos, provocando graves impactos nos territórios.

A atuação da rede também se fundamenta no conceito de adaptação climática antirracista, buscando incluir populações negras e periféricas como prioridades em políticas de financiamento climático. Elas defendem que esses recursos sejam públicos, monitoráveis e acessíveis, promovendo uma resposta eficaz às desigualdades raciais e sociais acentuadas pela crise climática.

Com participação nos dois eventos de relevância global, a Rede Vozes Negras pelo Clima reforça seu compromisso de trazer a perspectiva de mulheres negras para o centro das negociações internacionais. “Nosso papel é lutar por justiça climática com base na equidade racial, honrando nossas raízes e garantindo um futuro mais sustentável para todos”, conclui Luciana Souza.

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